História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
embebiam nos Eleiticos; mas, a bem <strong>da</strong> ver-<br />
<strong>da</strong>de, deve-se dizer que o proprio S6crates<br />
prestava-se amplamente a ser utilizado nes-<br />
se sentido. Provavelmente Euclides atribuiu<br />
cariter de urificaqiio Ctica h dialCtica, como<br />
Socrates. f; medi<strong>da</strong> que a diaktica destr6i<br />
as falsas opinioes dos adversirios, ela puri-<br />
fica do err0 e <strong>da</strong> infelici<strong>da</strong>de que se segue<br />
ao erro.<br />
0s sucessores de Euclides, particular-<br />
mente Eubiilides, Alexino, Diodoro Cronos<br />
e Estilpiio, adquiriram fama sobretudo por<br />
suas afiadissimas armas dialiticas, que fre-<br />
qiientemente usavam em jogos futeis de vir-<br />
tuosismo eristico.<br />
Pelo menos a julgar pel0 pouco que<br />
nos foi legado sobre ele, FCdon foi o menos<br />
original dos Socriticos menores (a ele,<br />
no entanto, Platiio dedicou o seu mais belo<br />
diilogo). D?z sobre ele Diogenes LaCrcio:<br />
"FCdon de Eli<strong>da</strong>, dos Eupatri<strong>da</strong>s, foi capturado<br />
quando <strong>da</strong> que<strong>da</strong> de sua pitria, sendo<br />
obrigado a permanecer em uma casa de<br />
transgressores. Mas, fechando a porta, conseguiu<br />
fazer contato com Socrates. Por fim,<br />
estimulados por Socrates, Alcibiades, Criton<br />
e seus amigos o resgataram. A partir<br />
<strong>da</strong>i ficou livre, dedicando-se h filosofia."<br />
Escreveu diilogos, entre os quais Z6piro e<br />
Simiio, que se perderam. Depois <strong>da</strong> morte<br />
de Socrates, jundou uma Escola em sua ci<strong>da</strong>de<br />
natal, Eli<strong>da</strong>. 0s testemunhos indicam<br />
bastante claramente que ele seguiu duas direq6es<br />
em sua especulaqiio: a eristico-dial&<br />
tica e a itica, destacando-se sobretudo nesta<br />
iiltima.<br />
A Escola de ~li<strong>da</strong> teve breve duraqiio.<br />
A FCdon sucedeu Plisteno, nativo <strong>da</strong> mesma<br />
ci<strong>da</strong>de. Mas, uma geraqiio mais tarde, Menedemo,<br />
proveniente <strong>da</strong> Escola do megarense<br />
Estilpiio, recebeu a heranqa <strong>da</strong> Escola de Eli<strong>da</strong><br />
e mudou-a para ErCtria, imprimindo-lhe,<br />
juntamente com Asclepiades de Fliunte, uma<br />
direqiio aniloga h <strong>da</strong> Escola Megarense, privilegiando<br />
decidi<strong>da</strong>mente a orientaqiio eristico-dialitica,<br />
mas sem apresentar qualquer<br />
contribuiqiio de destaque.<br />
Capitulo quarto - Sbcrates e os Socr6ticos menores<br />
Tudo o que dissemos sobre os Socriticos<br />
faz compreender como as virias qualifica-<br />
qoes que se lhes deram, de "menores", de<br />
"semi-socriiticos" ou de "Socriticos unilate-<br />
rais", siio bastante adequa<strong>da</strong>s. Alguns estudio-<br />
sos tentaram refuta-las, mas erroneamente.<br />
Eles siio qualificiveis de "menores" se<br />
considerarmos os resultados a que chegaram,<br />
comparados com os de Platiio, que siio ine-<br />
gavelmente muito mais significativos, como<br />
a exposiqiio sobre Platiio o demonstrara.<br />
Eles siio qualificiveis de "semi-socri-<br />
ticos" porque os Cinicos e os Cirenaicos<br />
permanecem meio Sofistas, e os Megarenses,<br />
meio Eleiticos. Ademais, niio realizam en-<br />
tre Socrates e as outras fontes de inspiraqiio<br />
uma ver<strong>da</strong>deira mediaqiio sintktica, mas per-<br />
manecem oscilantes, porque niio sabem <strong>da</strong>r<br />
ao seu discurso um fun<strong>da</strong>mento novo.<br />
Siio qualificiveis de "Socriticos unila-<br />
terais" porque, em seu prisma, filtram um<br />
unico raio, por assim dizer, <strong>da</strong> luz que se<br />
desprende de Socrates, ou seja, exaltam uni-<br />
co aspect0 <strong>da</strong> doutrina ou <strong>da</strong> figura do mes-<br />
tre em prejuizo dos outros e, portanto, fa-<br />
talmente o deformam.<br />
AlCm disso, devemos destacar que nos<br />
Socriticos menores "a influincia do Orien-<br />
te, at6 entiio sempre contrabalanqa<strong>da</strong> no<br />
espirito grego pela tendincia racionalista,<br />
afirma-se cruamente no pensamento de<br />
Antistenes, o filho <strong>da</strong> escrava tricia, e de<br />
Aristipo, o grego africano".<br />
Por fim, devemos notar que os So-<br />
craticos menores antecipam in nuce posiqBes<br />
que se desenvolveriio na era helenistica: os<br />
Cinicos siio precursores dos estoicos, os<br />
Cirenaicos dos Epicuristas e, paradoxalmen-<br />
te, os Megarenses forneceram abun<strong>da</strong>ntes<br />
armas para os CCticos.<br />
A descoberta teorkica, que delineia os<br />
horizontes plat6nicos e a qual fizemos vi-<br />
rias referincias, C aquela h qual o pr6prio<br />
Platiio, no Fe'don, como veremos, denomi-<br />
nou "segun<strong>da</strong> navegaqiio". Trata-se <strong>da</strong> des-<br />
coberta metafisica do supra-sensivel: seria<br />
exatamente essa descoberta que, posta na<br />
base <strong>da</strong>s intuiqoes socriticas, iria fermenti-<br />
las, amplii-las e enriqueci-las, levando-as a<br />
resultados de alcance filos6fico e historic0<br />
absolutamente excepcional.