História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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d) a Ci<strong>da</strong>de-Estado como horizonte de<br />
todos os valores morais e como iinica for-<br />
ma possivel de socie<strong>da</strong>de.<br />
Somente levando em consideraqio tais<br />
concepqdes C que se pode entender a estru-<br />
tura <strong>da</strong> Republica, obra-prima de Platio e<br />
como que a summa de seu pensamento filo-<br />
sofico, pel0 menos do que ele escreveu. Cons-<br />
truir a Ci<strong>da</strong>de significa conhecer o homem<br />
e seu lugar no universo. De fato, afirma<br />
Platio, o Estado nio C sen50 o engrandeci-<br />
mento de nossa alma, espCcie de giganto-<br />
grafia que reproduz, em vastas dimenshes,<br />
tudo aquilo que existe em nossa psyche'. 0<br />
problema central <strong>da</strong> natureza <strong>da</strong> "justiqa",<br />
que constitui o eixo em torno do qual gi-<br />
ram todos os outros temas, recebe soluqio ade-<br />
qua<strong>da</strong> atravCs <strong>da</strong> observaqio de como nas-<br />
ce (ou se corrompe) uma Ci<strong>da</strong>de perfeita.<br />
Por que nasce LWI Estado<br />
e as tr&s classes que o consfituem<br />
Um Estado nasce porque ca<strong>da</strong> um de<br />
nos nio C "aut~rquico", ou seja, niio se basta<br />
a si mesmo e tem necessi<strong>da</strong>de dos serviqos<br />
de muitos outros homens:<br />
1) de todos aqueles que provtem as ne-<br />
cessi<strong>da</strong>des materiais (do alimento, is ves-<br />
tes, as habitaq6es);<br />
2) de alguns homens responshveis pela<br />
guar<strong>da</strong> e defesa <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de;<br />
3) de poucos homens que saibam go-<br />
vernar adequa<strong>da</strong>mente.<br />
A Ci<strong>da</strong>de, portanto, necessita de trcs<br />
classes sociais:<br />
1) a dos lavradores, artesiios e comer-<br />
ciantes;<br />
2) a dos guar<strong>da</strong>s;<br />
3) a dos governantes.<br />
1) A primeira classe 6 constitui<strong>da</strong> de<br />
homens nos quais prevalece o aspecto "con-<br />
cupiscivel" <strong>da</strong> alma, que C o aspecto mais<br />
elementar. Essa classe social C boa quando<br />
nela predomina a virtude <strong>da</strong> "temperanqa",<br />
que consiste numa espCcie de ordem, domi-<br />
nio e disciplina dos prazeres e desejos, su-<br />
pondo tambCm a capaci<strong>da</strong>de de se submeter<br />
As classes superiores de mod0 conveniente.<br />
As riquezas e os bens administrados exclu-<br />
sivamente pelos membros dessa classe nio<br />
deverio ser nem muitos nem excessivamen-<br />
te poucos.<br />
2) A segun<strong>da</strong> classe C constitui<strong>da</strong> de<br />
homens nos quais prevalece a forqa "irasci-<br />
vel" (volitiva) <strong>da</strong> alma, isto C, de homens<br />
Capitulo sexto - Plat& e a Academia antiga<br />
que se assemelham aos ciies de raqa, ou seja,<br />
dotados ao mesmo tempo de mansidio e<br />
ousadia. A virtude dessa classe social deve<br />
ser a "fortaleza" ou a "coragem". 0s guar-<br />
<strong>da</strong>s dever5o permanecer vigilantes, quer em<br />
relaqio aos perigos que possam advir do<br />
exterior como em relaqiio a perigos que se<br />
originam no interior <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de. Por exem-<br />
plo, deveriio evitar que a primeira classe<br />
produza excessiva riqueza (que gera 6ci0,<br />
luxo, amor indiscriminado de novi<strong>da</strong>des) ou<br />
demasia<strong>da</strong> pobreza (que gera vicios opos-<br />
tos). Alim disso, deverso cui<strong>da</strong>r para que o<br />
Estado n5o se torne demasia<strong>da</strong>mente gran-<br />
de ou exagera<strong>da</strong>mente pequeno. Dever5o<br />
tambCm cui<strong>da</strong>r para que as tarefas confia-<br />
<strong>da</strong>s aos ci<strong>da</strong>dios correspon<strong>da</strong>m ii indole de<br />
ca<strong>da</strong> um e para que se proporcione a todos<br />
a educaqio conveniente.<br />
3) Finalmente, os governantes deveriio<br />
ser aqueles que souberam amar a Ci<strong>da</strong>de<br />
mais do que os outros, e cumpriram com<br />
zelo sua propria missio e, especialmente,<br />
aprenderam a conhecer e contemplar o Bem.<br />
Nos governantes, portanto, predomina a<br />
alma racional, e sua virtude especifica C a<br />
"sabedoria" .<br />
A Ci<strong>da</strong>de perfeita 6, portanto, aquela<br />
em que predomina a temperanqa na primei-<br />
ra classe social, a fortaleza ou coragem na<br />
segun<strong>da</strong> e a sabedoria na terceira. A "justi-<br />
qa" na<strong>da</strong> mais C que a harmonia que se es-<br />
tabelece entre essas trBs virtudes. Quando<br />
ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>diio e ca<strong>da</strong> classe social desempe-<br />
nham as funq6es que lhes sio proprias <strong>da</strong><br />
melhor forma e fazem aquilo que por natu-<br />
reza e por lei siio convocados a fazer, entio<br />
a justiqa perfeita se realiza.<br />
As trgs pavtes <strong>da</strong> ~Ima,<br />
seus nexos com as trgs classes,<br />
e as virtudes cardeais<br />
Falhvamos acima do Estado como re-<br />
produqiio amplia<strong>da</strong> <strong>da</strong> alma. Na ver<strong>da</strong>de,<br />
em ca<strong>da</strong> homem estio presentes as trts fa-<br />
cul<strong>da</strong>des <strong>da</strong> alma que se encontram nas trts<br />
classes sociais do Estado. Eis a prova. Diante<br />
dos mesmos objetos existe em nos:<br />
a) uma tendcncia que nos impele para<br />
eles e que C o desejo;<br />
b) outra tendtncia que, ao contrario,<br />
nos afasta deles e domina o desejo, e i a<br />
raziio;<br />
c) e uma terceira tendcncia, pela qual<br />
nos iramos e inflamamos, que niio C nem