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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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342<br />

SCtima parte - 0 s bltimos desenvolvimenios <strong>da</strong> filasofia pa96 antiga<br />

do, sen50 como incognoscivel de direito (afirmaq50,<br />

esta, que seria uma forma de dogmatismo<br />

negativo), pelo menos como niio conhecido<br />

de fato.<br />

Sexto admite a licei<strong>da</strong>de do fato que o<br />

cetico assinta a algumas coisas, vale dizer,<br />

as altera~oes liga<strong>da</strong>s as representa~oes sensoriais.<br />

Ou seja, trata-se de um assentimento<br />

puramente empirico e, como tal, niio<br />

dogmatico.<br />

A fusiio <strong>da</strong>s instincias do ceticismo<br />

com as <strong>da</strong> medicina empirica comportou,<br />

tambCm no campo <strong>da</strong> Ctica, notivel afastamento<br />

<strong>da</strong>s posiq6es do Pirronismo originario.<br />

Com efeito, Sexto constroi uma espCcie<br />

de Ctica do senso comum, muito elementar<br />

e calcula<strong>da</strong>mente primitiva.<br />

Segundo Sexto, C possivel viver segundo<br />

a experiincia comum e segundo o "costume",<br />

se nos conformarmos a estas quatro<br />

regras elementares:<br />

a) seguir as indical6es <strong>da</strong> natureza;<br />

b) seguir os impulsos de nossos sentidos,<br />

que nos levam, por exemplo, a comer<br />

quando temos fome e a beber quando sentimos<br />

sede;<br />

c) respeitar as leis, os costumes e o c6digo<br />

moral do proprio pais;<br />

d) n5o permanecer inerte, mas exercer<br />

uma arte.<br />

Conseqiientemente, o Ceticismo empirico<br />

n5o prega a "apatia", e sim a "metriopatia",<br />

ou seja, a modera~iio <strong>da</strong>s sensas6es<br />

que experimentamos por necessi<strong>da</strong>de. TambCm<br />

o cCtico sente fome, sede e outras sensag6es<br />

semelhantes; mas, recusando-se a julgiilas<br />

males objetivos, males por natureza, ele<br />

limita a perturba@o deriva<strong>da</strong> dessas sensaq6es.<br />

Sexto ja n5o pode, precisamente com<br />

base na experiincia reavalia<strong>da</strong>, considerar<br />

que o cCtico deva ser absolutamente "impassivel".<br />

AlCm disso, a revalorizaqiio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> co-<br />

mum comporta tambim uma revaloriza@o<br />

precisa do util. 0 fim pelo qua1 se cultivam as<br />

artes (recorde-se que cultivar as artes C o quarto<br />

preceito <strong>da</strong> Ctica empirica de Sexto) indica-se<br />

expressamente como "o util <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>".<br />

Por fim, C digno de nota o fato de que<br />

Sexto apresenta a obtengiio <strong>da</strong> imperturba-<br />

bili<strong>da</strong>de, ou seja, <strong>da</strong> "ataraxia'', quase como<br />

conseqiitncia casual <strong>da</strong> renuncia do citico<br />

a julgar acerca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, ou seja, como<br />

casual e inespera<strong>da</strong> conseqiiincia <strong>da</strong> sus-<br />

pens50 do juizo. Escreveu Sexto: "0s &ti-<br />

cos esperavam atingir a imperturbabili<strong>da</strong>de<br />

dirimindo a desigual<strong>da</strong>de que ha entre os<br />

<strong>da</strong>dos do sentido e os <strong>da</strong> raziio; porim, niio<br />

o conseguindo, suspenderam o juizo e, co-<br />

mo que por acaso, a essa suspensiio sobre-<br />

veio a imperturbabili<strong>da</strong>de, como a sombra<br />

ao corpo."<br />

O fim do Ceticisrno antigo<br />

Com Sexto Empirico, juntamente com<br />

seu triunfo, o Ceticismo celebra tambCm a<br />

propria destruiqiio.<br />

To<strong>da</strong>via, destruindo a si mesmo, niio<br />

destruiu a filosofia antiga, que ain<strong>da</strong> apresen-<br />

ta um period0 de historia gloriosa depois dele.<br />

Destruiu certa filosofia, ou melhor, aquela<br />

mentali<strong>da</strong>de dogmitica que fora cria<strong>da</strong> pelos<br />

grandes sistemas helenisticos, sobretudo pelo<br />

sistema est6ico. E C muito indicativo o fato de<br />

que, em suas viirias formas, o Ceticismo nas-<br />

la, se desenvolva e morra em sincronia com o<br />

nascimento, o desenvolvimento e a morte dos<br />

grandes sistemas helenisticos.<br />

Depois de Sexto a filosofia retoma o<br />

caminho para outros horizontes.

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