12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

270<br />

Sexta parte - A s escolas filosbficas <strong>da</strong> era helenistiio<br />

0s diversos tipos de prazeres<br />

Para garantir o alcance <strong>da</strong> aponia e <strong>da</strong><br />

ataraxia, Epicuro distinguiu:<br />

1) prazeres naturais e necess6rios;<br />

2) prazeres naturais mas ndo neces-<br />

s6rios;<br />

3) prazeres ndo naturais e niio neces-<br />

s6rios.<br />

Estabeleceu depois que atingimos o ob-<br />

jetivo desejado satisfazendo sempre o pri-<br />

meiro tip0 de prazeres, limitando-nos em<br />

relaqio ao segundo tip0 e fugindo do ter-<br />

ceiro. Nesse terreno, Epicuro manifesta uma<br />

posiqio que nio seria exagero chamar de<br />

"ascCtica", pelas razdes seguintes:<br />

1) Entre os prazeres do primeiro gru-<br />

po, isto C, os naturais e necessiirios, ele pde<br />

unicamente os prazeres que estio estreita-<br />

mente ligados a conservaqio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do in-<br />

dividuo: estes seriam os unicos ver<strong>da</strong>deira-<br />

mente vilidos, porque subtraem a dor do<br />

corpo, como, por exemplo, comer quando<br />

se tem fome, beber quando se tem sede, re-<br />

pousar quando se est6 cansado e assim por<br />

diante. Ao mesmo tempo, exclui deste gru-<br />

po o desejo e o prazer do amor, porque sio<br />

fonte de perturbaqio.<br />

2) Entre os prazeres do segundo gru-<br />

po, ao contrario, pde todos os desejos e pra-<br />

zeres que constituem as variaqdes sup&-<br />

fluas dos prazeres naturais: comer bem,<br />

beber bebi<strong>da</strong>s refina<strong>da</strong>s, vestir-se com apu-<br />

ro e assim por diante.<br />

3) Por fim, entre os prazeres do tercei-<br />

ro grupo, nio naturais e nio necessLrios,<br />

Epicuro coloca os prazeres "vios", isto C,<br />

nascidos <strong>da</strong>s "vis opini6es dos homens",<br />

que sio todos os prazeres ligados ao desejo<br />

de riqueza, poder, honras e semelhantes.<br />

1) 0 s desejos e prazeres do primeiro<br />

grupo sio os unicos que devem ser sempre e<br />

habitualmente satisfeitos, porque tgm por<br />

natureza um precis0 "limite", que consiste<br />

na eliminaqio <strong>da</strong> dor: obti<strong>da</strong> a eliminaqio<br />

<strong>da</strong> dor, o prazer nio cresce ulteriormente.<br />

2) 0s desejos e prazeres do segundo<br />

grupo jL nio tCm mais aquele "limite", por-<br />

que nio subtraem a dor do corpo, mas va-<br />

riam somente no grau do prazer e podem<br />

provocar not6vel <strong>da</strong>no.<br />

3) 0s prazeres do terceiro grupo nio<br />

tolhem a dor corp6rea e, por acrCscimo,<br />

produzem sempre perturbagio na alma.<br />

Refreemos pois nossos desejos, redu-<br />

zamo-10s ao primeiro nucleo essencial e te-<br />

remos copiosa riqueza e felici<strong>da</strong>de, porque,<br />

para nos propiciar aqueles prazeres, basta-<br />

mo-nos a n6s mesmos, e neste bastar-se-a-<br />

si-mesmo (autarquia) C que est6 a maior ri-<br />

queza e felici<strong>da</strong>de.<br />

0 que devemos fazer quando somos<br />

atingidos pelos males fisicos nio desejados?<br />

Epicuro responde: se C leve, o ma1 fisico C<br />

suportiivel, nunca serido tal que ofusque a<br />

alegria do espirito; se C agudo, passa logo;<br />

se 6 agudissimo, conduz logo A morte, a qual,<br />

em todo caso, como veremos, C um estado<br />

de absoluta insensibili<strong>da</strong>de.<br />

E os males <strong>da</strong> alma? A respeito destes<br />

nio C o caso de nos alongarmos, porque sio<br />

apenas produtos de opinides falazes e dos<br />

erros <strong>da</strong> mente. E to<strong>da</strong> a filosofia de Epicuro<br />

se apresenta como o mais eficaz remCdio e<br />

o mais seguro antidoto contra eles.<br />

E a morte? A morte C um ma1 s6 para<br />

quem nutre falsas opinides sobre ela. Como<br />

o homem C um "composto alma" em um<br />

"composto corpo", a morte nio 6 sen50 a<br />

dissolu@o desses compostos, na qual os ato-<br />

mos se espraiam por to<strong>da</strong> parte, a conscisn-<br />

cia e a sensibili<strong>da</strong>de cessam totalmente e,<br />

assim, s6 restam do homem ruinas que se<br />

dispersam, isto 6, na<strong>da</strong>. A morte, portan-<br />

to, nio C pavorosa em si mesma, porque,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!