História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
228 Quinta parte - Aristbteles<br />
cado, como quando digo "Socrates C um<br />
homem" (isto C, Socrates C uma substiincia);<br />
ji as outras funcionam como predicado (ou,<br />
se quisermos, siio as figuras supremas de to-<br />
dos os possiveis predicados, os gtneros su-<br />
premos dos predicados). E, naturalmente,<br />
como a primeira categoria constitui o ser so-<br />
bre o qua1 se ap6ia o ser <strong>da</strong>s outras, a primei-<br />
ra categoria sera o sujeito e as outras cate-<br />
gorias niio poderiio deixar de se referir a esse<br />
sujeito e, portanto, s6 elas poder5o ser ver-<br />
<strong>da</strong>deiros predicados.<br />
Quando nos detemos nos termos <strong>da</strong><br />
formulaqiio, isolados e tomados ca<strong>da</strong> qua1<br />
em si mesmo, niio temos nem ver<strong>da</strong>de nem<br />
falsi<strong>da</strong>de: a ver<strong>da</strong>de (ou falsi<strong>da</strong>de) niio esta<br />
nunca nos termos tomados singularmente,<br />
mas somente no juizo que os conecta e na<br />
formulaqiio que expressa tal conexiio.<br />
Naturalmente, como as categorias niio<br />
siio simplesmente os termos que derivam <strong>da</strong><br />
decomposiqiio <strong>da</strong> formulaqiio, mas sim os<br />
gtneros aos quais eles siio redutiveis ou sob<br />
os quais recaem, entiio as categorias s5o al-<br />
go de primario e ngo ulteriormente redutivel.<br />
Assim, niio siio definiveis, precisamente por-<br />
que niio existe algo mais geral a que possa-<br />
mos recorrer para determini-las.<br />
Com isso, tocamos na quest20 <strong>da</strong> defi-<br />
niqiio, que Aristoteles niio trata nas Cate-<br />
gorias, mas sim nos Analiticos segundos e<br />
em outros escritos. Entretanto, como a de-<br />
finis50 diz respeito aos termos e aos concei-<br />
tos, C bom falar dela neste ponto.<br />
Dissemos que as categorias siio indefi-<br />
niveis porque sao os gtneros supremos. 0 s<br />
individuos tambim siio indefiniveis, embo-<br />
ra por raz6es opostas, por serem particula-<br />
res, colocando-se como que nas antipo<strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong>s categorias: deles, so C possivel a percep-<br />
$50. Mas, entre as categorias e os individuos,<br />
ha to<strong>da</strong> uma gama de noq6es e conceitos,<br />
que viio do mais geral ao menos geral: siio<br />
aqueles que normalmente constituem os ter-<br />
mos dos juizos e <strong>da</strong>s proposiq6es que for-<br />
mulamos (o nome indicador do individuo<br />
so pode aparecer como sujeito). Com efei-<br />
to, C precisamente atravis <strong>da</strong> definiqiio (ho-<br />
rismds) que conhecemos todos esses termos<br />
que estiio entre a universali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s cate-<br />
gorias e a particulari<strong>da</strong>de dos individuos.<br />
0 que significa "definir"? Sipifica niio<br />
tanto explicar o significado de uma palavra,<br />
mas muito mais determinar o que C o objeto<br />
que a palavra indica. Por isso, explica-se a<br />
formulaqiio que Aristoteles <strong>da</strong> <strong>da</strong> definiqiio<br />
como "o discurso que expressa a esshcia",<br />
"O discurso que expressa a natureza <strong>da</strong>s coisas"<br />
ou "o discurso que expressa a substiincia<br />
<strong>da</strong>s coisas". E, diz Aristoteles, para se poder<br />
definir alguma coisa necessita-se do "gtnero"<br />
e <strong>da</strong> "diferenqa" ou, como com formula<br />
clissica foi express0 o pensamento arktotilico,<br />
o "gtnero proximo" e a "diferenqa especifica".<br />
Se quisermos saber o que quer dizer<br />
"h~mem~~, devemos, atravis <strong>da</strong> analise, identificar<br />
o "gtnero proximo" em que ele se inchi,<br />
que niio C o de "vivente" (pois tambCm<br />
as plantas siio viventes), mas o de "animal"<br />
(pois o animal, alCm <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> vegetativa, tem<br />
tambCm a vi<strong>da</strong> sensitiva); depois, devemos<br />
analisar as "diferenqas" que determinam o<br />
ginero animal at6 encontrarmos a "diferenqa<br />
ultima" distintiva do homem, que C "rational".<br />
0 homem, portanto, 6 "animal (ggnero<br />
proximo) racional (diferenqa especifica) ".<br />
A esstncia <strong>da</strong>s coisas <strong>da</strong>-se pela diferenqa<br />
ultima que caracteriza o gtnero.<br />
Naturalmente, para a definiqiio dos conceitos<br />
isola<strong>da</strong>mente, vale o que se disse a proposit0<br />
<strong>da</strong>s categorias: uma definiqiio pode ser<br />
vali<strong>da</strong> ou niio vali<strong>da</strong>, mas nunca ver<strong>da</strong>deira<br />
ou falsa, porque ver<strong>da</strong>deiro e falso implicam<br />
sempre uniiio ou separaqiio de conceitos e<br />
isso so acontece no juizo e na formulaqiio<br />
<strong>da</strong> proposiqiio, de que devemos falar agora.<br />
Quando unimos os termos entre si, afir-<br />
mando ou negando algo de alguma outra<br />
coisa, temos entiio o "juizo". 0 juizo, portan-<br />
to, C o ato com que afirmamos ou negamos<br />
um conceito em relaqiio a outro conceito. E<br />
a express50 16gica do juizo C a "enunciaqiio"<br />
ou "proposiqiio".<br />
0 juizo e a proposiqiio constituem a<br />
forma mais elementar de conhecimento, a<br />
forma que nos <strong>da</strong> a conhecer diretamente<br />
um nexo entre um predicado e um sujeito.<br />
0 ver<strong>da</strong>deiro e o falso, portanto, nascem<br />
com o juizo, isto C, com a afirmaqiio e com<br />
a negaqiio: temos o ver<strong>da</strong>deiro quando, com<br />
o juizo, conjugamos aquilo que realmente C<br />
conjugado (ou se separa o que 6 realmente