12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

146 Quarta parte - Plu+60<br />

III. O conhecimento, a dialhtica,<br />

a avte e o "amov pIat6nico"<br />

0 conhecimento e anamnese, isto e, recor<strong>da</strong>sao de ver<strong>da</strong>des desde sempre<br />

conheci<strong>da</strong>s pela alma e que reemergem de vez em quando na experibcia concreta.<br />

Platao apresenta esta teoria do conhecimento tanto em mod0 mitico (as almas<br />

sio imortais e contemplaram as Ideias antes de descer nos cor-<br />

0 conhecimento pos) quanto em mod0 dialetico (todo homem pode aprender<br />

e a dialetica por si ver<strong>da</strong>des antes ignora<strong>da</strong>s, por exemplo, os teoremas mate-<br />

+ § 7-3 maticos). 0 conhecimento ocorre por graus: simples opiniao<br />

(doxa), que se subdivide em imaginasao e crenqa; cihcia (epis-<br />

teme), que se subdivide em conhecimento mediano e pura intele@o. 0 process0<br />

do conhecimento 6 a dialetica, que pode ser ascensional ou sindtica (remontar do<br />

mundo sensivel as Ideias) e descensional ou diairetica (partir <strong>da</strong>s ldeias gerais para<br />

descer as particulares).<br />

Platao liga o tema <strong>da</strong> arte a sua metafisica: se o mundo e c6pia <strong>da</strong> Idkia, e a<br />

arte e copia do mundo, segue-se que a arte e c6pia de uma copia, imitas80 de<br />

uma imitaqao e, portanto, afastamento do ver<strong>da</strong>deiro.<br />

A ver<strong>da</strong>deira beleza nao deve ser procura<strong>da</strong> na estktica,<br />

mas na erotica. A doutrina do amor plat6nico e, com efeito,<br />

A arte<br />

e o "amor estreitamente liga<strong>da</strong> a busca do Uno, que, em nivel sensivel,<br />

platbnico" se manifesta como Belo: Eros e um dem6nio mediador, inter-<br />

+ § 4-5 mediario entre feal<strong>da</strong>de e beleza, entre sabedoria e ignortincia,<br />

filho de Penia (Pobreza) e de Poros (Recurso): e uma forsa que<br />

por meio do Belo nos eleva ate o Bem, pelos varios graus que constituem a<br />

escala de amor.<br />

A anamnese,<br />

raiz do conhecimento<br />

At6 agora falamos do mundo inteligi-<br />

vel, de sua estrutura e do mod0 pelo qua1<br />

ele incide sobre o sensivel. Resta examinar<br />

de que forma pode o homem aceder cog-<br />

noscitivamente ao inteligivel.<br />

0 problema do conhecimento j i fora<br />

de algum mod0 ventilado por todos os filo-<br />

sofos precedentes. Nio se pode, porCm, afir-<br />

mar que algum pensador anterior a Plat50<br />

o tenha proposto de forma especifica e defi-<br />

nitiva. Plat50 foi o primeiro a prop6-lo em<br />

to<strong>da</strong> a sua clareza, graqas as aquisiq6es es-<br />

truturalmente liga<strong>da</strong>s a grande descoberta<br />

do mundo inteligivel, muito embora, como<br />

C obvio, as soluq6es por ele propostas se<br />

revelem, em grande parte, aporiticas.<br />

A primeira resposta ao problema do co-<br />

nhecimento encontra-se no Mdnon. 0 s Eris-<br />

ticos tentaram capciosamente bloquear a<br />

questso, sustentando a impossibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

pesquisa e do conhecimento. De fato, C im-<br />

possivel investigar e conhecer aquilo que ain-<br />

<strong>da</strong> n5o se conhece, porquanto, mesmo que<br />

se viesse a descobri-lo, seria impossivel iden-<br />

tifica-lo, pois faltaria o meio para a realiza-<br />

qiio <strong>da</strong> identificaqiio. Nem mesmo o que j i<br />

se conhece pode ser investigado, precisamen-<br />

te porque j i i conhecido.<br />

Exatamente para superar essa aporia C<br />

que Plat50 descobre um caminho totalmen-<br />

te novo: o conhecimento C "anamnese", ou<br />

seja, uma forma de "recor<strong>da</strong>q50n, um emer-<br />

gir <strong>da</strong>quilo que ja existe desde sempre no<br />

interior de nossa alma.<br />

0 Mdnon apresenta essa doutrina sob<br />

dupla forma: uma de carater mitico e outra<br />

dialitica. E importante examina-las para nzo<br />

nos arriscarmos a trair o pensamento pla-<br />

t6nico.<br />

A primeira forma, de cariter mitico-<br />

religioso, vincula-se is doutrinas orfico-<br />

pitagoricas, segundo as quais, como sabe-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!