História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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Segun<strong>da</strong> parte - $\ frzv\<strong>da</strong>G60 do pev\samento filosbfico<br />
Pitiigoras, que viveu entre a segun<strong>da</strong> metade<br />
do sec. VI e os inkios do V a.C.,<br />
foi o fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> matematica grega<br />
e o criador <strong>da</strong> "vi<strong>da</strong> contemplativan,<br />
que foi chama<strong>da</strong> por seus seguidores,<br />
corn simhdlica consagra@o do seu nome,<br />
tamhim "vi<strong>da</strong> pitagririca"<br />
(Roma, Museus Capitolinos).<br />
tos que lhe permitissem distinguir Pitagoras<br />
de seus discipulos, e falava dos "assim cha-<br />
mados Pitag6ricosn, ou seja, os fil6sofos "que<br />
eram chamados" ou "que se chamavam Pi-<br />
tagoricos", filosofos que procuravam jun-<br />
tos a ver<strong>da</strong>de e que, portanto, niio se dife-<br />
renciavam individualmente.<br />
N5o C possivel, portanto, falar do pen-<br />
samento de Pitagoras, considerado indivi-<br />
dualmente, e sim do pensamento dos Pi-<br />
tagoricos, considerados globalmente.<br />
A pesquisa filos6fica refinou-se no-<br />
tavelmente, ao passar <strong>da</strong>s col6nias j6nicas<br />
do Oriente para as col6nias do Ocidente, para<br />
onde emigraram as antigas tribos j6nicas e<br />
onde se criara uma tempera cultural dife-<br />
rente. Com efeito, com clara mu<strong>da</strong>nqa de<br />
perspectiva, os Pitag6ricos indicaram o nu-<br />
mero (e os componentes do numero) como<br />
o "principio", ao invCs <strong>da</strong> agua, do ar ou<br />
do fogo.<br />
0 mais claro e famoso texto que resu-<br />
me o pensamento dos Pitagoricos C a seguin-<br />
te passagem de Aristbteles, que se ocupou<br />
muito e a fundo desses fil6sofos: "0s Pi-<br />
tagoricos foram os primeiros que se dedica-<br />
ram as matematicas e as fizeram progredir.<br />
Nutridos pelas mesmas, acreditaram que os<br />
principios delas fossem os principios de to-<br />
<strong>da</strong>s as coisas que existem. E, uma vez que<br />
nas matemkicas os numeros s20, por sua na-<br />
tureza, os principios primeiros, precisamente<br />
nos numeros eles acreditavam ver, mais que<br />
no fogo, na terra e na igua, muitas seme-<br />
lhanqas com as coisas que existem e se ge-<br />
ram (...); e, alCm disso, como viam que as<br />
notas e os acordes musicais consistiam em<br />
numeros; e, por fim, como to<strong>da</strong>s as outras<br />
coisas, em to<strong>da</strong> a reali<strong>da</strong>de, pareciam-lhes<br />
serem feitas a imagem dos numeros e que<br />
os numeros fossem aquilo que C primeiro<br />
em to<strong>da</strong> a reali<strong>da</strong>de, pensaram que os ele-<br />
mentos do numero fossem elementos de to-<br />
<strong>da</strong>s as coisas, e que todo o universo fosse<br />
harmonia e numero."<br />
A primeira vista, essa teoria pode cau-<br />
sar estupefaqiio. Na reali<strong>da</strong>de, a descoberta<br />
de que em to<strong>da</strong>s as coisas existe regulari<strong>da</strong>-<br />
de matematica, ou seja, numCrica, deve ter<br />
produzido uma impressso tiio extraordi-<br />
naria a ponto de levar ?i mu<strong>da</strong>nqa de pers-<br />
pectiva <strong>da</strong> qual falamos, e que marcou uma<br />
etapa fun<strong>da</strong>mental no desenvolvimento es-<br />
piritual do Ocidente. No entanto, deve ter<br />
sido determinante para isso a descoberta de<br />
que os sons e a mfisica, ?i qual os Pitagoricos<br />
dedicavam grande atengzo como meio de<br />
purificaqio e catarse, s5o traduziveis em de-<br />
terminaq8es numtricas, ou seja, em nume-<br />
ros: a diversi<strong>da</strong>de dos sons produzidos pe-<br />
10s martelos que batem na bigorna depende<br />
<strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de de peso dos martelos (que C<br />
determinavel segundo um numero), ao pas-<br />
so que a diversi<strong>da</strong>de dos sons <strong>da</strong>s cor<strong>da</strong>s de<br />
um instrumento musical depende <strong>da</strong> diver-<br />
si<strong>da</strong>de de comprimento <strong>da</strong>s cor<strong>da</strong>s (que C<br />
analogamente determinavel segundo um nii-<br />
mero). AlCm disso, os Pitagoricos descobri-<br />
ram as relaq8es harm6nicas de oitava, de<br />
quinta e de quarta, bem como as leis numC-<br />
ricas que as governam (1 : 2,2 : 3, 3 : 4).