História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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Terceira parte - descoberta do homem<br />
E, mesmo admitindo que seja concsbido,<br />
n6o pods ser comunicado a outro. Com efeito,<br />
se os antes, os qua sxistsm fora de nos, sdo<br />
visiveis, audiveis e em geral perceptiveis, e<br />
destss os visiveis sdo captClveis corn a vis60,<br />
como sumo poder do homem<br />
-."----" -<br />
Gbrg~as, exotarnente como consequ6nc/o<br />
do seu nl~llsrno, d~r~g~u sua atenqdo para<br />
o poder <strong>da</strong> palovro do homern, ndo consldera<strong>da</strong><br />
como expressdo de ver<strong>da</strong>de, rnos como<br />
portadora de persuasdo ps~colog~ca, de sugsstao,<br />
e crladora ds crenps<br />
€IS corno Platdo p8e no boca de<br />
Gbrglos as conv1cq6es do Sohsta sobre Gssa<br />
qu@stBo.<br />
-- - -<br />
1. R arts ret6rica 6 dstsrminante<br />
para provocar <strong>da</strong>cisbs politicas<br />
G~RGIAS. Procurorel, Socrates, revelar-te todo<br />
o poder <strong>da</strong> retorlca: tu mesmo me rnd~caste<br />
o cammho. Bsm sabes que astes arsenals e<br />
sstes muros dos atenienses e tamb&m a cpnstrucdo<br />
dos portos foram feitos por conselho de<br />
Temistoclss e, em parta, tamb&m de Pbricles, e<br />
ndo por conselho ds t8cnicos.<br />
os audfveis corn a audi~do e n6o o contrario,<br />
S~CRATES. lsto se diz, Gorgias, de Temistoclas.<br />
Pbricles, depois, eu proprio o ouvi, quancomo<br />
& possivel entdo manifest6los a outro? do aconselhava a constrqBo do muro central.<br />
Corn efsito, aquilo corn qus manifestamos & a G~RGIRS. Portanto, tambBm quando ss<br />
palavra, mas a palavra ndo coincide corn os deve tomarralguma decisBo sobre as coisas de<br />
entss concretamenta existsntes. Portanto, aos que ha pouco falavas, Socrates, v6 bem qua<br />
outros n6o manifestamos os entes, mas a pa- sdo os retores os que aconselham e fazem prelavra<br />
que & diversa dos entss concretes. Entdo, valecer seus parecares.<br />
como a realidode visivel ndo pode se tornar S~CRATES. Exatamente porque me maraviaudivel<br />
e vice-versa, tambbm o enta que se Iho disso, Gorqias, h6 algum tempo estou te<br />
concretiza fora de nos ndo pode se tornar pala- perguntando qua1 6 o podsr <strong>da</strong> retorica: consivra<br />
nossa. NBo sendo uma palavra, o ente n6o derando-o deste modo, com efeito, apresentapode<br />
ser evidenciado a outro.<br />
Ssxto Empirico, Contra os mot~mdticos.<br />
se-me de grandeza ver<strong>da</strong>deiramente divina.<br />
VII. 65-87. 2. A arts retorica sabe persuadir o homem<br />
em to<strong>da</strong>s as coisas<br />
G~RGIRS. SG: SOU~QSSGS t~d0, SOC~O~~S<br />
Saberias que essa, em certo sentido, abrasa e<br />
conthm em si todos os poderes! Apresento-te<br />
uma prova not6vel. Muitas vezes fui com meu<br />
irmdo s outros mbdicos a algum dosnte qus<br />
n60 queria absolutamente tomar o rembdio, ou<br />
deixar-se operar ou cauterizar pelo m&dico. Pois<br />
bem, enquanto o mbdico era incapaz de persuadi-lo,<br />
eu, ao contrClrio, consegui persuadir<br />
apenas corn a arte <strong>da</strong> retorica. E dig0 tamb&m<br />
que se urn mbdico e um retor fossem a uma ci<strong>da</strong>de<br />
qualquer s tivessem de discutir na assemblbia<br />
popular ou em qualquer outra reunido qua1 dos<br />
dois deveria ser escolhido corno mbdico, o m&dico<br />
ndo vencsria, s %ria escolhido aquele qua<br />
6 hCIbil em falar, uma vez que o quisasse. E<br />
assim, ss devesse compstir corn qualquer outro<br />
t&cnico, o retor persuadiria a escolher a GIG<br />
antes ds outro qualquer, porqus ndo h6 na<strong>da</strong><br />
de que o retor, diante <strong>da</strong> multiddo, ndo saib falards<br />
maneira mais persuasiva do que qualquer<br />
outro tbcnico. Tanto e tal 6 o poder desta arte!<br />
Plat60, Gorgias, 455d-456c.