História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
d) alguns fen6menos que pareciam per-<br />
manecer inexplicados.<br />
Bastava eliminar as complicaqbes cria-<br />
<strong>da</strong>s por Eud6xio com a multiplicaq50 do<br />
nhero de esferas atravis <strong>da</strong> formulaqiio de<br />
novas hipoteses que, embora mantendo a<br />
construq50 geocintrica geral e as orbitas cir-<br />
culares dos planetas, podiam muito bem "sal-<br />
var os fenbmenos", como ent5o se dizia, ou<br />
seja, explicar aquilo que aparece para a vi-<br />
s5o e a experitncia. Essas hip6teses se redu-<br />
zem a duas, muito importantes:<br />
1) a dos "epiciclos" (em certa medi<strong>da</strong><br />
ja antecipa<strong>da</strong> por Heraclides);<br />
2) a dos "exctntricos".<br />
1) A hip6tese dos "epiciclos", como ja<br />
acenamos, consistia em admitir que os pla-<br />
netas giravam em torno do sol, que, por seu<br />
turno, girava em torno <strong>da</strong> terra.<br />
2) A hipotese do "exci?ntrico" consis-<br />
tia em admitir orbitas circulares em torno<br />
<strong>da</strong> terra com um centro n50 coincidente com<br />
o centro <strong>da</strong> terra, sendo, portanto, "exctn-<br />
trico" em relag50 a esta.<br />
tliparco de Nickia<br />
e os consensos por ele obtidos<br />
Hiparco de Nickia, no auge por volta<br />
de meados do skc. I1 d.C., deu a explicaq50<br />
mais convincente, para a mentali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
ipoca, sobre os movimentos dos astros com<br />
base nessas hip6teses. A distiincia diversa<br />
do sol e <strong>da</strong> terra e as estaqbes, por exemplo,<br />
S ~ facilmente O expliciiveis supondo-se que<br />
o sol gira segundo uma orbita excintrica em<br />
relag50 a terra. Com habeis combinaqbes <strong>da</strong>s<br />
duas hipoteses, ele conseguiu <strong>da</strong>r conta de<br />
todos os fen6menos celestes. Desse modo,<br />
o geocentrismo foi salvo e, ao mesmo tempo,<br />
nenhum fenbmeno celeste parecia ficar<br />
sem explicaq50.<br />
E assim que Plinio louva o nosso astr6nomo:<br />
"0 proprio Hiparco, que nunca<br />
sera suficientemente elogiado, ja que ningukm<br />
mais do que ele mostrou que o homem<br />
tem afini<strong>da</strong>de com os astros e que nossas<br />
almas s5o parte do cku, descobriu uma<br />
estrela nova e diferente que nasceu na sua<br />
ipoca. E, constatando que o lugar em que<br />
ela refulgia se deslocava, questionou-se se<br />
isso n5o deveria acontecer com mais frequtncia<br />
e se as estrelas que nos consideramos<br />
fixas tambim n5o se moveriam: consequentemente,<br />
ousou lanqar-se numa empresa<br />
Capitulo de'cimo terceiro - 0 s desevolvimentos e as conquistas<br />
319<br />
que seria irdua at6 mesmo para um deus, a<br />
de contar as estrelas para os pdsteros e catalogar<br />
os astros, mediante instrumentos por<br />
ele inventados, pelos quais podia indicar suas<br />
posiqbes e grandezas, de mod0 que se pudesse<br />
facilmente reconhecer <strong>da</strong>qui n5o apenas<br />
se as estrelas morriam e nasciam, mas<br />
tambkm se alguma se deslocava ou se movia,<br />
crescia ou diminuia. E assim deixou o<br />
ce'u como heran~a para todos os homens,<br />
para o caso de que se encontrasse um homem<br />
que estivesse em condiqbes de recolher<br />
sua heranqa."<br />
E como heranqa deixou um catalog0<br />
de na<strong>da</strong> menos que 850 estrelas!<br />
0 apogeM <strong>da</strong> wedicina<br />
helenistica corn Crbfilo<br />
e &rolsistrato<br />
e sMa involuG&o posteriov<br />
No Museu de Alexandria, na primeira<br />
metade do skc. I11 a.C.. realizaram-se Des-<br />
quisas de anatomia e fisiologia muito im-<br />
portantes, sobretudo pelos midicos Er6filo<br />
de Calced6nia e Erasistrato de Jdi<strong>da</strong>. A pos-<br />
sibili<strong>da</strong>de de dedicar-se B pesquisa volta<strong>da</strong><br />
para o puro increment0 do saber, a apare-<br />
lhagem posta B disposiq50 pelo Museu e a<br />
proteqzo de Ptolomeu Filadelfo, que permi-<br />
tiu a dissecaqzo de ca<strong>da</strong>veres, fizeram com<br />
que tais ,citncias realizassem notaveis pro-<br />
gressos. E certo que Er6filo e Erasistrato che-<br />
garam at6 a realizar operaq6es de vivissec-<br />
$50 em alguns malfeitores (com permiss50<br />
real). suscitando muito alvoroco.<br />
, ,<br />
A Er6filo devem-se muitas descobertas<br />
no iimbito <strong>da</strong> anatomia descritiva (algumas<br />
ain<strong>da</strong> levam seu nome). Ele superou defini-<br />
tivamente a concepq50 de que o 6rgZo cen-<br />
tral do organism0 vivo fosse o coraq50, de-<br />
monstrando aue. ao contrario. era o ckrebro.<br />
1 ,<br />
Conseguiu tambkm estabelecer a distinqzo<br />
entre nervos sensores e nervos motores. Re-<br />
tomando uma idkia de seu mestre Praxi-<br />
goras, Er6filo estudou as pulsaqbes e indicou<br />
seu valor dia~n6stico. " Por fim. retomou<br />
a doutrina dos humores, de ginese hipocratica.<br />
Erasistrato distinguiu as artkrias <strong>da</strong>s<br />
veias e sustentou que as primeiras conttm o<br />
ar, ao passo que as segun<strong>da</strong>s conttm o sangue.<br />
0s estudiosos de historia <strong>da</strong> medicina