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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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30<br />

Segun<strong>da</strong> parte - A fi.ndni;o do prnsomcn+o filasDfico<br />

A nova concep~do Xenofanes de C6lofon (naxido por volta de 570 a.C.)<br />

de Deus do d;,,ino critica pela primeira vez de mod0 sistematico e radical to<strong>da</strong><br />

+ 3 1-3 forma de antropomorfismo. lndica o elemento "terra" como<br />

principio, n3o porem de todo o cosmo, e sim do nosso planeta.<br />

en0 'f anes<br />

060 foi o fun<strong>da</strong>dor<br />

Xenofanes nasceu na ci<strong>da</strong>de j6nica de<br />

Colofon, em torno de 570 a.C. Por volta dos<br />

vinte e cinco anos de i<strong>da</strong>de, emigrou para as<br />

col6nias italicas, na Sicilia e na Italia meri-<br />

dional. Depois continuou viajando, sem mo-<br />

radia fixa, at6 i<strong>da</strong>de bem avanqa<strong>da</strong>, cantan-<br />

do como aedo suas pr6prias composiqoes<br />

poCticas, <strong>da</strong>s quais alguns fragmentos che-<br />

garam at6 n6s.<br />

Tradicionalmente Xenofanes foi consi-<br />

derado fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> Escola de ElCia, mas isso<br />

com base em interpretaq6es incorretas de al-<br />

guns testemunhos antigos. No entanto, ele<br />

pr6prio nos diz que ain<strong>da</strong> era an<strong>da</strong>rilho sem<br />

mora<strong>da</strong> fixa at6 a i<strong>da</strong>de de noventa e dois<br />

anos. Ademais, sua problematica C de carater<br />

teol6gico e cosmol6gic0, ao passo que os<br />

eleatas, como veremos, fun<strong>da</strong>ram a proble-<br />

matica ontologica. Assirn, justamente, Xenofa-<br />

nes C hoje considerado pensador indepen-<br />

dente, tendo apenas algumas afini<strong>da</strong>des<br />

muito gedricas com os eleatas, mas certa-<br />

mente sem ligaqao com a fun<strong>da</strong>qgo <strong>da</strong> Esco-<br />

la de ElCia.<br />

C~itica h concepq60<br />

tradicioncll dos deuses<br />

0 tema central desenvolvido nos ver-<br />

sos de Xenofanes C constituido sobretudo<br />

pela critica a concepqHo dos deuses que<br />

Homero e Hesiodo haviam fixado de mod0<br />

exemplar e que era propria <strong>da</strong> religiao pu-<br />

blica e do homem grego em geral. Nosso<br />

filosofo identifica de mod0 perfeito o err0<br />

de fundo do qua1 brotam todos os absurdos<br />

ligados a tal concepc$io. E esse err0 consiste<br />

no antropomorfismo, ou seja, em atribuir<br />

aos deuses formas exteriores, caracteristicas<br />

psicol6gicas e paixoes iguais ou analogas as<br />

que sHo pr6prias dos homens, apenas quanti-<br />

tativamente mais notaveis, mas nio quali-<br />

tativamente diferentes. Agu<strong>da</strong>mente, Xeno-<br />

fanes objeta que se os animais tivessem mHos<br />

e pudessem fazer imagens de deuses, os fa-<br />

riam em forma de animal, assim como os<br />

Etiopes, que sHo negros e ttm o nariz achata-<br />

do, representam seus deuses negros e com o<br />

nariz achatado, ou os Tracios, que ttm olhos<br />

azuis e cabelos ruivos, representam seus deu-<br />

ses com tais caracteristicas. Mas, o que C<br />

ain<strong>da</strong> mais grave, os homens tambCm ten-<br />

dem a atribuir aos deuses tudo aquilo que<br />

eles mesmos fazem, nHo s6 o bem, mas tam-<br />

bim o mal, e isso 6 inteiramente absurdo.<br />

Assim, de um so golpe sHo contesta-<br />

dos, do mod0 mais radical, nHo so a credibi-<br />

li<strong>da</strong>de dos deuses tradicionais, mas tambCm<br />

a de seus aclamados cantores. 0 s grandes<br />

poetas, sobre os quais os gregos tradicional-<br />

mente se haviam formado espiritualmente,<br />

agora declaram-se porta-vozes de mentiras.<br />

De mod0 analogo, Xenofanes tambCm<br />

demitiza as virias explicaqoes miticas dos<br />

fen6menos naturais que, como sabemos,<br />

atrjbuiam-se a deuses. Por exemplo, a deu-<br />

sa Iris (o arco-iris) C demitiza<strong>da</strong> e identifi-<br />

ca<strong>da</strong> racionalmente com "uma nuvem, pur-<br />

purea, violacea, verde de se ver".<br />

A breve distincia de seu nascimento, a<br />

filosofia mostra a sua forte carga inovado-<br />

ra, desmontando crenqas seculares que se<br />

consideravam muito soli<strong>da</strong>s, mas somente<br />

porque se enraiza no mod0 de pensar e de<br />

sentir tipicamente heltnico; contesta-lhes<br />

qualquer vali<strong>da</strong>de e revoluciona inteiramen-<br />

te o mod0 de ver Deus que fora proprio do<br />

homem antigo. Depois <strong>da</strong>s criticas de Xen6-<br />

fanes, o homem ocidental nHo podera nun-<br />

ca mais conceber o divino segundo formas<br />

e medi<strong>da</strong>s humanas.

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