História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
- SBtima parte - 0 s 6ltimos desenvolvimentos <strong>da</strong> filosofia pa96 acltiga<br />
mas ndo ddo atenc;do a el@; todos dissimu-<br />
lam suas culpas e, embora estas tenham tido<br />
final Feliz, eles gozam seus frutos, mas procu-<br />
rando mant&-las escondi<strong>da</strong>s. A consci&ncia<br />
reta, ao contrdrio, quer mostrar-se a fazer-se<br />
notar: a mal<strong>da</strong>de teme at& as trevas. Por isso,<br />
parece-ma qua Epicuro tenha dito com fineza:<br />
"R um delinqijente pode acontecer permane-<br />
cer escondido, mas ndo pode ter certezo dis-<br />
so", ou antdo, se julgas que o significado tor-<br />
ne-se mais claro <strong>da</strong>te modo: "Aos culpados<br />
rid0 adianta permanecar escondidos, porque,<br />
mesmo qua tenham a sorte de permanecer<br />
escondidos, ndo t&m certeza disso". < o se-<br />
guinte: quem comete um delito po<strong>da</strong> estar<br />
imune de perigos, [mas ndo dos temores] . Ndo<br />
creio que este pansamento, explicado assim,<br />
esteja am contraste com os principios de nos-<br />
sa escola. Por quh? Porque a primeira e a mais<br />
grave puni~do dos culpados consiste no fato<br />
de ter cometidop culpa, e nenhum delito, por<br />
mais que a sorts o adorne com seus dons, o<br />
proteja a o defen<strong>da</strong>, permanace impune, pois<br />
a pena do delito esta no pr6prio delito. Ndo<br />
bastasse isso, a esta pena seguem logo outras:<br />
o ter constantemente medo, o espantarse<br />
a o ndo crer na propria seguranp Por que<br />
libertar a mal<strong>da</strong>de deste tormento? Por que<br />
ndo deixa-la continuamente abala<strong>da</strong>? Ndo<br />
estamos de acordo com Epicuro quando diz<br />
que na<strong>da</strong> 6 justo por natureza e que os delitos<br />
devem ser evitados porque nBo s~ pode<br />
evitar o medo: admitamos com ale que as mas<br />
ac;bes sdo tortura<strong>da</strong>s pala consci&ncia, e que<br />
seu tormento & a Bnsia continua qua a incomo<strong>da</strong><br />
a molasta a o ndo poder confiar em<br />
quem Ihe garante a tranquili<strong>da</strong>de. Exatamente<br />
esta, com efeito, Epicuro. & a prova de qua<br />
n6s. por natureza, detestamos o delito: todos<br />
thm medo, masmo que astejam em seguranGa.<br />
A sorts subtrai muitos ao sofrimento,<br />
ninguCm a0 medo. E por que, a ndo ser<br />
porque est6 enraiza<strong>da</strong> em nos a aversdo por<br />
aquilo que a natureza condenou? Por isso, tamb&m<br />
os que estdo escondidos jamais t&m<br />
certeza de assim permanecer, porque a<br />
conscihncia 0s inculpa e os denuncia a si masmos.<br />
Mas estar constantemente em ansie<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
6 pr6prio dos culpados. Uma vez qua muitos<br />
delitos fogem b lei, aos juizes e 6s penas<br />
sanciona<strong>da</strong>s pela lei, seria grand@ ma1 para<br />
n6s se tais delitos ndo fossem imediatamenta<br />
castigados com as duras punic;bes infligi<strong>da</strong>s pel0<br />
natureza, e o medo ndo substituisse o sofrimento<br />
de uma pena.<br />
@. $;I<br />
AC. 0 belo sonho<br />
<strong>da</strong> imortali<strong>da</strong>ds<br />
<strong>da</strong> alma<br />
Em S6naca Q fortiss~mo o desejo de crer<br />
em uma sobrev~v&ua eterna <strong>da</strong> olma depois<br />
<strong>da</strong> morte. R ontologla estolca n8o Ihe perm/te,<br />
pordm, fun<strong>da</strong>mentar rac~onalmente tal<br />
tese, que 51e apressnta, portanto, como um<br />
"belo sonho", oo quo1 Q agra<strong>da</strong>vel abandonor-se.<br />
R vi<strong>da</strong> terrena aparece, em tal perspsctwa,<br />
como Fase transitor~a, ~s~&c;e de<br />
gestaq3o qua nos prepara para o verdodw<br />
ra v~<strong>da</strong>, a qus tem ~nicio com o morte e a<br />
Iibartogdo <strong>da</strong> alma em relac$o ao corpo que<br />
a mant~nha pnwone~ra.<br />
AtravBs <strong>da</strong>ta vi<strong>da</strong> mortal, somos preparados<br />
para aquela outra vi<strong>da</strong>, melhor & mais<br />
longa. Como o irtero materno nos cont&m por<br />
nove meses e nos prepara ndo para si, mas<br />
pora aquele lugar em que somos man<strong>da</strong>dos j6<br />
capazes de respirar e de resistir ao ar livre, tamb&m<br />
atravhs deste period0 que se estende <strong>da</strong><br />
inencia a velhice amadurecemos para outro<br />
parto. Outro nascimento nos espera, outra condi~do.<br />
Ndo podemos ain<strong>da</strong> suportar a visdo do<br />
cbu, a nBo ser de longe. Por isso, olha intrQpido<br />
para aquela hora decisiva: 6 a Oltima, nBo<br />
para a alma, mas para o corpo. Olha tudo isso<br />
qua esta ao teu redor como a mobilia <strong>da</strong> um<br />
Iugar onde 6s hospede: 6 precis0 passar al6m.<br />
A natureza despoja quem sai <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> como<br />
qusm entra. Ndo podes levar embora mais do<br />
que trouxeste nascendo; 00 contr6rio. & preciso<br />
deixar tambbm grand@ parte <strong>da</strong>quilo que<br />
carregaste pela vi<strong>da</strong>: sar-te-a tirado o involucro<br />
mois extarno que te envolve, a pele; ser-tea<br />
tira<strong>da</strong> a carne e o sangue que corre e circula<br />
por todo o corpo; sar-te-do tirados os ossos e<br />
os mirsculos, qua sustantam as partes moles e<br />
liqui<strong>da</strong>s. Este dia que temes como o Oltimo 6 o<br />
do noscimento para a sternidode. Depbe o<br />
peso: por que temporizas, como sa antes ndo<br />
tivesses saido, deixando o corpo em que estavas<br />
escondido? Tu te manthns agarrado, ofereces<br />
resisthncia: tambQm entdo foste expulso<br />
com grande esforGo por parte de tua mde. Gemes,<br />
te lamentas: tamb6m este choro 6 proprio<br />
de quem @st6 nascendo, mas entdo era preciso<br />
perdo6-lo: tinhas vindo ao mundo ignorante<br />
e inexperiente. Saido do quente e macio refirgio<br />
do ventre materno, o ar livre soprou em cima<br />
de ti, depois foste tocado por mdo demasiado