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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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0 resultado <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de que procede<br />

a partir do Espirito niio C sem mais (ou seja,<br />

imediatamente) a Alma. Analogamente ao<br />

que vimos a proposito do Espirito em rela-<br />

qiio ao Uno, tambCm a potencia que proce-<br />

de <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de do Espirito volta-se para<br />

contemplar o pr6prio Espirito. Voltando-se<br />

para o Espirito, a Alma recebe sua propria<br />

subsistencia (hipostase) e, atravCs do Espi-<br />

rito, vC o Uno e entra em contato com o<br />

pr6prio Bem.<br />

Essa vinculagiio <strong>da</strong> Alma com o Uno-<br />

Bem constitui um dos eixos basicos de todo<br />

o sistema plotiniano, ou seja, o fun<strong>da</strong>men-<br />

to n5o apenas <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de criadora <strong>da</strong> Alma<br />

mas tambCm <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de "retorno<br />

ao Uno".<br />

A natureza especifica <strong>da</strong> Alma nao con-<br />

siste no puro pensar (do contririo n5o se<br />

distinguiria do Espirito), mas sim no <strong>da</strong>r vi<strong>da</strong><br />

a to<strong>da</strong>s as outras coisas que existem, ou seja,<br />

a to<strong>da</strong>s as coisas sensiveis, ordenando-as,<br />

dirigindo-as e governando-as. E esse "orde-<br />

nar, dirigir e coman<strong>da</strong>r" coincide com o ge-<br />

rar e fazer viver as proprias coisas. A alma,<br />

portanto, C principio de movimento e tam-<br />

bCm C movimento ela mesma. Ela C a "ultima<br />

deusa", ou seja, a ultima reali<strong>da</strong>de inteligi-<br />

vel, a reali<strong>da</strong>de que confina com o sensivel,<br />

sendo causa ela propria.<br />

A Alma tem, portanto, "posiq5o inter-<br />

mediiria" e, por isso, tem como "duas fa-<br />

ces", porque, gerando o corporeo, embora<br />

continue sendo e permanecendo reali<strong>da</strong>de<br />

incorporea, "acontece-lhe" de relacionar-se<br />

com o corporeo por ela produzido, mas n5o<br />

no mod0 do corporeo. Ela, portanto, pode<br />

entrar em qualquer parte do corporeo "sem<br />

desviar-se <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de do seu ser" e, assim,<br />

pode tornar-se to<strong>da</strong>-em-tudo. Nesse senti-<br />

do, pode-se dizer que a alma C divisa-e-in-<br />

divisa, una-e-multipla. Portanto, a Alma C<br />

"uno-e-muitos", ao passo que o Espirito C<br />

"uno-muitos", o Principio primeiro C somen-<br />

te "Uno" e os corpos sgo apenas "muitos".<br />

Para que se enten<strong>da</strong> bem essa ultima<br />

afirmaqao, devemos recor<strong>da</strong>r que, para<br />

Plotino, a plurali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> alma, alCm de "ho-<br />

rizontal", tambkm C "vertical", no sentido<br />

de que C uma hierarquia de almas.<br />

a) Em primeiro lugar, hi a "Alma Su-<br />

prema", a Alma como pura hipostase, que<br />

permanece em estreita unizo com o Espiri-<br />

to do qua1 provem.<br />

b) Depois, hi a "Alma do todo", que C<br />

a Alma enquanto criadora do mundo e do<br />

universo fisico.<br />

c) Por fim, hi tambCm as almas parti-<br />

culares, aquelas que "descem" para animar<br />

os co;pos, os astros e todos os seres vivos.<br />

E claro que to<strong>da</strong>s as almas derivam <strong>da</strong><br />

primeira, niio so mantendo com ela uma<br />

relaqiio de uno-e-muitos, mas tambCm sen-<br />

do "distintas" <strong>da</strong> Alma suprema sem ser dela<br />

"separa<strong>da</strong>s".<br />

pvocess60<br />

do coslno fisico<br />

Com a Alma encerra-se a sCrie de hi-<br />

postases do mundo incorporeo e inteligivel<br />

e, como dissemos, dela deriva o mundo sen-<br />

sivel. Contudo, por que a reali<strong>da</strong>de nao ter-<br />

mina com o mundo incorporeo e existe tam-<br />

bim um mundo corporeo? Como surgiu o<br />

sensivel? Qua1 C seu valor?<br />

A novi<strong>da</strong>de que Plotino introduz na ex-<br />

plicagiio <strong>da</strong> origem do cosmo fisico esta so-<br />

bretudo no fato de que ele tenta deduzir a<br />

mate'ria, sem pressup6-la como se fosse algo<br />

que se contraponha ao primeiro principio<br />

desde a eterni<strong>da</strong>de.<br />

A mattria sensivel deriva de sua cau-<br />

sa como possibili<strong>da</strong>de ultima, ou seja, como<br />

etapa extrema do process0 em que a forga<br />

produtora se enfraquece ate exaurir-se.<br />

Desse modo, a matCria torna-se exaustio<br />

total e, portanto, privaqiio extrema <strong>da</strong> po-<br />

tencia do Uno (e, assim, do proprio Uno)<br />

ou, em outros termos, privaqio do Bem<br />

(que coincide com o Uno). Nesse sentido,<br />

a matiria C "mal"; mas o ma1 n5o C forqa<br />

negativa que se oponha ao positivo, mas C<br />

simplesmente carencia ou "privaqiio" do<br />

positivo. A matiria tambCm C considera<strong>da</strong><br />

niio-ser, "porque C diversa do ser, e jaz sob<br />

ele".<br />

0 mundo fisico, portanto, nasce do<br />

seguinte modo: a) inicialmente, a Alma cria<br />

a matiria, que C como que a extremi<strong>da</strong>de<br />

do circulo de luz que se torna obscuri<strong>da</strong>de;<br />

b) em segui<strong>da</strong>, di forma a essa matiria, qua-<br />

se que expulsando sua obscuri<strong>da</strong>de e, a me-<br />

di<strong>da</strong> do possivel, recuperando-a para a luz.<br />

Obviamente, as duas operaq6es niio s5o cro-<br />

nologicamente distintas, mas apenas 1og.i-<br />

camente. A primeira agio <strong>da</strong> alma consiste<br />

no enfraquecimento <strong>da</strong> contempla@o, a se-<br />

gun<strong>da</strong> na extrema reden@o <strong>da</strong> prdpria con-<br />

templa@o. 0 mundo fisico C um espelho de<br />

formas, que, por seu turno, s5o a reverbe-

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