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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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350<br />

Sitima parte - Os ilt~mos desmvolvimentos <strong>da</strong> filosofia pagd antiga<br />

Na era helenistica, nos primeiros sku-<br />

10s <strong>da</strong> era imperial (particularmente nos sics.<br />

I1 e I11 d.C.), desenvolveu-se uma literatura<br />

de cariter filos6fico-soteriol6gico-religiose<br />

(que, em parte, chegou atC n6s), de nature-<br />

za varia<strong>da</strong>, mas com o traqo comum <strong>da</strong> pre-<br />

tens50 de ter sido revela<strong>da</strong> por Thot, o deus<br />

egipcio, escriba, intirprete e mensageiro dos<br />

deuses, que os gregos identificaram com seu<br />

deus Hermes e o chamaram de Hermes Tris-<br />

megistos (= tres vezes grande), de onde o no-<br />

me de "literatura hermitica" (isto 6, inspira-<br />

<strong>da</strong> por Hermes).<br />

Entre os numerosos escritos atribuidos<br />

a Hermes Trismegistos o grupo sem duvi<strong>da</strong><br />

mais interessante constitui-se de dezessete tra-<br />

tados (o primeiro traz o titulo de Pimandro),<br />

mais um escrito que chegou at6 nos apenas<br />

em uma versiio latina (no passado atribuido<br />

a Apuleio) de um tratado com o titu10,Asclk-<br />

pio (talvez composto no sCc. IV d.C.). E justa-<br />

mente este grupo de escritos que se chama<br />

de Corpus Hermeticum (= Corpo dos escri-<br />

tos que estiio sob o nome de Hermes).<br />

Deus C concebido em funqso do incor-<br />

poreo, <strong>da</strong> transcendencia e <strong>da</strong> infinitude;<br />

tambkm concede-se ain<strong>da</strong> como Mha<strong>da</strong> e<br />

Uno, "principio e raiz de to<strong>da</strong>s as coisas";<br />

por fim, C express0 tambtm em funqio <strong>da</strong><br />

imagem <strong>da</strong> luz. Teologia negativa e positiva<br />

se entrecruzam: de um lado, tende-se a con-<br />

ceber Deus como estando acima de tudo,<br />

como totalmente outro de tudo aquilo que<br />

existe, como "sem forma e sem figura", e,<br />

portanto, at6 como "privado de essencia",<br />

e, por isso, inefivel; do outro, reconhece-se<br />

que Deus C Bem e Pai de to<strong>da</strong>s as coisas, e,<br />

portanto, causa de tudo e, enquanto tal, ten-<br />

de-se a representi-lo positivamente.<br />

A hierarquia dos "intermediirios" en-<br />

tre Deus e o mundo C assim concebi<strong>da</strong>:<br />

1) No vCrtice esti o Deus supremo, luz<br />

e intelecto supremo.<br />

2) Depois vem o Logos, que C "filho"<br />

primogsnito do Deus supremo.<br />

3) Do Deus supremo deriva tambCm<br />

um intelecto demiurgico, que i "consubs-<br />

tancial" em relaqiio ao Logos.<br />

4) Depois temos o Anthropos, ou seja,<br />

o homem incorporeo, tambCm este deriva-<br />

do de Deus e "imagem de Deus".<br />

5) Segue-se, por fim, o intelecto <strong>da</strong>do<br />

ao homem terreno (rigorosamente distinto<br />

<strong>da</strong> alma e claramente superior a ela), que C<br />

tudo o que de divino existe no homem.<br />

A geraqiio do homem terrestre explica-<br />

se de mod0 complexo. 0 Anthropos ou ho-<br />

mem incorporeo, terceiro gerado pel0 Deus<br />

supremo, quer imitar o intelecto demiurgico<br />

e criar, tambCm ele, alguma coisa. Obti<strong>da</strong> a<br />

permissio do Pai, o Anthropos atravessa as<br />

sete esferas celestes at6 a lua, recebendo, por<br />

participaqio, as pottncias de ca<strong>da</strong> uma de-<br />

las, e depois se aproxima <strong>da</strong> esfera <strong>da</strong> ha e<br />

vs a natureza sublunar. Imediatamente o An-<br />

thropos se enamora dessa natureza, e, por sua<br />

v&, a natureza se enamora do homem. Mais<br />

precisamente, o homem se enamora <strong>da</strong> pr6-<br />

pria imagem refleti<strong>da</strong> na natureza (na igua),

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