12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Quinta parte - S\ristbt&s<br />

e natureza de seus objetos<br />

Arist6teles nio dedicou especial aten-<br />

qio is ciencias matemiticas, uma vez que<br />

nutria por elas bem menor interesse que<br />

Platio, que fez <strong>da</strong> matemitica quase uma<br />

via de acesso obrigat6ria para a metafisica<br />

<strong>da</strong>s Idiias, e que chegou a inscrever no<br />

portio de sua Academia: "Quem nio for<br />

geGmetra, niio entre." Entretanto, tambim<br />

neste campo o Estagirita soube <strong>da</strong>r sua con-<br />

tribuiqiio peculiar e relevante ao determinar,<br />

pela primeira vez de mod0 correto, o esta-<br />

tuto ontol6gico dos objetos de que se ocu-<br />

pam as ciencias matemiticas. Portanto, tal<br />

contribuiqio merece ser recor<strong>da</strong><strong>da</strong> de mod0<br />

preciso.<br />

Platio e muitos plat8nicos entendiam<br />

os numeros e objetos matematicos em geral<br />

como "enti<strong>da</strong>des ideais separa<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s sen-<br />

siveis" . Outros plat8nicos procuraram sua-<br />

vizar essa dura concepqio, imanizando os<br />

objetos matemiticos nas coisas sensiveis,<br />

embora mantendo firmemente a convicqio<br />

de que se tratava de reali<strong>da</strong>des inteligiveis<br />

distintas <strong>da</strong>s sensiveis. Arist6teles refutou<br />

ambas as concepqoes, julgando-as uma mais<br />

absur<strong>da</strong> do que a outra e, portanto, absolu-<br />

tamente inaceitaveis. Ele ressalta o seguin-<br />

te: podemos considerar as coisas sensiveis,<br />

prescindindo de to<strong>da</strong>s as outras co-proprie-<br />

<strong>da</strong>des, somente como corpos tridimensio-<br />

nais; depois, prosseguindo o process0 de<br />

abstraqio, podemos ain<strong>da</strong> considerar as<br />

coisas somente segundo duas dimensoes, isto<br />

6, como superficies, prescindindo de todo o<br />

resto; continuando, podemos considerar as<br />

coisas s6 como comprimento e depois como<br />

uni<strong>da</strong>des indivisiveis, tendo porkm posiqio<br />

no espaqo, ou seja, s6 como pontos; por fim,<br />

tambim podemos considerar as coisas como<br />

uni<strong>da</strong>des puras, ou seja, como enti<strong>da</strong>des in-<br />

divisiveis e sem posiqiio espacial, isto 6, como<br />

uni<strong>da</strong>des numkricas.<br />

Eis a soluqio aristotklica: os objetos<br />

matematicos nio sio enti<strong>da</strong>des reais, mas<br />

tampouco algo de irreal. Eles existem "po-<br />

tencialmente" nas coisas sensiveis, sendo que<br />

nossa raziio os "separa" pela abstraqio. As-<br />

sim, eles siio entes de razio, que, "em ato",<br />

s6 existem em nossa mente, precisamente<br />

em virtude de nossa capaci<strong>da</strong>de de abstra-<br />

qio (OU seja, existem como "separados"<br />

somente na e pela mente), enquanto que,<br />

"em potencia", existem nas coisas como sua<br />

proprie<strong>da</strong>de intrinseca. Esta parcial reduqio<br />

dos entes matemiticos i dimensio mental<br />

salvou Arist6teles do matematismo em que<br />

cairam os discipulos imediatos de Platio, e<br />

em particular seu sucessor Espeusipo e, ao<br />

mesmo tempo, lhe permitiu desenvolver em<br />

sentido origial os ganhos <strong>da</strong> "segun<strong>da</strong> na-<br />

vegaqio", que constituem a parte mais sig-<br />

nificativa <strong>da</strong> filosofia do mestre.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!