História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Capitulo de'cimo quarto - O Nee-estoicismo: Sgneca, Epicteto e Mavco AurClio<br />
Cp icteto:<br />
"di6iresisN e "p~06iresis"<br />
Epicteto nasceu em Hiergpolis, na Frigia,<br />
entre 50 e 60 d.C. Pouco depois de 70<br />
d.C., quando ain<strong>da</strong> era escravo, comeqou a<br />
freqiientar as aulas de MusGnio, que Ihe revelaram<br />
sua propria vocaqio para a filosofia.<br />
Expulso de Roma por Domiciano, juntamente<br />
com outros filosofos (em 88/89 ou<br />
em 92/93 d.C.), deixou a Italia, retirando-<br />
se para a ci<strong>da</strong>de de Nicopolis, no ~ ~iro, onde<br />
III. Epicteto<br />
fundou uma escola que alcanqou grande<br />
sucesso, atraindo ouvintes de to<strong>da</strong>s as partes.<br />
N5o se conhece a <strong>da</strong>ta de sua morte (alguns<br />
pensam em 138 d.C.). Querendo aterse<br />
ao modelo socratico do filosofar, Epicteto<br />
niio escreveu na<strong>da</strong>. Felizmente, suas aulas<br />
eram freqiienta<strong>da</strong>s pelo historiador Flavio<br />
Arriano, que (talvez na segun<strong>da</strong> dtca<strong>da</strong> do<br />
sic. I1 d.C.) teve a feliz idtia de p6r seus<br />
ensinamentos por escrito. Nasceram assim<br />
as Diatribes (Discursos ou Disserta~Ges), em<br />
oito livros, dos quais quatro chegaram at6<br />
nos. Arriano tambCm compilou um Manual<br />
(Encheiridion), extraindo <strong>da</strong>s Diatribes as<br />
maximas mais significativas.<br />
0 grande principio <strong>da</strong> filosofia de Epicteto<br />
consiste na divisio <strong>da</strong>s coisas em duas<br />
classes:<br />
a) aquelas que estio em nosso poder (ou<br />
seja, opiniGes, desejos, impulsos e repuls6es);<br />
b) aquelas que nio estio em nosso poder<br />
(ou seja, to<strong>da</strong>s as coisas que nio sio ati-<br />
329<br />
vi<strong>da</strong>des nossas, como, por exemplo, corpo,<br />
parentes, haveres, reputaqiio e semelhantes).<br />
0 bem e o ma1 residem exclusivamen-<br />
te na classe <strong>da</strong>s coisas que estiio em nosso<br />
poder, precisamente porque estas dependem<br />
de nossa vontade, e niio na outra classe, por-<br />
que as coisas que nio estio em nosso poder<br />
n5o dependem de nossa vontade.<br />
Nesse sentido, niio ha mais lugar para<br />
compromissos com os "indiferentes" e com<br />
as "coisas intermediirias". A escolha, por-<br />
-tanto, C radical, peremptoria e definitiva:<br />
nio se pode buscar as duas classes de coisas<br />
a0 mesmo tempo, porque umas comportam<br />
a per<strong>da</strong> <strong>da</strong>s outras e vice-versa. To<strong>da</strong>s as<br />
dificul<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e os erros que se come-<br />
tem derivam de n5o se levar em conta essa<br />
distinqio fun<strong>da</strong>mental. Quem escolhe a se-<br />
gun<strong>da</strong> classe de coisas, isto t, a vi<strong>da</strong> fisica,<br />
os bens, o corpo e seus prazeres, n5o so vai<br />
ao encontro de desilus6es e contrarie<strong>da</strong>des<br />
como tambtm perde at6 a liber<strong>da</strong>de, tornan-<br />
do-se escravo <strong>da</strong>s coisas e dos homens que<br />
constituem ou concedem os bens ou vanta-<br />
gens materiais. Quem, ao contriirio, rejeita<br />
em bloco as coisas que nio dependem de<br />
nos e se concentra nas coisas que dependem<br />
de nos torna-se ver<strong>da</strong>deiramente livre, por-<br />
que confronta-se com ativi<strong>da</strong>des que S ~ O<br />
nossas, vive a vi<strong>da</strong> que quer e, conseqiiente-<br />
mente, aleanla a satisfaqio espiritual, a paz<br />
<strong>da</strong> alma.<br />
Ao inv6s de p6r como fun<strong>da</strong>mento mo-<br />
ral um critirio abstrato de ver<strong>da</strong>de, Epicteto<br />
colocou a prohairesis. A prohhiresis (prC-