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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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maqiio de que as coisas nHo querem ser<br />

malgoverna<strong>da</strong>s por uma multiplici<strong>da</strong>de de<br />

principios, afirmaqiio que 6 inclusive sela<strong>da</strong><br />

pel0 significativo verso de Homero: "NHo C<br />

bom o govern0 de muitos; seja s6 um o co-<br />

man<strong>da</strong>nte."<br />

Em Aristoteles, portanto, hi um<br />

monoteismo mais "exigencial" do que efe-<br />

tivo. "Exigencial" porque ele procurou se-<br />

parar claramente o Primeiro Motor dos ou-<br />

tros, colocando-o num plano inteiramente<br />

diverso, a ponto de poder legitimamente<br />

chami-lo "unico", e de sua unici<strong>da</strong>de de-<br />

duzir a unici<strong>da</strong>de do mundo. Por outro lado,<br />

essa exighcia realiza-se apenas em parte,<br />

porque as cinqiienta e cinco substincias<br />

motrizes siio igualmente substhcias eter-<br />

nas e imateriais, que niio dependem do Pri-<br />

meiro Motor quanto ao ser. 0 Deus aristo-<br />

tClico niio 6 criador <strong>da</strong>s cinqiienta e cinco<br />

intelighcias motrizes. E <strong>da</strong>i nascem to<strong>da</strong>s<br />

as dificul<strong>da</strong>des sobre as quais raciocinamos.<br />

Ademais, o Estagirita deixou completamen-<br />

te inexplica<strong>da</strong> a precisa rela@o existente<br />

entre Deus e essas substhcias, bem como<br />

as esferas que elas movem. A I<strong>da</strong>de MCdia<br />

transformar6 essas subst2ncias nas cklebres<br />

"intelighcias angtlicas" motrizes, mas,<br />

precisamente, s6 conseguiri operar essa<br />

transformaqiio em virtude do conceit0 de<br />

criaqiio.<br />

e mundo<br />

S\s relaCbes entre Deus<br />

Deus pensa a si mesmo, mas niio as<br />

reali<strong>da</strong>des do mundo e os homens singu-<br />

lares, que s5o coisas imperfeitas e muti-<br />

veis. Para Aristoteles, com efeito, "C ab-<br />

surdo que a intelighcia divina pense certas<br />

coisas"; "ela pensa aquilo que C mais divi-<br />

no e mais digno de honra, e o objeto do<br />

seu pensar C aquilo que niio mu<strong>da</strong>". Essa<br />

limitaqiio do Deus aristotilico deriva do<br />

fato de que ele niio criou o mundo, mas foi<br />

muito mais o mundo que, em certo sentido,<br />

se produziu tendendo para Deus, atraido<br />

pela perfeiqiio.<br />

Outra limitaqiio do Deus aristotClico,<br />

que tem o mesmo fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> anterior,<br />

consiste no fato de que ele C objeto de amor,<br />

mas nHo ama (ou, quando muito, ama a si<br />

mesmo). Enquanto tais, os individuos nHo<br />

sHo de mod0 algum objeto do amor divi-<br />

no: Deus niio se volta para os homens e<br />

menos ain<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> homem individual-<br />

Capitulo sttimo - S\rist&teles e o Peripato<br />

mente. Ca<strong>da</strong> um dos homens, assim como<br />

ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s coisas, tende de modos varia-<br />

dos para Deus; mas Deus, como G o pode<br />

conhecer, tambCm niio pode amar nenhum<br />

dos homens individualmente. Em outros<br />

termos: Deus e' sd amado e niio, tambe'm,<br />

amante; ele e'sd objeto e niio, tambe'm, su-<br />

jeito de amor. Para Aristoteles, assim como<br />

para Platiio, C impensivel que Deus (o Ab-<br />

soluto) ame alguma coisa (algo que nio seja<br />

ele), <strong>da</strong>do que o amor t sempre "tendkcia<br />

a possuir algo de que se esti privado", e<br />

Deus nHo esta privado de na<strong>da</strong>. (A dimen-<br />

sHo do amor como dom gratuito de si era<br />

totalmente desconheci<strong>da</strong> para os gregos.)<br />

Alim disso, Deus n2o pode amar porque C<br />

inteligtncia pura e, segundo Aristoteles, a<br />

intelighcia pura C "impassivel" e, como<br />

tal, niio ama.<br />

Relac6es entre Plat60<br />

e Aristbteles a respeito<br />

do supra-sensivel<br />

Aristoteles criticou asperamente o mun-<br />

do <strong>da</strong>s IdCias plat6nicas corn numerosos<br />

argumentos, demonstrando que, se elas fos-<br />

sem "separa<strong>da</strong>s", ou seja, "transcendentes",<br />

como queria PlatPo, nio poderiam ser cau-<br />

sa <strong>da</strong> existencia <strong>da</strong>s coisas nem causa de sua<br />

cognoscibili<strong>da</strong>de. Para poder desenvolver<br />

esse papel, as Formas siio introduzi<strong>da</strong>s no<br />

mundo sensivel, tornando-se imanentes. A<br />

doutrina do "sinolo" de matiria e forma<br />

constitui a proposta que Aristoteles apre-<br />

senta como alternativa h proposta de Platso.<br />

Entretanto, ao faz?-lo, Aristoteles nf o pre-<br />

tendeu em absoluto negar que existem rea-<br />

li<strong>da</strong>des supra-sensiveis, como ja vimos am-<br />

plamente, mas quis simplesmente negar que<br />

o supra-sensivel fosse como Platiio o pensa-<br />

va. 0 mundo do supra-sensivel niio C um<br />

mundo de "Inteligiveis", mas sim de "Inte-<br />

ligcncias", tendo no seu vCrtice a suprema<br />

<strong>da</strong>s intelighcias. As IdCias ou formas, por<br />

seu turno, sPo a trama inteligivel do sensi-<br />

vel, como vimos.<br />

Nesse ponto, Aristoteles representa in-<br />

dubitivel progress0 em relaq5o a PlatPo.<br />

Mas, no calor <strong>da</strong> pokmica, ele cindiu de<br />

mod0 muito claro a Inteligtncia e as for-<br />

mas inteligiveis. As viirias formas parece-<br />

riam assim nascer como efeitos <strong>da</strong> atrag50

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