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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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Capi'tulo d6cimo terceiro - O s drsevolvimentos e as ronquistas<br />

III. CoucIus6es<br />

sobre a ci&cia heleuistica<br />

* Em uma avaliac$o complexiva <strong>da</strong> ciencia helenistica salta aos olhos o carater<br />

especializado que ela assumiu, bem como sua autonomia tanto em relaq%o a<br />

religiao como em rela@o com a filosofia, autonomia que Ihe<br />

adveio sobretudo a partir <strong>da</strong> sua origem aristotelico-peripate- Camcteristicas<br />

tica. Mas a independdncia <strong>da</strong> filosofia vale apenas quanto ao <strong>da</strong> ci6ncia<br />

objeto de pesquka (que no caso <strong>da</strong> cidncia e parcial e especifi- helenistica<br />

co. e no caso <strong>da</strong> filosofia e universal e aeral), e n3o auanto a + § 1-2<br />

intenc;%o que permaneceu contemplati&, is& e, teoretica.<br />

Como nos mostra a exposiqiio <strong>da</strong> ciin-<br />

cia helenistica em seus diversos setores, en-<br />

contramo-nos diante de um fen6meno em<br />

larga medi<strong>da</strong> novo, tanto na quali<strong>da</strong>de como<br />

na intensi<strong>da</strong>de.<br />

0s historiadores <strong>da</strong> ciCncia destacaram<br />

bem que o aspecto que define o fen6meno<br />

esta no conceito de especializa@o. 0 saber<br />

se diferencia em suas "partes" e procura se de-<br />

finir de modo aut6nomo em ca<strong>da</strong> uma des-<br />

sas partes, ou seja, com logica propria e niio<br />

como simples aplicaqiio <strong>da</strong> logica do todo<br />

em que as partes se inserem.<br />

Segundo o modo comum de entender<br />

esse fenemeno, essa especializaqiio pressu-<br />

p8e dupla libertaqiio: a) <strong>da</strong> religiiio tradicio-<br />

nal ou de um tip0 de mentali<strong>da</strong>de religiosa<br />

que defende certos limites, em determina-<br />

dos imbitos, como intransponiveis; b) <strong>da</strong><br />

filosofia e seus respectivos dogmas.<br />

Ora, isso C indubitavelmente ver<strong>da</strong>dei-<br />

ro, mas $ necessario precisar algumas coisas.<br />

a) E inegavel a liber<strong>da</strong>de religiosa de que<br />

os pensadores sempre gozaram na Gricia.<br />

Deve-se reconhecer, porim, que a disseca-<br />

$50 de cadiveres e a vivissecqiio humana<br />

teriam sido impossiveis em Atenas, so se tor-<br />

nando possiveis pela proteqiio dos Ptolo-<br />

meus e em um ambiente como Alexandria,<br />

sem preconceitos e paradoxalmente situa-<br />

do em um Egito ain<strong>da</strong> fechado em estruturas<br />

orientais. (Mas a vivissecqiio em criminosos<br />

teri sido ver<strong>da</strong>deiramente um progresso? Ou<br />

321<br />

niio teri sido antes uma concessiio total a<br />

curiosi<strong>da</strong>de do cientista? Para o cientista, o<br />

criminoso ja niio C um homem?).<br />

b) A independincia em relaqiio a filosofia<br />

tambCm C ver<strong>da</strong>deira, mas niio deve<br />

ser exagera<strong>da</strong>; ao contririo, deve ser redimensiona<strong>da</strong>.<br />

Como vimos, os sistemas helenis-<br />

ticos S ~ O<br />

os mais dogmdticos que o mundo<br />

antigo conheceu. Niio menos que a Esto$ Epi-<br />

cure sustentava que o sabio deve ter "dog-<br />

mas" e que esses dogmas siio intocaveis. 0<br />

fato de Atenas ter permanecido como capi-<br />

tal <strong>da</strong> filosofia e Alexandria ter-se tornado<br />

a capital <strong>da</strong> ciincia, com a grande distincia<br />

que havia entre as duas ci<strong>da</strong>des, colocou a<br />

ciincia alexandrina ao abrigo <strong>da</strong>queles dog-<br />

mas e deixou-a livre para se desenvolver.<br />

Entretanto, nunca sera demais insistir<br />

no fato de que foram os PeripatCticos, como<br />

DemCtrio de Falera e Estratiio de Lsmpsaco,<br />

que projetaram para Alexandria uma orga-<br />

nizaqiio que reproduzisse o Peripato em gran-<br />

de escala. E como Demitrio fora discipulo<br />

de Teofrasto, o cientista do Peripato, niio se<br />

deve portanto exagerar a cisiio destaca<strong>da</strong><br />

por muitos. De resto, o proprio Aristoteles<br />

deu provas de saber conduzir pesquisas corn<br />

mitodo empirico rigoroso (na Historia dos<br />

animais ou na sua Coletrinea <strong>da</strong>s constitui-<br />

gdes), pesquisas que Teofrasto continuou na<br />

bothica, de modo que a pesquisa especia-<br />

liza<strong>da</strong> alexandrina tem seus antecedentes<br />

precisamente no Peripato. Em linhas gerais,<br />

poderiamos dizer que avesso a pesquisas<br />

especializa<strong>da</strong>s era o novo espirito <strong>da</strong>s novas<br />

Escolas helenisticas mas niio o antigo espiri-<br />

to aristotilico.<br />

De qualquer modo, resta o fato de que<br />

o elemento essencial que caracterizou a citn-

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