História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
196 Quints parte - firistbteles<br />
--<br />
@ESSARfONlS CAKDIEiALlS NlCENl ET<br />
pATK1ARCHAh CONSTANTINCIYO~I<br />
IAN1 METAPHYSICORVM ARI<br />
STOTELIS XI111 LIURO/<br />
RVM TKALAIIO.<br />
sensivel ou tambCm um ser supra-sensivel e<br />
divino (ser teologico). Da mesma forma, a<br />
quest50 "o que i a subst2nciaV implica tam-<br />
bim a quest50 "que tipos de substincias exis-<br />
tem", se s6 as sensiveis ou tambCm as su-<br />
pra-sensiveis e divinas (o que i um problema<br />
teol6gico).<br />
Com base nisso, pode-se compreender<br />
muito bem que Aristoteles tenha usado pre-<br />
cisamente o termo "teologia" para indicar a<br />
metafisica, porque estruturalmente as outras<br />
trts dimens6es levam a dimens50 teologica.<br />
Mas "para que serve" essa metafisica?<br />
- pode alguCm perguntar. Propor-se essa<br />
pergunta significa colocar-se de um ponto<br />
de vista antititico ao de Aristoteles. Como<br />
diz ele, a metafisica C a citncia mais eleva<strong>da</strong><br />
precisamente porque niio esta liga<strong>da</strong> as ne-<br />
cessi<strong>da</strong>des materiais. A metafisica niio C uma<br />
ciincia volta<strong>da</strong> para objetivos praticos ou<br />
empiricos. As cicncias que ttm tais objeti-<br />
vos submetem-se a eles: niio valem em si e<br />
por si mesmas, mas somente i medi<strong>da</strong> que<br />
efetivam os objetivos. Ja a metafisica 6 citn-<br />
cia que vale em si e por si mesma, pois tem<br />
em si mesma seu escopo e, nesse sentido, C<br />
ciincia "livre" por excel6ncia. Dizer isso sig-<br />
nifica afirmar que a metafisica n5o respon-<br />
de a necessi<strong>da</strong>des materiais, mas sim espiri-<br />
tuais, ou seja, iquela necessi<strong>da</strong>de que nasce<br />
quando as necessi<strong>da</strong>des fisicas est5o satis-<br />
feitas: a pura necessi<strong>da</strong>de de saber e conhe-<br />
cer o ver<strong>da</strong>deiro, a necessi<strong>da</strong>de radical de<br />
responder aos "porqucs", especialmente ao<br />
"porqui ultimo".<br />
E por isso que Aristoteles escreve: "To-<br />
<strong>da</strong>s as outras cicncias podem ser mais neces-<br />
sarias ao homem, mas superior a esta ne-<br />
nhuma."<br />
Examina<strong>da</strong>s e esclareci<strong>da</strong>s as definic6es<br />
de metafisica do ponto de vista formal, passemos<br />
agora a examinar seu conteudo.<br />
Como dissemos, Aristoteles apresenta<br />
a metafisica, em primeiro lugar, como "busca<br />
<strong>da</strong>s causas primeiras". Assim, devemos<br />
estabelecer quais e quantas s50 essas "causas".<br />
Aristoteles esclareceu aue as causas<br />
necessariamente devem ser finitas auanto<br />
ao numero e estabeleceu que, no que se refere<br />
ao mundo do devir, reduzem-se as seguintes<br />
quatro (a seu ver, ja entrevistas,<br />
mesmo que confusamente, por seus antecessores):<br />
1) causa formal;<br />
2) causa material;<br />
3) causa eficiente;<br />
4) causa final.<br />
As duas primeiras na<strong>da</strong> mais S ~ que O a<br />
forma ou essencia e a matiria. aue constituem<br />
1<br />
to<strong>da</strong>s as coisas. e <strong>da</strong>s auais deveremos falar<br />
amplamente mais adiante. (Recordemos que,<br />
para Aristoteles, "causa" e "principio" significam<br />
"condiq50" e "fun<strong>da</strong>mento".) Vejamos<br />
agora: matiria e forma s5o suficientes<br />
para explicar a reali<strong>da</strong>de, se a considerarmos<br />
estaticamente: no entanto. se a considerarmos<br />
dinamicamente, isto C, no seu devir, no<br />
seu produzir-se e no seu corromper-se, entiio<br />
ja n5o bastam. Com efeito, C evidente<br />
que, por exemplo, se considerarmos determinado<br />
homem estaticamente. ele se reduz<br />
a na<strong>da</strong> mais aue sua matiria (carne e osso)<br />
e sua forma (dma). Mas, se o cbnsiderarmos<br />
dinamicamente, perguntando-nos "como<br />
nasceu", "quem o gerou" e "por que se desenvolve<br />
e cresce", entHo s5o necessarias duas<br />
outras raz6es ou causas: a causa eficiente ou<br />
motriz, isto i, o pai que o gerou, e a causa<br />
final, isto i, o fim ou objetivo para o qua1<br />
tende o devir do homem.