História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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SCtima parte - 0 s bltimos desenvolvimenios <strong>da</strong> filasofia pa96 antiga<br />
do, sen50 como incognoscivel de direito (afirmaq50,<br />
esta, que seria uma forma de dogmatismo<br />
negativo), pelo menos como niio conhecido<br />
de fato.<br />
Sexto admite a licei<strong>da</strong>de do fato que o<br />
cetico assinta a algumas coisas, vale dizer,<br />
as altera~oes liga<strong>da</strong>s as representa~oes sensoriais.<br />
Ou seja, trata-se de um assentimento<br />
puramente empirico e, como tal, niio<br />
dogmatico.<br />
A fusiio <strong>da</strong>s instincias do ceticismo<br />
com as <strong>da</strong> medicina empirica comportou,<br />
tambCm no campo <strong>da</strong> Ctica, notivel afastamento<br />
<strong>da</strong>s posiq6es do Pirronismo originario.<br />
Com efeito, Sexto constroi uma espCcie<br />
de Ctica do senso comum, muito elementar<br />
e calcula<strong>da</strong>mente primitiva.<br />
Segundo Sexto, C possivel viver segundo<br />
a experiincia comum e segundo o "costume",<br />
se nos conformarmos a estas quatro<br />
regras elementares:<br />
a) seguir as indical6es <strong>da</strong> natureza;<br />
b) seguir os impulsos de nossos sentidos,<br />
que nos levam, por exemplo, a comer<br />
quando temos fome e a beber quando sentimos<br />
sede;<br />
c) respeitar as leis, os costumes e o c6digo<br />
moral do proprio pais;<br />
d) n5o permanecer inerte, mas exercer<br />
uma arte.<br />
Conseqiientemente, o Ceticismo empirico<br />
n5o prega a "apatia", e sim a "metriopatia",<br />
ou seja, a modera~iio <strong>da</strong>s sensas6es<br />
que experimentamos por necessi<strong>da</strong>de. TambCm<br />
o cCtico sente fome, sede e outras sensag6es<br />
semelhantes; mas, recusando-se a julgiilas<br />
males objetivos, males por natureza, ele<br />
limita a perturba@o deriva<strong>da</strong> dessas sensaq6es.<br />
Sexto ja n5o pode, precisamente com<br />
base na experiincia reavalia<strong>da</strong>, considerar<br />
que o cCtico deva ser absolutamente "impassivel".<br />
AlCm disso, a revalorizaqiio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> co-<br />
mum comporta tambim uma revaloriza@o<br />
precisa do util. 0 fim pelo qua1 se cultivam as<br />
artes (recorde-se que cultivar as artes C o quarto<br />
preceito <strong>da</strong> Ctica empirica de Sexto) indica-se<br />
expressamente como "o util <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>".<br />
Por fim, C digno de nota o fato de que<br />
Sexto apresenta a obtengiio <strong>da</strong> imperturba-<br />
bili<strong>da</strong>de, ou seja, <strong>da</strong> "ataraxia'', quase como<br />
conseqiitncia casual <strong>da</strong> renuncia do citico<br />
a julgar acerca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, ou seja, como<br />
casual e inespera<strong>da</strong> conseqiiincia <strong>da</strong> sus-<br />
pens50 do juizo. Escreveu Sexto: "0s &ti-<br />
cos esperavam atingir a imperturbabili<strong>da</strong>de<br />
dirimindo a desigual<strong>da</strong>de que ha entre os<br />
<strong>da</strong>dos do sentido e os <strong>da</strong> raziio; porim, niio<br />
o conseguindo, suspenderam o juizo e, co-<br />
mo que por acaso, a essa suspensiio sobre-<br />
veio a imperturbabili<strong>da</strong>de, como a sombra<br />
ao corpo."<br />
O fim do Ceticisrno antigo<br />
Com Sexto Empirico, juntamente com<br />
seu triunfo, o Ceticismo celebra tambCm a<br />
propria destruiqiio.<br />
To<strong>da</strong>via, destruindo a si mesmo, niio<br />
destruiu a filosofia antiga, que ain<strong>da</strong> apresen-<br />
ta um period0 de historia gloriosa depois dele.<br />
Destruiu certa filosofia, ou melhor, aquela<br />
mentali<strong>da</strong>de dogmitica que fora cria<strong>da</strong> pelos<br />
grandes sistemas helenisticos, sobretudo pelo<br />
sistema est6ico. E C muito indicativo o fato de<br />
que, em suas viirias formas, o Ceticismo nas-<br />
la, se desenvolva e morra em sincronia com o<br />
nascimento, o desenvolvimento e a morte dos<br />
grandes sistemas helenisticos.<br />
Depois de Sexto a filosofia retoma o<br />
caminho para outros horizontes.