12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capitulo decimo primeiro - O Cstoicismo<br />

Esta mu<strong>da</strong>nsa de perspectiva favoreceu a difusao de ideais de igualitarismo e<br />

de aversio a escravidio (todos os homens participam do logos e, portanto, todos<br />

os homens sao iguais, e ninguem e por natureza escravo).<br />

Nao se deve pensar que o sabio prove um "sentimento" de simpatia ou<br />

soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de com os outros homens: com efeito, os sentimentos de misericordia,<br />

de participasao humana, de amor sio entendidos como "paixdes" e, portanto,<br />

como vicios <strong>da</strong> alma. 0 ideal do sabio e a "impassibili<strong>da</strong>de"<br />

(apatia), pela qua1 nao se trata apenas de moderar as paixaes, pa;xBes<br />

mas de elimina-las inteiramente, nem mesmo senti-las. E isso e a apatja<br />

se compreende bem, se considerarmos que as paixdes sao a dodbio<br />

fonte do ma1 e do vicio e se configuram como erros do logos. E + § 7<br />

claro, portanto, que os erros nio podem ser moderados ou ate-<br />

nuados, mas devem ser cancelados.<br />

0 viver. segundo a natu~eza<br />

A parte mais significativa e mais viva<br />

<strong>da</strong> filosofia do Portico, contudo, niio C sua<br />

original e au<strong>da</strong>z fisica, e sim a Ctica: com<br />

efeito, foi com sua mensagem itica que os<br />

Estoicos, durante meio milinio, souberam<br />

dizer aos homens uma palavra ver<strong>da</strong>deira-<br />

mente eficaz, que foi senti<strong>da</strong> como particu-<br />

larmente iluminadora acerca do sentido <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>.<br />

Tambim para os Estoicos, como para<br />

os Epicuristas, o escopo do viver i a obten-<br />

q5o <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de. E a felici<strong>da</strong>de se persegue<br />

vivendo "segundo a natureza".<br />

Se observarmos o ser vivente, em geral<br />

constatamos que ele se caracteriza pela cons-<br />

tante tendencia de conservar a si mesmo, de<br />

"apropriar-se" do proprio ser e de tudo<br />

quanto e' capaz de conserva-lo, de evitar<br />

aquilo que lhe e' contrario e de "conciliar-<br />

sex consigo mesmo e com as coisas que siio<br />

conformes a prdpria essincia. Essa caracte-<br />

ristica fun<strong>da</strong>mental dos seres t indica<strong>da</strong> pe-<br />

10s Estoicos com o termo oike'iosis (= apro-<br />

priaqio, atraqio = conciliatio). Da oike'iosis<br />

e que se deve deduzir o principio <strong>da</strong> Ctica.<br />

Nas plantas e nos vegetais em geral essa<br />

tendencia C inconsciente; nos animais, con-<br />

signa-se a um preciso instinto ou impulso<br />

primiggnio; ji no homem esse impulso i espe-<br />

cificado ulteriormente e sustentado pela inter-<br />

vengiio <strong>da</strong> raziio. Viver "conforme a nature-<br />

za" significa, pois, viver realizando plenamente<br />

essa apropriaqiio ou conciliaqio do proprio<br />

ser e <strong>da</strong>quilo que o conserva e ativa. Em parti-<br />

cular, posto que o homem niio i simplesmen-<br />

te ser vivente mas i ser racional, o viver segun-<br />

289<br />

do a natureza sera um viver "conciliando-se"<br />

com o prdprio ser racional, conseruando-o e<br />

atualizando-o plenamente.<br />

" ,<br />

Conceitos de bem e de mal<br />

0 fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> Ctica epicurista, desse<br />

modo, t marcado por tais conceitos <strong>da</strong> oike'iosis<br />

e do instinto originario: corn efeito,<br />

considerados a luz destes novos par;metros,<br />

prazer e dor tornam-se niio um prius (priori<strong>da</strong>de)<br />

mas um posterius (elemento secun<strong>da</strong>rio),<br />

isto 6, algo que vem depois e como<br />

conseqiiincia, quando a natureza ji buscou<br />

e encontrou aquilo que a conserva e realiza.<br />

E posto que o instinto de conservaqio e a<br />

tendincia ao increment0 do ser S ~ primei- O<br />

ros e originarios, entio "bem" e' aquilo que<br />

conserva e increments nosso ser e, ao contrario,<br />

"rnal" e' aquilo que o <strong>da</strong>nifica e o<br />

diminui. Ao primeiro instinto esti pois estruturalmente<br />

liga<strong>da</strong> a tendincia a avaliar,<br />

no sentido de que to<strong>da</strong>s as coisas siio regula<strong>da</strong>s<br />

pelo instinto primeiro: a medi<strong>da</strong> que<br />

se mostrem benivolas ou malCvolas, as coisas<br />

serio considera<strong>da</strong>s "bem" ou "mal". 0<br />

bem e', portanto, o vantajoso e o htil; ma1 e'<br />

o nocivo. Mas atenqiio: como os Est6icos<br />

insistem em diferenciar o homem de todos<br />

os outros seres, mostrando que ele esti determinado<br />

nio so pela sua natureza puramente<br />

animal, mas sobretudo pela natureza<br />

racional, isto C, pel0 privilegiado manifestar-se<br />

do logos nele, entio o principio <strong>da</strong><br />

valorizaqiio acima estabelecido assume duas<br />

valhcias diferentes, conforme se refira a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!