História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
peraqiio <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des por ela encon-<br />
tra<strong>da</strong>s.<br />
De tal mod0 toma forma a assim cha-<br />
ma<strong>da</strong> concep@o pluralista, que supera o<br />
monismo dos JBnios e o monismo dos<br />
Eleatas. Com efeito, tambim o "pluralismo"<br />
enquanto tal, no plano de consciihcia criti-<br />
ca (assim como o conceit0 de "elemento7'),<br />
s6 podia nascer como resposta as drasticas<br />
negaq6es dos Eleatas.<br />
A Awizude e o 6dio<br />
como forGus mot~izes,<br />
sua din8mica e seus efeitos<br />
Ha, portanto, quatro elementos que,<br />
unindo-se, diio origem i geraqiio <strong>da</strong>s coisas<br />
e, separando-se, <strong>da</strong>o origem a sua corrupqiio.<br />
Mas quais siio as for~as que os unem e<br />
separam?<br />
EmpCdocles introduziu as forqas cosmicas<br />
do Amor ou <strong>da</strong> Amizade (philia) e do<br />
ddio ou Discdrdia (netkos), respectivamente,<br />
como causa <strong>da</strong> uniiio e <strong>da</strong> separaqiio dos<br />
elementos. Tais forqas, segundo uma alternincia,<br />
predominam uma sobre a outra e<br />
vice-versa por periodos de tempo constantes,<br />
fixados pel0 destino. Quando predomina<br />
o Amor ou a Amizade, os elementos se<br />
reunem em uni<strong>da</strong>de; quando predomina o<br />
Odio ou a Discordia, ao contririo, eles se<br />
separam.<br />
Contrariamente ao que poderiamos<br />
pensar ii primeira vista, o cosmo nao nasce<br />
quando prevalece o Amor ou Amizade, porque<br />
a predomingncia total dessa forqa faz<br />
com que os elementos se reunam, formando<br />
uni<strong>da</strong>de compacta, que Empidocles chama<br />
de Um ou "Esfero" (que lembra de perto<br />
a esfera de Parmhides).<br />
Quando, ao invis, o Odio ou Discordia<br />
prevalece absolutamente, os elementos<br />
ficam completamente separados - e tambCm<br />
neste caso as coisas e o mundo nao<br />
existem.<br />
0 cosmo e as coisas do cosmo nascem<br />
nos dois periodos de transiqiio, que vzo do<br />
predominio <strong>da</strong> Amizade ao <strong>da</strong> Disc6rdia e,<br />
depois, do predominio <strong>da</strong> Disc6rdia ao <strong>da</strong><br />
Amizade. E em ca<strong>da</strong> um desses periodos temos<br />
progressivo nascer e progressivo destruirse<br />
de um cosmo, o que, necessariamente, pressup6e<br />
a aqiio conjunta de ambas as forqas.<br />
0 momento <strong>da</strong> perfeiqiio se tem nao<br />
na constituiqiio do cosmo, mas na constituiqiio<br />
do Esfero.<br />
Capitulo segundo - 0s "jVaturalistas" om filbsofos <strong>da</strong> "ph2(sis"<br />
Emp6docles, nascido em Agrigento<br />
por volta de 484/481 a.C.<br />
e falecido em torno de 424/42 1,<br />
foi o prirneiro a procurar resolver a aporia eleatic-a.<br />
Afirma-se que esta imagern,<br />
tira<strong>da</strong> de "A Escola de Atenas"<br />
de Raffaello (Salas Vaticanas), o retrata.<br />
Siio muito interessantes as reflexoes de<br />
EmpCdocles sobre a constituiqiio dos orga-<br />
nismos, de seus processos vitais, e, sobretu-<br />
do, suas tentativas de explicar os processos<br />
cognoscitivos.<br />
Das coisas e dos seus poros saem eflu-<br />
vios que atingem os orgiios dos sentidos, de<br />
mod0 que as partes semelhantes de nossos<br />
6rgiios reconhecem as partes semelhantes<br />
dos efluvios provenientes <strong>da</strong>s coisas: o fogo<br />
conhece o fogo, a igua conhece a igua, e<br />
assim por diante (na percepqiio visual, po-<br />
rim, o process0 i inverso, pois os efluvios<br />
partem dos olhos; entretanto, permanece o<br />
principio de que o semelhante conhece o<br />
semelhante).<br />
Nessa visiio arcaica do conhecimento,<br />
o pensamento tem seu veiculo no sangue e<br />
sua sede no coragio. Conseqiientemente, o<br />
pensamento niio C prerrogativa exclusiva do<br />
homern.