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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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Se a esstncia do homem i material,<br />

tambim necessariamente ser6 material o seu<br />

bem especifico, aquele bem que, concreti-<br />

zado e realizado, torna o homem feliz. E este<br />

bem i a natureza, considera<strong>da</strong> na sua ime-<br />

diatici<strong>da</strong>de, que nos diz sem meias palavras,<br />

como j6 vimos: o bem i o prazer.<br />

Essa conclusHo j6 fora tira<strong>da</strong> pelos Ci-<br />

renaicos. Mas Epicuro reforma radicalmen-<br />

te seu hedonismo. Com efeito, os Cirenaicos<br />

sustentavam que o prazer i "movimento<br />

suave", enquanto que a dor i "movimento<br />

violento"; e negavam que o estado de quie-<br />

tude intermediiirio, ou seja, a austncia de<br />

Capitulo de'cimo - Cpicuro e a fun<strong>da</strong>c&o do "3ardim"<br />

dor, fosse prazer. Epicuro nHo so admite<br />

esse tipo de prazer na quietude ("cataste-<br />

maticon), mas d6-lhe a m6xima import2n-<br />

cia, considerando-o o limite supremo, o<br />

cume do prazer. Ademais, enquanto os Ci-<br />

renaicos consideravam os prazeres e dores<br />

fisicos superiores aos psiquicos, Epicuro<br />

sustenta exatamente o oposto. Como fino<br />

in<strong>da</strong>gador <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de do homem, Epicu-<br />

ro compreendera perfeitamente que mais<br />

do que os gozos ou sofrimentos do corpo,<br />

que s5o circunscritos no tempo, contam as<br />

resson2ncias interiores e os movimentos <strong>da</strong><br />

psique, que os acornpanham e duram bem<br />

mais.<br />

Para Epicuro, portanto, o ver<strong>da</strong>dei-<br />

ro prazer consiste na "austncia de dor no<br />

corpo" (aponia) e na "austncia de pertur-<br />

baqio <strong>da</strong> alma" (ataraxia). Eis as afirma-<br />

q6es do filosofo: "Assim, quando dizemos<br />

que o prazer i um bem, nHo aludimos, de<br />

mod0 algum, aos prazeres dos dissipados,<br />

que consistem em torpezas, como crtem<br />

alguns que ignoram nosso ensinamento ou<br />

o interpretam mal; aludimos, ao contra-<br />

rio, h austncia de dor no corpo e h austn-<br />

cia de perturbaqzo na alma. Portanto, nem<br />

libaqdes e festas ininterruptas, nem gozar<br />

com crianqas e mulheres, nem comer pei-<br />

xes e tudo o mais que uma mesa rica pode<br />

oferecer s50 fonte de vi<strong>da</strong> feliz, mas sim o<br />

s6brio raciocinar, que perscruta a fundo<br />

as causas de todo ato de escolha e de re-<br />

cusa, e que expulsa as falsas opinioes por<br />

via <strong>da</strong>s quais grande perturbaqiio se apos-<br />

sa <strong>da</strong> alma."<br />

Sendo assim, a regra <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> moral<br />

nQo 6 o prazer como tal, mas a raziio que<br />

julga e discrimina, ou seja, a sabedoria pr6-<br />

tica que, entre os prazeres, escolhe aqueles<br />

que nHo comportam em si dor e perturba-<br />

q50, descartando aqueles que dQo gozo mo-<br />

mentsneo, mas trazem consigo dores e per-<br />

turbaqoes subseqiientes.

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