12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

transcendente que pode nos unir ao divino<br />

enquanto o corpo sofre. Assim, aquilo que<br />

fora o ideal supremo <strong>da</strong> Cpoca helenistica C<br />

posto a nu em sua ilusorie<strong>da</strong>de, quando per-<br />

seguido no plano <strong>da</strong> pura imanincia: apenas<br />

com um solido vinculo com a transcendincia<br />

C possivel aquilo que a Cpoca helenistica<br />

procurara em viio em direq6es opostas.<br />

Siio multiplos os caminhos do retorno<br />

ao Absoluto: a) o <strong>da</strong> virtude; b) o <strong>da</strong> eroti-<br />

ca plathica; c) o <strong>da</strong> dialttica. Mas, a estes<br />

tradicionais, Plotino ain<strong>da</strong> acrescenta um<br />

quarto caminho: o <strong>da</strong> "simplifica@io", que<br />

C "reuni5o com o Uno" e "ixtase" (unio<br />

mystica).<br />

Com efeito, as hipostases derivam do<br />

Uno por uma espCcie de "diferencia@o" e<br />

"alteri<strong>da</strong>de" ontologica, as quais se acres-<br />

centam no homem as alteri<strong>da</strong>des morais. A<br />

reuniiio corn o Uno se dd pela retira<strong>da</strong> des-<br />

sas alteri<strong>da</strong>des. E isso C possivel porque a<br />

"alteri<strong>da</strong>de" niio existe na hipostase do Uno.<br />

No homem, ao invCs, a alteri<strong>da</strong>de esta pre-<br />

sente, e despojar-se de to<strong>da</strong> alteri<strong>da</strong>de sig-<br />

nifica para ele deixar o mundo sensivel e<br />

corp6reo reentrar em si mesmo, na pr6pria<br />

alma; depois, despojar-se <strong>da</strong> parte sensitiva<br />

<strong>da</strong> alma; em segui<strong>da</strong>, <strong>da</strong> palavra e <strong>da</strong> raz5o<br />

discursiva; por fim, "emergir na contempla-<br />

qiio d'Ele".<br />

A frase que resume de forma icastica o<br />

process0 de purificaqiio total <strong>da</strong> alma que<br />

quer unir-se ao Uno C a seguinte: "Despoja-<br />

te de tudo". Mas, nesse contexto, despojar-<br />

se de tudo niio significa empobrecer-se ou<br />

anular-se a si mesmo, e sim, ao contririo,<br />

significa ampliar-se, preencher-se corn Deus,<br />

corn o Todo, corn o Infinito.<br />

Ao menos em uma passagem essa uni-<br />

ficaqiio com o Uno C denomina<strong>da</strong> por Plo-<br />

Capitulo de'cimo sexto - Plotino e o ,VeopIatonismo<br />

363<br />

tino como "ixtase". 0 " ixtase" plotiniano<br />

niio b urn estado de inconscibncia, e sim de<br />

hiperconsci8ncia; niio C algo de irracional<br />

ou hipo-racional, mas sim hiper-racional.<br />

No gxtase, a alma se vi diviniza<strong>da</strong> e preen-<br />

chi<strong>da</strong>,pelo Uno.<br />

E indubitiivel que a doutrina do ixtase<br />

foi difundi<strong>da</strong> nos meios alexandrinos por<br />

Filon, o Judeu. Entretanto, deve-se destacar<br />

que enquanto Filon, no espirito biblico, en-<br />

tendia o ixtase como "grasa", ou seja, como<br />

"dorn gratuito" de Deus, em harmonia com<br />

o conceit0 biblico de que 6 Deus que faz dom<br />

de si e <strong>da</strong>s coisas por ele cria<strong>da</strong>s ao homem,<br />

Plotino o insere em uma visiio que se man-<br />

tCm liga<strong>da</strong> as categorias do pensamento gre-<br />

go: Deus niio faz dom de si aos homens, mas<br />

os homens podem subir at6 ele e a ele se<br />

reunir por sua forqa e capaci<strong>da</strong>de natural,<br />

desde que o queiram.<br />

G'riginali<strong>da</strong>de<br />

do pensamento pIotiniano<br />

Como vimos, em to<strong>da</strong> a "processiio"<br />

metafisica o momento principal do qual<br />

nasce a "hipostase", ou seja, o momento de<br />

criaqiio, coincide com a "contemplaq50".<br />

A propria ativi<strong>da</strong>de pratica, mesmo em<br />

seu mais baixo grau, procura "com um gi-<br />

rar perdido" conquistar a contemplaq50. De<br />

fato, que finali<strong>da</strong>de quer alcanqar quem se<br />

dedica h a@o? "Certamente n5o a de n5o<br />

conhecer, mas, ao contrario, a de conhecer<br />

aquele objeto <strong>da</strong>do, de contempl4-lo".<br />

Em suma, para Plotino a ativi<strong>da</strong>de espi-<br />

ritual de ver e contemplar se transforma em<br />

criar. E a contemplaq50 C sil6ncio metafisico.<br />

Nesse contexto, o "retorno" ao Uno<br />

ocorre mediante o ixtase, que C simplifica-<br />

qiio e "contemplaqiio" em que sujeito que<br />

contempla e objeto contemplado se fundem.<br />

E a famosa "fuga do so para o So", com a<br />

qual se concluem as Enba<strong>da</strong>s.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!