12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

lo4 Terceira parte - f\ descobel*+a do hornern<br />

dialogic0 que se fun<strong>da</strong> inteiramente no<br />

logos nio bastam para produzir ou, pel0<br />

menos, para fazer com que a ver<strong>da</strong>de seja<br />

reconheci<strong>da</strong> e para fazer com que se viva<br />

na ver<strong>da</strong>de. Muitos voltaram as costas para<br />

o logos socratico: porque nio estavam "gra-<br />

vidos", diz o filosofo. Mas entio quqm fe-<br />

cun<strong>da</strong> a alma, quem a torna gravi<strong>da</strong>? E uma<br />

pergunta que Socrates nio se colocou e a<br />

qual, com certeza, nio teria podido respon-<br />

der. Olhando bem, o cerne dessa dificul-<br />

<strong>da</strong>de 6 o mesmo apresentado pelo compor-<br />

tamento do homem que "vi e conhece o<br />

melhor" mas, no entanto, "faz o pior". E<br />

se, posta dessa forma, Socrates acreditou<br />

contornar a dificul<strong>da</strong>de com seu intelec-<br />

tualismo, posta de outra forma ele nio sou-<br />

be contorna-la, eludindo-a com a imagem<br />

<strong>da</strong> "gravidez", belissima, mas que na<strong>da</strong><br />

resolve. Uma ultima aporia esclarecera ain-<br />

<strong>da</strong> melhor a forte tensio interna do pen-<br />

samento de Socrates. Nosso fil6sofo apre-<br />

sentou sua mensagem aos atenienses,<br />

parecendo de certa forma fecha-la nos es-<br />

treitos limites de uma ci<strong>da</strong>de. Sua mensa-<br />

gem niio foi por ele apresenta<strong>da</strong> expressa-<br />

mente como mensagem para to<strong>da</strong> a GrCcia<br />

e para to<strong>da</strong> a humani<strong>da</strong>de. Evidentemen-<br />

te, condicionado pela situaqio sociopoli-<br />

tica, parece que nio se deu conta de que<br />

aquela mensagem ia muito alCm dos mu-<br />

ros de Atenas, valendo para o mundo in-<br />

teiro.<br />

Ao identificar na alma a essincia do<br />

homem, no conhecimento a ver<strong>da</strong>deira vir-<br />

tude e no autodominio e na liber<strong>da</strong>de inte-<br />

rior os principios cardeais <strong>da</strong> Ctica, Socrates<br />

levava a proclamaqio <strong>da</strong> autonomia do in-<br />

dividuo enquanto tal. Contudo, apenas os<br />

Socraticos menores extrairio em parte essa<br />

dedugio, e so os fil6sofos <strong>da</strong> era helenistica<br />

lhe <strong>da</strong>rio uma formulaqio explicita.<br />

Socrates poderia ser chamado de "Her-<br />

mas bifacial": de um lado, seu nio-saber<br />

parece indicar a negaqio <strong>da</strong> ciincia, do ou-<br />

tro parece ser via de acesso a uma autintica<br />

ciincia superior; de um lado, sua mensagem<br />

pode ser li<strong>da</strong> como simples exortag20 mo-<br />

ral, do outro lado como abertura para as<br />

descobertas plat6nicas <strong>da</strong> metafisica; de um<br />

lado, sua dialCtica pode parecer at6 mesmo<br />

sofistica e eristica, do outro como fun<strong>da</strong>gio<br />

<strong>da</strong> logica cientifica; de um lado, sua mensa-<br />

gem parece circunscrita aos muros <strong>da</strong> polis<br />

ateniense, do outro se abre ao mundo intei-<br />

ro, em dimensoes cosmopolitas.<br />

Com efeito, os Socraticos menores pe-<br />

garam uma <strong>da</strong>s faces de Hermas e Platio a<br />

face oposta, como veremos nas paginas se-<br />

guintes.<br />

Todo o Ocidente C devedor <strong>da</strong> mensa-<br />

gem geral de Socrates. El

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!