12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1) 0 s antigos Atomistas indicavam co-<br />

mo caracteristicas essenciais do iitomo a "fi-<br />

gura", a "ordem" e a "posiqiio". Epicuro, por<br />

sua vez, indica como caracteristicas essen-<br />

ciais a "figura", o "peso" e a "grandeza".<br />

As formas diferentes dos atornos (que niio<br />

60 somente formas regulares de cariiter<br />

geomitrico, mas formas de to<strong>da</strong> espicie e<br />

tipo, sendo em todo caso sempre e s6 for-<br />

mas quantitativas diferentes e niio qualita-<br />

tivamente diversas, como as formas plat&<br />

nicas e aristotilicas, <strong>da</strong>do que os iitomos siio<br />

todos de idtntica natureza) resultam neces-<br />

sarias para explicar as diversas quali<strong>da</strong>des<br />

fenomtnicas <strong>da</strong>s coisas que nos aparecem.<br />

0 mesmo vale tambim para a grandeza dos<br />

atomos (o peso, porim, como veremos me-<br />

lhor adiante, i necessario para explicar o<br />

movimento dos atomos). As formas at6mi-<br />

cas devem ser diversas e numerosissimas,<br />

mas nZo infinitas (para ser infinitas, deve-<br />

riam poder variar sua grandeza ao infinito;<br />

mas, entiio, tornar-se-iam visiveis, o que niio<br />

acontece), ao passo que o numero dos ito-<br />

mos em geral i infinito.<br />

2) Uma segun<strong>da</strong> diferenqa consiste na<br />

introduqiio <strong>da</strong> teoria dos "minimos". Segun-<br />

do Epicuro, todos os iitomos, dos maiores<br />

aos menores, sZo fisica e ontologicamente<br />

indivisiveis; to<strong>da</strong>via, o fato mesmo de se-<br />

rem "corpos" dotados de figura e, conse-<br />

qiientemente, de extensiio e grandezas di-<br />

versas (embora no imbito dos dois limites<br />

que assinalamos), implica que eles teriam<br />

partes. (Se assim niio fosse, niio existiria qual-<br />

quer sentido em falar de Atomos pequenos e<br />

de iitomos grandes.) Obviamente, trata-se<br />

de "partes" niio separiiveis ontologicamente,<br />

mas apenas logica e idealmente distinguiveis,<br />

porque o atom0 i estruturalmente indivisi-<br />

vel. E mesmo a grandeza dessas "partes" do<br />

iitomo, devera se deter em um limite que<br />

Epicuro chama exatamente de "minimo" e<br />

que, como tal, constitui a uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> rnedi-<br />

<strong>da</strong>. Epicuro - note-se - fala dos "mini-<br />

mos" niio s6 referindo-se aos atomos, mas<br />

tambCm ao espaqo (ao vazio), ao tempo, ao<br />

movimento e B "declina@on dos iitomos (de<br />

que falaremos adiante). Em todos os casos,<br />

os "minimos" constituem a uni<strong>da</strong>de de me-<br />

di<strong>da</strong> analogica.<br />

3) A terceira diferenqa diz respeito i<br />

concepqiio do movimento originario dos<br />

iitomos. Epicuro entende este movimento<br />

niio como aquele voltejar em to<strong>da</strong>s as di-<br />

reqdes do qual falavam os antigos Ato-<br />

mistas, mas como urn rnovimento de que-<br />

Capitulo de'cimo - EPicuvo e a fun<strong>da</strong>c60 do ",=Jardim"<br />

<strong>da</strong> para baixo no espago infinito, devido<br />

ao peso dos atomos, corn urn movimento<br />

t2o veloz quanto o pensamento e igual<br />

para todos os atornos, sejarn eles pesa-<br />

dos ou leves. Mas como entiio os atomos<br />

nao caem segundo linhas paralelas, ao in-<br />

finito, sem nunca se tocar? Para resolver<br />

a dificul<strong>da</strong>de, Epicuro introduz a teoria<br />

<strong>da</strong> "declina@om dos atornos (clinarnen),<br />

segundo a qual os atomos podem desviar-se a<br />

qualquer momento do tempo e em qual-<br />

quer ponto do espaqo num interval0 mi-<br />

nimo <strong>da</strong> linha reta e, assim, encontrar ou-<br />

tros atomos.<br />

f\ teoria <strong>da</strong> "declina+o"<br />

dos Atornos<br />

A teoria <strong>da</strong> "declinaqiio" dos atomos<br />

(clinarnen) foi introduzi<strong>da</strong> niio s6 por ra-<br />

z6es fisicas, mas tambim e sobretudo por<br />

raz6es eticas. Com efeito, no sistema do<br />

antigo Atomismo tudo ocorre por necessi-<br />

<strong>da</strong>de: o fado e o destino siio soberanos ab-<br />

solutos; mas, num mundo no qual predomi-<br />

na o destino n5o hi lugar para a liber<strong>da</strong>de<br />

humana e, em conseqiitncia, n5o hii lugar<br />

para uma vi<strong>da</strong> moral tal como Epicuro a<br />

concebe e, portanto, tambim niio ha lugar<br />

para a vi<strong>da</strong> do sibio. Eis pois o que Epicuro<br />

escreve, opondo-se ii necessi<strong>da</strong>de dominan-<br />

te no sistema dos antigos Atomistas: "Na

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!