História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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Capitulo prirneiro - Ggnese, naturenu r desenvolvimento clu filosofia untigu<br />
exerceram nos gregos influincia analoga ii<br />
que a Biblia exerceu entre os hebreus, uma<br />
vez que niio havia textos sagrados na GrC-<br />
cia), em Hesiodo e nos poetas gn6micos dos<br />
sCculos VII e VI a.C.<br />
Ora, os poemas homkricos apresentam<br />
algumas peculiari<strong>da</strong>des que os diferenciam<br />
de poemas que se encontram na origem <strong>da</strong><br />
civilizagiio de outros povos, pois ja contim<br />
algumas <strong>da</strong>s caracteristicas do espirito gre-<br />
go que resultariio essenciais para a criagiio<br />
<strong>da</strong> filosofia.<br />
a) Com efeito, Homero tem grande sen-<br />
so <strong>da</strong> harmonia, <strong>da</strong> propor@o, do limite e<br />
<strong>da</strong> medi<strong>da</strong>;<br />
b) niio se limita a narrar uma sirie de<br />
fatos, mas tambim pesquisa suas causas e ra-<br />
zdes (ain<strong>da</strong> que em nivel mitico-fantastico);<br />
c) procura de diversos modos apresen-<br />
tar a reali<strong>da</strong>de em sua inteiresa, ain<strong>da</strong> que<br />
de forma mitica (deuses e homens, ctu e ter-<br />
ra, guerra e paz, bem e mal, alegria e dor,<br />
totali<strong>da</strong>de dos valores que regem a vi<strong>da</strong> do<br />
homem).<br />
Para os gregos tambim foi muito im-<br />
portante Hesiodo com sua Teogonia, que<br />
relata o nascimento de todos os deuses. E,<br />
como muitos deuses coincidem com partes<br />
do universo e com fenBmenos do cosmo, a<br />
teogonia torna-se tambCm cosmogonia, ou<br />
seja, explicaqiio mitico-poetica e fantastica<br />
<strong>da</strong> ginese do universo e dos fenBmenos cos-<br />
micos, a partir do Caos originario, que foi<br />
o primeiro a se gerar. Esse poema abriu o<br />
caminho para a posterior cosmologia filo-<br />
s6fica, que, ao invis de usar a fantasia, bus-<br />
cara com a razz0 o "principio primeiro" do<br />
qual tudo se gerou. 0 proprio Hesiodo, com<br />
seu outro poema As obras e os dias, mas<br />
sobretudo os poetas posteriores, imprimi-<br />
ram na mentali<strong>da</strong>de grega alguns principios<br />
que seriam de grande importincia para a<br />
constituigiio <strong>da</strong> itica filos6fica e do pensa-<br />
mento filosofico antigo em geral. A justifa<br />
C exalta<strong>da</strong> como valor supremo em muitos<br />
poetas e se tornari at6 conceito ontologico<br />
(referente ao ser, isto C, fun<strong>da</strong>mental), alim<br />
de moral e politico, em muitos filosofos e<br />
especialmente em Platiio.<br />
0s poetas liricos fixaram de mod0 es-<br />
tavel outro conceito: a nogiio do limite, ou<br />
seja, a idCia de nem demasia<strong>da</strong>mente mui-<br />
to nem demasia<strong>da</strong>mente pouco, isto 6, o<br />
conceito <strong>da</strong> justa medi<strong>da</strong>, que constitui a<br />
conotagiio mais peculiar do espirito grego<br />
e o centro do pensamento filosofico clas-<br />
sico.<br />
Recordemos, finalmente, uma sentenqa,<br />
atribui<strong>da</strong> a um dos antigos sabios e grava<strong>da</strong><br />
no frontispicio do templo de Delfos,<br />
consagrado a Apolo: "Conhece a ti mesmo."<br />
Essa sentenqa, muito famosa entre os gregos,<br />
tornar-se-ia inclusive 60 apenas o mote<br />
do pensamento de Socrates, mas tambim o<br />
principio basilar do saber filosofico grego<br />
at6 os dtimos NeoplatBnicos.<br />
f\ veIigi&o pLl?Iica<br />
e os mistkvios bvficos<br />
0 segundo componente ao qual e precis~<br />
fazer referincia para compreender a<br />
ggnese <strong>da</strong> filosofia grega, como ja dissemos,<br />
i a religiiio. To<strong>da</strong>via, quando se fala de religizo<br />
grega, C necessario distinguir entre a<br />
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