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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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306 Sexta parte - -A, escolas filos6fificas <strong>da</strong> era helenistiin<br />

Entiio, <strong>da</strong>s duas, uma: ou o sibio es-<br />

t6ico deveri contentar-se com opiniGes, ou<br />

entiio, se isso for inaceitivel para o sabio,<br />

ele devera suspender o acordo, ser "acata-<br />

liptico".<br />

A "suspensiio de juizo", que os Est6i-<br />

cos recomen<strong>da</strong>vam s6 nos casos de falta de<br />

evidincia, t assim generaliza<strong>da</strong> por Arce-<br />

silau, uma vez estabelecido que "nunca exis-<br />

te evidincia absoluta".<br />

Para viver praticamente, uma vez que<br />

falta um critCrio absoluto de ver<strong>da</strong>de, bas-<br />

tar5 a "razoabili<strong>da</strong>de", a qual, de fato, to-<br />

dos os homens sibios se atim, e que, por-<br />

tanto, demonstra-se suficiente.<br />

O Ceticismo acadgmico<br />

de Carnkades<br />

Durante cerca de meio sCculo a Acade-<br />

mia moveu-se lentamente ao longo do ca-<br />

minho aberto por Arcesilau, at6 que novo<br />

impulso lhe foi <strong>da</strong>do por CarnCades (nasci-<br />

do em Cirene aproxima<strong>da</strong>mente em 214<br />

a.C. e morto em 129 a.C.), homem dotado<br />

de notavel empenho e de excepcional capa-<br />

ci<strong>da</strong>de dialitica, uni<strong>da</strong> a uma habili<strong>da</strong>de<br />

ret6rica extraordinaria. CarnCades tambCm<br />

nHo escreveu na<strong>da</strong>, confiando seu magistC-<br />

rio inteiramente a palavra.<br />

Segundo CarnCades, niio existe nenhum<br />

critCrio de ver<strong>da</strong>de em geral e, faltando um<br />

critirio absoluto <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, desaparece tam-<br />

bCm to<strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de encontrar qual-<br />

quer ver<strong>da</strong>de particular.<br />

Mas nem por isto d,esaparece tambCm<br />

a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> aqio. E exatamente para<br />

resolver o problema <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que CarnCades<br />

cogita sua cClebre doutrina do "provivel".<br />

A doutrina do "provivel" de CarnCa-<br />

des, mais que como profissio de dogmatis-<br />

mo mitigado, deve-se entender como argu-<br />

mentaqzo dialitica volta<strong>da</strong> para derrubar o<br />

dogmatism0 extremo dos Est6icos. Em ou-<br />

tros termos, CarnCades teria procurado mos-<br />

trar que, como nio existe crittrio absoluto<br />

de ver<strong>da</strong>de, o sabio estoico (assim como to-<br />

dos os outros homens comuns) regulava-se<br />

segundo o crite'rio do "proua'uel".<br />

Eis o seu raciocinio. Se nio existe re-<br />

presentaqio abrangente, tudo C incompreen-<br />

sivel (acatalCptico) e a conseqiiente posiqiio<br />

a assumir 6: a) ou a epoche', isto C, a suspen-<br />

sio do acordo e do juizo, ou entio b) o as-<br />

sentimento <strong>da</strong>do aquilo que C em si objeti-<br />

vamente incompreensivel, mas que para nds<br />

pode aparecer como "provivel". Se, teori-<br />

camente, a primeira posiqao C a correta, ao<br />

contrario, C a segun<strong>da</strong> que praticamente nos,<br />

como homens, somos obrigados a abraqar<br />

para viver.<br />

Fdon de Larissa<br />

A partir do sic. I1 a.C., faz-se sempre<br />

mais forte, at6 tornar-se dominante no sic.<br />

I a.C. e tambCm mais tarde, a tendincia ao<br />

"ecletismo" (termo derivado do grego ek-<br />

le'ghein, que significa "escolher e reunir, to-<br />

mando de virias partes"), que visava a reunir<br />

e fundir o melhor (ou o que era considera-<br />

do tal) <strong>da</strong>s virias Escolas.<br />

As causas que produziram esse fen&<br />

meno foram: a exaustao <strong>da</strong> vitali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

Escolas singulares, o difundido probabilismo<br />

<strong>da</strong> Academia, a influincia do espirito priiti-<br />

co romano e a valorizaqiio do senso comum.<br />

0 Ecletismo foi introduzido oficial-<br />

mente na Academia (a Escola que, mais de<br />

to<strong>da</strong>s as outras, o acolheu e divulgou) por<br />

Filon de Larissa (que se tornou chefe <strong>da</strong> Es-<br />

cola por volta de 110 a.C.). A novi<strong>da</strong>de de<br />

Filon, introduzi<strong>da</strong> por volta de 87 a.C. atra-<br />

vCs de dois livros escritos em Roma, deveria<br />

indubitavelmente ser a que Sexto Empirico<br />

assinala na seguinte passagem: "Filon afir-<br />

ma que, quanto ao critkrio estoico, isto 6, a re-<br />

presentaqiio catalCptica, as coisas sio incom-<br />

preensiveis; mas, quanto a natureza <strong>da</strong>s<br />

prdprias coisas, compreensiveis".<br />

A passagem, na interpretaqio de Cice-<br />

ro, diria isto: o critCrio de ver<strong>da</strong>de est6ico<br />

(a representaqao compreensiva) nio C sus-<br />

tentivel; e, posto que nio C sustentivel o<br />

critCrio estoico, que 6 o mais refinado, ne-<br />

nhum critCrio se sustenta; isto nio implica,<br />

to<strong>da</strong>via, que as coisas sejam "objetivamen-<br />

te incompreensiveis"; elas s%o, simplesmen-<br />

te, "incompreendi<strong>da</strong>s por nos". Com esta<br />

afirmaqio, Filon se coloca fora do Ceticis-<br />

mo. Com efeito, dizer que as coisas "siio<br />

compreensiveis quanto a sua natureza" sig-<br />

nifica fazer uma afirmaqio cuja pretensa<br />

intencionali<strong>da</strong>de ontol6gica t "dogmitica",<br />

segundo os cinones cCticos. Significa, de<br />

fato, admitir uma ver<strong>da</strong>de ontologica, mes-<br />

mo negando a possibili<strong>da</strong>de do seu corres-<br />

pondente 16gico e gnosiologico. 0 cCtico nio

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