12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

trio pensava fun<strong>da</strong>r em Alexandria algo que<br />

fosse como que um Peripato de proporq6es<br />

multiplica<strong>da</strong>s, construido e a<strong>da</strong>ptado com<br />

base nas novas exigincias. Chamou a Alexandria<br />

o proprio Estratiio de Limpsaco,<br />

escolarca do Peripato, que se tornou inclusive<br />

preceptor do filho do rei.<br />

A intenqiio de DemCtrio e de Ptolomeu<br />

era a de reunir em uma grande instituiqso<br />

todos os livros e todos os instrumentos cientificos<br />

necessiirios is pesquisas, de mod0 a<br />

fornecer aos estudiosos material que niio<br />

encontrariam em nenhum outro lugar, induzindo-os<br />

assim a ir para Alexandria.<br />

Desse modo, nasceram o "Museu" (que<br />

significa "instituiqio sagra<strong>da</strong> dedica<strong>da</strong> as<br />

Musas", protetoras <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des intelectuais)<br />

e a "Biblioteca" a ele anexa. 0 primeiro<br />

oferecia todo o instrumental para as<br />

pesquisas mkdicas, biologicas e astron6micas;<br />

a segun<strong>da</strong> oferecia to<strong>da</strong> a produqio literaria<br />

dos gregos. Sob Ptolomeu 11, a Biblioteca<br />

encaminhou-se para a imponente cifra<br />

de quinhentos mil livros, que pouco a pouco<br />

cresceu para setecentos mil, constituindo a<br />

mais grandiosa coleqio de livros do mundo<br />

antigo.<br />

A Biblioteca teve diretores famosos,<br />

sendo de nos conhecidos todos os nomes do<br />

periodo hreo: Zenodoto, Apol6nio de Rode~,<br />

Eratostenes, Aristofanes de Bizincio,<br />

Apol6nio Eidografo e Aristarco de Samotricia.<br />

Como veremos logo, esses homens lanqaram<br />

as bases <strong>da</strong> ciincia filologica.<br />

Ja o Museu atraiu matematicos, astr6nomos,<br />

midicos e geografos, que, no imbito<br />

dessa instituiqiio, expressaram o melhor<br />

de tudo o que a antigui<strong>da</strong>de produziu a esse<br />

respeito, como veremos adiante.<br />

0 nascimento <strong>da</strong> fiIoIogia<br />

Zenodoto, que foi o primeiro bibliote-<br />

ciirio, iniciou a sistematizaq20 dos volumes,<br />

mas foi Calimaco que, no reinado de Pto-<br />

lomeu I1 (283-247 a.C.), compilou os Pina-<br />

kes, ou seja, os "Catalogos" (em 120 livros),<br />

nos quais ordenou os volumes por setores e<br />

gineros literirios, com ordenaqiio alfabCti-<br />

ca dos autores, breve biografia de ca<strong>da</strong> um,<br />

sistematizaqao <strong>da</strong> produqio individual dos<br />

autores e soluqio dos problemas de atribui-<br />

$20 diibia. 0s Catalogos de Calimaco fo-<br />

ram a base de todo o trabalho posterior.<br />

Zenodoto, no entanto, aprontou a pri-<br />

meira ediqio de Homero e talvez tenha sido<br />

precisamente ele quem dividiu em vinte e<br />

quatro livros tanto a Ilia<strong>da</strong> como a Odzsse'ia.<br />

Arist6fanes de Bizincio (257-180 a.C.) e<br />

Aristarco de Samotricia (217-145 a.C.) tam-<br />

bCm realizaram ediq6es de Homero. Mas so-<br />

bremodo importante foi Aristarco, que cons-<br />

titui a principal fonte de nossa tradiqso. 0<br />

controle dos numerosos exemplares <strong>da</strong> Bi-<br />

blioteca permitiram-lhe identificar e expur-<br />

gar versos interpolados e apontar versos<br />

suspeitos. Foi a seus comentarios que se ati-<br />

veram os pesquisadores posteriores.<br />

Dionisio de Tricia, discipulo de Aristar-<br />

co, elaborou a primeira Gramatica grega por<br />

nos conheci<strong>da</strong>, beneficiando-se <strong>da</strong> contribui-<br />

qiio que os PeripatCticos e Estoicos deram<br />

nesse campo (em 145 a.C. refugiou-se em<br />

Rodes, expulso por Ptolomeu Fiscon, pelas<br />

raz8es de que adiante falaremos).<br />

Ji a interpretaqso alegorica de Homero<br />

e de outros poetas, codifica<strong>da</strong> por Crates<br />

de Malo em Pkrgamo, desde entiio se difun-<br />

diu e fortaleceu (tendo sido adota<strong>da</strong>, entre<br />

outros, pelos Estoicos), at6 se tornar predo-<br />

minante na Cpoca imperial.<br />

Nesse periodo, tambim se difundiu o<br />

ginero literario <strong>da</strong> biografia, do qua1 pou-<br />

co restou. Entretanto, no que se refere aos<br />

filosofos, conhecemos pelo menos a tardia<br />

exemplificaqiio sintetizadora de Diogenes<br />

LaCrcio, que utilizou amplamente muito do<br />

material recolhido nesse periodo.<br />

Por fim, devemos recor<strong>da</strong>r que foi esse<br />

movimento filologico e suas aquisiqoes que<br />

tornou possivel a ediqiio <strong>da</strong>s obras esotC-<br />

ricas de Aristoteles, de que j6 falamos ampla-<br />

mente.<br />

Assim, 6 na Alexandria helenistica que<br />

estiio as raizes historicas <strong>da</strong>s modernas e<br />

refinadissimas ticnicas de ediqio critica de<br />

textos antigos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!