História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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Plat20 representado em unza untlga escultura.<br />
(;om a teorza <strong>da</strong> anamnese<br />
elc conseguru resolver u uporza sofzsta<br />
a resperto do conhecrrrmzto,<br />
alcanqando a rnurs genuina reflexiio socratrca.<br />
mos, a alma C imortal e renasce muitas ve-<br />
zes. Conseqiientemente, a alma viu e co-<br />
nheceu to<strong>da</strong> a reali<strong>da</strong>de, a reali<strong>da</strong>de do<br />
outro mundo e a reali<strong>da</strong>de deste mundo.<br />
Sendo assim, conclui Platso, C ficil com-<br />
preender como a alma pode conhecer e<br />
apreender: ela deve simplesmente extrair<br />
de si mesma a ver<strong>da</strong>de que ja possui desde<br />
sempre; e esse "extrair de si mesma" C "re-<br />
cor<strong>da</strong>r".<br />
Entretanto, logo em segui<strong>da</strong>, no Me^-<br />
non, as posiq6es se invertem: o que se apre-<br />
sentava como conclusiio transforma-se em<br />
interpretaqiio filosbfica de um <strong>da</strong>do de fa-<br />
to experimental comprovado, ao passo que<br />
aquilo que antes era pressuposto mitologico<br />
com funq5o de fun<strong>da</strong>mento torna-se conclu-<br />
Capitdo sexto - Plat& e a Academia antiga<br />
sao. De fato, apos a exposigiio mitolbgica,<br />
Plat50 realiza uma "experiincia maiiutica"<br />
de forte inspiraq50 socritica. Interroga um<br />
escravo ignorante de geometria e consegue<br />
fazer com que ele, apenas atravis do mitodo<br />
socratico <strong>da</strong> interrogaqgo, resolva um<br />
complexo problema de geometria (implicando<br />
basicamente o conhecimento do teorema<br />
de Pitagoras). Logo - argumenta Plat50<br />
-, como o escravo na<strong>da</strong> aprendera de geometria<br />
antes e como ningukm lhe fornecera<br />
a soluq50, a partir <strong>da</strong> constataqiio de que ele<br />
a soube encontrar Dor si mesmo. niio resta<br />
seniio concluir aue ele a extraiu de dentro<br />
de si mesmo, de sua propria alma, isto C,<br />
recordou-se dela. Aqui, como transparece<br />
claramente, a base <strong>da</strong> argumentaqiio, longe<br />
de ser um mito, C a constataqHo de urn<br />
fato: o escravo, como qualquer pessoa em<br />
geral, pode extrair de si mesmo ver<strong>da</strong>des<br />
que antes n5o conhecia e que ninguCm lhe<br />
ensinou.<br />
No Fkdon, Plat50 apresentou nova confirmaqiio<br />
<strong>da</strong> anamnese, apelando especialmente<br />
para os conhecimentos matematicos<br />
(que desempenharam papel extremamente<br />
importante na descoberta do inteligivel).<br />
Plat50 argumenta, substancialmente, como<br />
segue. Com os sentidos, constatamos a existtncia<br />
de coisas iguais, maiores e menores,<br />
quadra<strong>da</strong>s, circulares e outras semelhantes.<br />
Entretanto. com atenta reflexiio. descobrimos<br />
que os <strong>da</strong>dos que a experiincia nos<br />
fornece - todos os <strong>da</strong>dos, sem exceqio -<br />
niio se adequam jamais, de maneira perfeita,<br />
as noq6es correspondentes, que possuimos<br />
indiscutivelmente: nenhuma coisa sensivel<br />
C "~erfeitamente" e "absolutamente"<br />
quadra<strong>da</strong> ou circular, mesmo que possuamos<br />
noq6es de igual, de quadrado e de circulo<br />
L'absolutamente perfeitos". & necessario<br />
entiio concluir que existe certo desnivel entre<br />
os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> experitncia e as no~6es que<br />
possuimos: as noqdes contim algo mais do<br />
que os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> experiincia. Qual a origem,<br />
porCm, desse algo mais? Se, como vimos,<br />
n5o deriva nem pode estruturalmente<br />
derivar dos sentidos, isto C, do mundo<br />
exterior, so resta concluir que deriva de nos<br />
mesmos. Mas n5o pode vir de nos como<br />
criaqiio do sujeito pensante, pois o sujeito<br />
pensante niio "cria" esse algo mais, mas<br />
apenas o "encontra" e o "descobre"; ao<br />
contrario, ele se imp6e ao sujeito objetivamente<br />
e independentemente de qualquer<br />
poder do sujeito. Portanto, os sentidos nos<br />
proporcionam apenas conhecimentos im-