12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

siio "agoes viciosas ou erros morais". Mas, en-<br />

tre as primeiras e as segun<strong>da</strong>s h6 todo um<br />

feixe de aqoes relaciona<strong>da</strong>s com os "indife-<br />

rentes". Quando essas aq6es forem cumpri-<br />

<strong>da</strong>s "conforme a natureza", ou seja, de mod0<br />

racionalmente correto, terio plena justifica-<br />

$50 moral, chamando-se assim "aqoes conve-<br />

nientes" ou "deveres". A maior parte dos ho-<br />

mens, que C incapaz de aq6es "moralmente<br />

perfeitas" (porque, para cumpri-las, C neces-<br />

sirio adquirir a cihcia perfeita do filosofo,<br />

j6 que a virtude, como aperfeiqoamento <strong>da</strong><br />

racionali<strong>da</strong>de humana, s6 pode ser cihcia,<br />

como queria Socrates), C, no entanto, capaz<br />

de "aqdes convenientes", ou seja, C capaz<br />

de cumprir "deveres". 0 que as leis man-<br />

<strong>da</strong>m (as quais, para os Estoicos, longe de<br />

serem convenqijes, sHo expressdes <strong>da</strong> Lei<br />

eterna que provim do Logos eterno) siio<br />

"deveres" que, no sabio, graqas B perfeita<br />

disposiqiio de seu espirito, tornam-se ver<strong>da</strong>-<br />

deiras e exatas aq6es morais perfeitas, en-<br />

quanto que, no homem comum, permane-<br />

cem s6 no plano de "aq6es convenientes".<br />

Esse conceito de kathe'kon i substan-<br />

cialmente criaq5o estoica. 0 s romanos, que<br />

o traduziram pel0 termo "officium", com<br />

sua sensibili<strong>da</strong>de pratico-juridica, contribui-<br />

ram para talhar mais niti<strong>da</strong>mente os contor-<br />

nos desta nogiio moral que nos, modernos,<br />

chamamos de "dever". Mas o certo C que<br />

Zenio e a Estoh, com a elaboraqiio do con-<br />

ceito de kathe'kon, deram B historia espiri-<br />

tual do Ocidente uma contribuiqiio de gran-<br />

de relevo: com efeito, embora modulado de<br />

varias maneiras, o conceito de "dever" se<br />

manteve como ver<strong>da</strong>deira e propria catego-<br />

ria do pensamento moral ocidental. Mas os<br />

Est6icos tambim apresentaram novi<strong>da</strong>des<br />

no que diz respeito a interpretaqiio do viver<br />

social.<br />

0 homem<br />

como "animaI ~om~nit&rio''<br />

0 homem C impulsionado pela natu-<br />

reza a conservar o pr6prio ser e amar a si<br />

mesmo. Mas esse instinto primordial niio<br />

esta orientado somente para a conservaqiio<br />

do individuo: o homem estende imediata-<br />

mente a oike'iosis a seus filhos e parentes e<br />

mediatamente a todos os seus semelhantes.<br />

Em suma: C a natureza que, como impde o<br />

amar a si mesmo, imp6e tambCm amar aos<br />

Capitulo de'cimo przmecro<br />

291<br />

- O ES~O~CISYMO<br />

que geramos e aqueles que nos geraram; e C<br />

a natureza que impulsiona o individuo a unir-<br />

se aos outros e tambim a ser util aos outros.<br />

De ser que vive encerrado em sua indi-<br />

viduali<strong>da</strong>de, como queria Epicuro, o homem<br />

torna-se "animal comunitirio". E a nova<br />

formula demonstra que niio se trata de sim-<br />

ples retoma<strong>da</strong> do pensamento aristotilico,<br />

que definia o homem como "animal politi-<br />

co": o homem, mais ain<strong>da</strong> do que ser feito pa-<br />

ra associar-se em uma Polis - de onde de-<br />

riva justamente o termo "politico" -, C feito<br />

para consorciar-se com todos os homens.<br />

Nessa base, os Estoicos s6 podiam ser fato-<br />

res de um ideal fortemente cosmopolita.<br />

SuperaCEio do conceito<br />

de escravid~o<br />

Com base em seu conceito de physis e<br />

de logos, os Estoicos, mais do que os outros<br />

filosofos, tambCm souberam pBr em crise<br />

mitos antigos <strong>da</strong> nobreza de sangue e <strong>da</strong><br />

superiori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> raqa, bem como a institui-<br />

qiio <strong>da</strong> escravidiio. A nobreza C chama<strong>da</strong> ci-<br />

nicamente de "esc6ria e raspa <strong>da</strong> igual<strong>da</strong>-<br />

de"; todos os povos siio declarados capazes<br />

de alcanqar a virtude; o homem 6 procla-<br />

mado estruturalmente livre: com efeito, "ne-<br />

nhum homem C, por natureza, escravo". 0 s<br />

novos conceitos de nobreza, de liber<strong>da</strong>de e<br />

de escravidio ligam-se B sabedoria e B igno-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!