12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

escolha, prC-decisiio) C a decisio e a escolha<br />

de fundo, que o homem faz de urna vez para<br />

sempre e com a qual, portanto, determina o<br />

diapasio do seu ser moral, e disso depende-<br />

ra tudo o que fari e como o far&<br />

Esti claro que, para Epicteto, a autinti-<br />

ca prohairesis coincide com a aceitaq5o do<br />

seu grande principio, que distingue as coisas<br />

que estio em nosso poder <strong>da</strong>s coisas que niio<br />

estiio em nosso poder, estabelecendo que o<br />

bem esta exclusivamente nas primeiras. Fica<br />

claro que, urna vez realiza<strong>da</strong> essa "escolha<br />

de fundo", as escolhas particulares e as aqdes<br />

singulares brotariio como consequincia des-<br />

sa escolha. Assim, a "escolha de fundo" cons-<br />

titui a substincia de nosso ser moral. Conse-<br />

quentemente, Epicteto pode muito bem<br />

afirmar: "Nio 6s carne nem pilo, mas sim<br />

escolha moral: se esta for bela, seras belo."<br />

Para o leitor moderno, a "escolha de<br />

fundo" poderia parecer um ato de vontade.<br />

Se assim fosse, a Ctica de Epicteto seria urna<br />

Ctica voluntarista. Mas n5o C assim: a pro-<br />

huiresis C ato de razio, juizo cognoscitivo.<br />

A "ciincia" socratica continua sendo o fun-<br />

<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> prohairesis.<br />

Epicteto nio rejeita a concepqio ima-<br />

nentista pr6pria <strong>da</strong> Estoa, mas injeta-lhe<br />

fortissima carga espiritual e religiosa. Desse<br />

modo, embora n5o levando a urna superaq5o<br />

do panteismo materialista, os fermentos que<br />

ele introduz levam a urna posiqio que se en-<br />

contra no limite <strong>da</strong> ruptura, atingindo a dou-<br />

trina <strong>da</strong> velha Estoa em varios pontos.<br />

Deus k inteligincia, ciincia, bem. Deus<br />

C providincia, que nio cui<strong>da</strong> somente <strong>da</strong>s<br />

coisas em geral, mas tambCm de ca<strong>da</strong> um de<br />

n6s em particular. Obedecer ao logos e fazer<br />

o bem, portanto, significa obedecer a Deus<br />

e fazer sua vontade. Servir a Deus quer dizer,<br />

tambCm, louvar a Deus. A liber<strong>da</strong>de coinci-<br />

de com a submissiio A "vontade de Deus".<br />

0 tema do parentesco do homem com<br />

Deus, que ja era tema <strong>da</strong> antiga Estoa, tam-<br />

bCm assume conotaqdes fortemente espi-<br />

ritualistas e quase cristis em Epicteto.<br />

Infelizmente, como ja vimos verificar-<br />

se com Sineca, Epicteto tambkm nio soube<br />

Com Epicteto<br />

(Hierapolis, "50160 - Nicdpolis, t 138)<br />

a Estoa demonstra que urn escrauo<br />

pode ser fil6sofo.<br />

<strong>da</strong>r adequado fun<strong>da</strong>mento ontologico as<br />

novas instincias que propunha. Tudo o que<br />

Epicteto nos diz sobre o homem (sobre a<br />

"escolha de fundo") estaria teoreticamente<br />

bem mais correto se colocado no imbito de<br />

urna metafisica dualista de tip0 plat6nico do<br />

que posto no campo <strong>da</strong> concepqiio monis-<br />

tico-materialista <strong>da</strong> Estoa. Assim, tudo o que<br />

ele diz de Deus implicaria em aquisiqdes<br />

metafisicas ate mesmo mais maduras do que<br />

as alcanqa<strong>da</strong>s por Plat50 e Arist6teles a esse<br />

respeito. rn

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!