História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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sentar demonstraqties, que tipos e modos de<br />
demonstraqiio existem, de que C possivel<br />
fornecer demonstraqoes e quando.<br />
O termo organon, portanto, que significa<br />
"instrumento", introduzido por Alexandre<br />
de Afrodisia para designar a 16gica em<br />
seu conjunto (e posteriormente utilizado<br />
tambCm como titulo para o conjunto de todos<br />
os escritos aristotklicos relativos h logca),<br />
define bem o conceit0 e o fim <strong>da</strong> 16gica aristotClica,<br />
que pretende precisamente fornecer<br />
os instrumentos mentais necessirios para<br />
enfrentar qualquer tip0 de investigaqiio.<br />
Entretanto, deve-se observar ain<strong>da</strong> que<br />
o termo "logica" nio foi usado por Aristoteles<br />
para designar aquilo que n6s hoje entendemos<br />
por ele. Ele remonta h Cpoca de<br />
Cicero (e talvez seja de gcnese estbica), mas,<br />
provavelmente, s6 se consolidou com Alexandre<br />
de Afrodisia. O Estagirita denominava<br />
a 16gica com o termo "analitica" (e<br />
Analiticos siio intitulados os escritos fun<strong>da</strong>mentais<br />
do Organon). A analitica (do grego<br />
analysis, que significa "resoluqiio") explica<br />
o mitodo pel~ qual, partindo de <strong>da</strong><strong>da</strong><br />
conclusio, n6s a resolvemos precisamente<br />
nos elementos dos quais deriva, isto 6, nas<br />
premissas e nos elementos de que brota, e<br />
assim a fun<strong>da</strong>mentamos e justificamos.<br />
f\s categorias<br />
OM redicamentos"<br />
O tratado sobre as categorias estu<strong>da</strong><br />
aquilo que pode ser considerado o elemen-<br />
to mais simples <strong>da</strong> 16gica. Se tomarmos for-<br />
mulaqoes como o "homem corre" ou entiio<br />
"O homem vence" e lhes rompermos o nexo,<br />
isto C, desligarmos o sujeito do predicado,<br />
obteremos "palavras sem conexio", ou seja,<br />
fora de qualquer laqo com a formulaqio,<br />
como "homem", "corre", "vence" (ou seja,<br />
termos niio combinados que, combinando-<br />
se, diio origem a proposiqio).<br />
Ora, diz Aristbteles, "<strong>da</strong>s coisas ditas<br />
sem nenhuma conexio, ca<strong>da</strong> qual significa a<br />
substincia, a quanti<strong>da</strong>de, a quali<strong>da</strong>de, a re-<br />
laqiio, o onde, o quando, o estar em uma<br />
posiqiio, o ter, o fazer ou o sofrer". Como se<br />
v;, trata-se <strong>da</strong>s categorias, que ja conhece-<br />
mos pela Metafisica.<br />
Do ponto de vista metafisico, as cate-<br />
gorias representam os significados fun<strong>da</strong>-<br />
mentais do ser, do ponto de vista 16gico elas<br />
devem ser (conseqiientemente) os "gheros su-<br />
Capitulo setzmo - Arlst6teles e o Peripto<br />
227<br />
premos" aos quais deve-se reportar qualquer<br />
termo <strong>da</strong> proposiqiio. Tomemos a formu-<br />
laqio "Socrates corre" e vamos decomp6-la:<br />
obteremos "Socrates", que entra na cate-<br />
goria de substiincia, e "corre", que se en-<br />
quadra na categoria do "fazer". Assim, se<br />
digo "S6crates esti agora no Liceu" e decom-<br />
ponho a formulaqiio, "no Liceu" seri redu-<br />
tivel a categoria do "onde", ao passo que<br />
"agora" seri redutivel h categoria do "quan-<br />
do" e assim por diante.<br />
O termo "categoria" foi traduzido por<br />
BoCcio como "predicamento", mas a tradu-<br />
@o s6 expressa parcialmente o sentido do<br />
termo grego e, niio sendo inteiramente ade-<br />
qua<strong>da</strong>, di origem a numerosas dificul<strong>da</strong>des,<br />
em grande parte eliminiveis quando se man-<br />
tim o original. Com efeito, a primeira catego-<br />
ria desempenha sempre o papel de sujeito e<br />
so impropriamente funciona como predi-