História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
que sabemos sobre o mCtodo intuitivo com<br />
que Arquimedes alcanqava suas descober-<br />
tas antes de <strong>da</strong>r-lhes prova racional, muito<br />
embora ninguim possa garantir a histo-<br />
rici<strong>da</strong>de do relato.<br />
Vejamos o episodio. Geron, rei de Sira-<br />
cusa, quis oferecer uma coroa de our0 no tem-<br />
plo. Mas o ourives subtraiu parte do ouro,<br />
substituindo-o por prata, que combinou com<br />
a restante parte de our0 na liga. Aparente-<br />
mente, a coroa ficou perfeita. Mas, surgin-<br />
do a suspeita de falsificaqHo, e como Geron<br />
nHo podia <strong>da</strong>r corpo h suspeita, pediu a<br />
Arquimedes que lhe resolvesse o caso, refle-<br />
tindo sobre o que estava ocorrendo. Arqui-<br />
medes comeqou a pensar intensamente na<br />
questHo. E, no momento de tomar banho,<br />
observou que, ao entrar na banheira (que,<br />
naquela Cpoca, era uma tina), saia agua na<br />
mesma proporqHo do volume do corpo que<br />
entrava. Assim, de repente, intuiu o sistema<br />
com o qual poderia determinar a pureza ou<br />
nHo do our0 <strong>da</strong> coroa. (Arquimedes prepa-<br />
raria dois blocos, um de our0 e um de pra-<br />
ta, ca<strong>da</strong> qual de peso igual ao <strong>da</strong> coroa;<br />
imergiria os dois na agua, medindo o volu-<br />
me de igua deslocado por ca<strong>da</strong> um deles e a<br />
relativa diferenqa; depois, verificaria se a<br />
coroa deslocaria um volume de agua igual<br />
ao deslocado pel0 bloco de ouro; se nio<br />
acontecesse isso, significaria que o our0 <strong>da</strong><br />
coroa havia sido alterado.) No entusiasmo<br />
<strong>da</strong> descoberta, precipitou-se para fora <strong>da</strong><br />
tina e correu para a casa, nu como estava,<br />
gritando "descobri, descobri", que em gre-<br />
go se diz eureka, exclamaqHo que se tornou<br />
proverbial, permanecendo em uso at6 hoje.<br />
Discutiu-se longamente sobre o procedimen-<br />
to usado por Arquimedes, ja que Vitruvio C<br />
muito genirico. Galileu comeqara precisa-<br />
mente com um escrito sobre esse tema: Dis-<br />
curso do sabio Galileu Galilei a respeito do<br />
artificio usado por Arquimedes para desco-<br />
brir o furto do ouro na coroa de Geron.<br />
Entre os matematicos e engenheiros do<br />
mundo antigo, deve-se mencionar Heron, a<br />
quem sHo atribui<strong>da</strong>s diversas descobertas. In-<br />
felizmente, os <strong>da</strong>dos de sua vi<strong>da</strong> sHo desco-<br />
nhecidos. Viveu provavelmente entre os sCcs.<br />
I11 a.C. e I d.C. A questso C complica<strong>da</strong> por<br />
dois fatores: a) o fato de Heron ser nome co-<br />
mum; b) o fato de que com esse nome tam-<br />
bCm se designava o engenheiro como tal.<br />
Capitulo de'cimo terceiro - 6s desevolvimentos e as conquistas<br />
Talvez aquilo que nos chegou sob o nome<br />
de Heron nHo seja obra de um tinico autor.<br />
Parece certo que muito <strong>da</strong>quilo que<br />
aparece sob o nome de Heron pertenqa ii<br />
era helenistica.<br />
Contudo, a questgo heroniana ain<strong>da</strong><br />
est6 por ser resolvi<strong>da</strong> de mod0 satisfatorio.<br />
P\ astvonomia:<br />
o geocentviswo<br />
tvadicional dos gvegos,<br />
a tentativa. heliocihtvica<br />
revol~cion6ria de f\vistavco<br />
e a. vesta.ura@o geoc&ntl*ica<br />
de tlipavco<br />
Salvo algumas exceqoes de que falare-<br />
mos, a concepqHo astron6mica dos gregos<br />
era geoccntrica. Imaginava-se que em torno<br />
<strong>da</strong> terra girassem as estrelas, o sol, a lua e<br />
os planetas, com movimento circular per-<br />
feito. Assim, pensou-se que deveria haver<br />
uma esfera que guiava as chama<strong>da</strong>s estrelas<br />
fixas e uma esfera para ca<strong>da</strong> planeta, to<strong>da</strong>s<br />
conchtricas em relaqiio i terra. Deve-se re-<br />
cor<strong>da</strong>r que "planeta" (deriva de planomai,<br />
cujo sentido 6 "vou errante") significa "es-<br />
trela errante", ou seja, estrela que apresenta<br />
movimentos complexos e aparentemente nHo<br />
regulares (de onde o nome, precisamente).<br />
Plat50 ja compreendera que uma s6<br />
esfera para ca<strong>da</strong> um era insuficiente para<br />
explicar o movimento dos planetas.<br />
Seu contemporineo Eud6xio de Cnido<br />
(viveu aproxima<strong>da</strong>mente entre 408-355<br />
a.C.), que foi o cientista mais ilustre que se<br />
hospedou na Academia, procurou a soluqHo<br />
para o problema. Mantendo firmemente a<br />
hipotese do movimento circular perfeito <strong>da</strong>s<br />
esferas que guiam os planetas, era precis0 ex-<br />
plicar quantas esferas seriam necessarias para<br />
<strong>da</strong>r conta de suas aparentes anomalias (sua<br />
aparente aproximaqHo regular ou seu deslo-<br />
camento para a direita e para a esquer<strong>da</strong>,<br />
segundo a latitude). A hipotese de Eudbxio,<br />
de cariter geomitrico, foi realmente muito<br />
engenhosa: para explicar as "anomalias" dos<br />
planetas, introduziu tantos movimentos es-<br />
fCricos quantos, combinando-se entre si, po-