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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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230 Qzlinta partc - Arist6teles<br />

a estrutura <strong>da</strong> inferincia e, portanto, pres-<br />

cinde do conteudo de ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s premis-<br />

sas (e, conseqiientemente, <strong>da</strong>s conclusdes).<br />

Ja o silogismo "cientifico" ou "demonstra-<br />

tivo" se diferencia do silogismo em geral<br />

precisamente porque, alim <strong>da</strong> correqao for-<br />

mal <strong>da</strong> inferencia, tambim diz respeito ao<br />

valor de ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s premissas (e <strong>da</strong>s con-<br />

seqiitncias). As premissas do silogismo cien-<br />

tifico devem ser ver<strong>da</strong>deiras, pelas razdes<br />

apresenta<strong>da</strong>s; alim disso, devem ser "pri-<br />

meiras", ou seja, nao tendo necessi<strong>da</strong>de, por<br />

seu turno, de ulteriores demonstraqdes, mais<br />

conheci<strong>da</strong>s e anteriores, isto 6, devem ser,<br />

por si mesmas, inteligiveis, claras e mais uni-<br />

versais do que as conclusdes, porque devem<br />

conter a sua razao.<br />

E assim chegamos a um ponto delica-<br />

dissimo <strong>da</strong> doutrina aristotilica <strong>da</strong> ciincia:<br />

como conhecemos as premissas? Certamente<br />

nao atraves de novos silogismos, porque, des-<br />

se modo, se caminharia para o infinito. Portan-<br />

to, i por outro caminho. Que caminho i esse?<br />

0 conlqecimento irnediato:<br />

indqGo e int~ziqGo<br />

0 silogismo C um processo substancial-<br />

mente dedutivo, porquanto extrai ver<strong>da</strong>des<br />

particulares de ver<strong>da</strong>des universais. Mas co-<br />

mo sao colhi<strong>da</strong>s as ver<strong>da</strong>des universais? Aris-<br />

toteles nos fala de a) "induqao" e de b) "in-<br />

tuiqao" como de processos em certo sentido<br />

opostos ao processo silogistico, mas que, de<br />

qualquer forma, o proprio silogismo pres-<br />

sunfie.<br />

- -<br />

r -- a) A indugiio i o procedimento pel~<br />

qual do particular se extrai o universal. Apesar<br />

de, nos Analiticos, Aristoteles tentar<br />

mostrar que a propria induggo pode ser trata<strong>da</strong><br />

silogisticamente, essa tentativa permanece<br />

inteiramente isola<strong>da</strong>. E ele reconhece,<br />

ao contrhrio, habitualmente, que a induqiio<br />

nao C um raciocinio, mas sim um "ser conduzido"<br />

do particular ao universal por uma<br />

espicie de visa0 imediata ou de intuiqiio, que<br />

a experiincia torna possivel. Em esstncia, a<br />

induqiio i o processo abstrativo.<br />

b) A intui~iio, ao contrario, i a captaqao<br />

pura dos principios primeiros por parte do<br />

intelecto. Assim, tambim Aristoteles (como<br />

Platao ja havia feito, embora de mod0 diverso)<br />

admite uma intuiqao intelectiva; com efeito,<br />

a possibili<strong>da</strong>de do saber "mediato" pressupde<br />

estruturalmente um saber "imediato".<br />

0 s pri~cipios <strong>da</strong> demonstraCGo<br />

e o principio<br />

de n~o-contradic~o<br />

As premissas e os principios <strong>da</strong> demonstraqao<br />

sao captados por induqao ou por intuiqao.<br />

A esse proposito deve-se notar que,<br />

antes de mais na<strong>da</strong>, ca<strong>da</strong> citncia assume<br />

premissas e principios proprios, isto 6, premissas<br />

e principios que so a ela sao peculiares.<br />

Em primeiro lugar, assume a existencia<br />

do Smbito, ou melhor (em termos 16gicos),<br />

a existencia do sujeito em torno do qual<br />

verterao to<strong>da</strong>s as suas determinaqdes, que<br />

Aristoteles chama de genero-sujeito. Por<br />

exemplo: a aritmitica assume a existencia<br />

<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de e do numero, a geometria a existincia<br />

<strong>da</strong> grandeza espacial e assim por diante.<br />

E ca<strong>da</strong> ciencia caracteriza o seu sujeito<br />

pel0 caminho <strong>da</strong> definiqao.<br />

Em segundo lugar, ca<strong>da</strong> citncia trata de<br />

definir o significado de uma sirie de termos<br />

que lhe pertencem (a aritmitica, por exemplo,<br />

define o significado de pares, impares<br />

etc.; a geometria define o significado de comensuravel,<br />

incomensuravel etc.), mas niio<br />

assume sua existincia e sim a demonstra,<br />

provando precisamente que se trata de caracteristicas<br />

que competem ao seu objeto.<br />

Em terceiro lugar, para poder fazer isso,<br />

as ciencias devem usar de certos "axiomas",<br />

ou seja, de proposiqdes ver<strong>da</strong>deiras de ver<strong>da</strong>de<br />

intuitiva, e s a esses ~ os principios pelos<br />

quais acontece a demonstra~ao. Um exem-

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