12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pre visiveis os traqos <strong>da</strong> mascara essencial,<br />

a do n2o-saber e <strong>da</strong> ignorhcia, de que falamos:<br />

podemos ati dizer que, no fundo, as miscaras<br />

policromiticas <strong>da</strong> ironia socritica eram<br />

variantes <strong>da</strong> mascara principal, as quais, com<br />

h5bil e multiforme jogo de dissolv~ncias, no<br />

fim <strong>da</strong>s contas sempre revelavam a principal.<br />

Restam ain<strong>da</strong> por esclarecer os dois<br />

momentos <strong>da</strong> "refutaq50n e <strong>da</strong> "maiiutica",<br />

que s5o os momentos constitutivos estruturais<br />

<strong>da</strong> dialitica.<br />

A "refutaq20" (e'lenchos) constituia, em<br />

certo sentido, a pars destruens do mitodo,<br />

ou seja, o momento em que Socrates levava<br />

o interlocutor a reconhecer sua propria ig-<br />

noriincia. Primeiro, ele forqava uma defini-<br />

$50 do assunto sobre o qua1 a investigaqiio<br />

versava; depois, escavava de varios modos<br />

a definiq5o forneci<strong>da</strong>, explicitava e destaca-<br />

va as carhcias e contradiqdes que implica-<br />

va; entHo, exortava o interlocutor a tentar<br />

"A morte de Socrates", numa ctlebre pintura de 1. L. David (1 748-1 825).<br />

nova definiqiio, criticando-a e refutando-a<br />

com o mesmo procedimento; e assim continuava<br />

procedendo, at6 o momento em que<br />

o inte~locutor se declarava ignorante.<br />

E evidente que a discuss50 provocava<br />

irritaq5o ou reaqdes ain<strong>da</strong> piores nos sabichdes<br />

e nos mediocres. Nos mekhores, porim,<br />

a refutaqzo provocava efeito de purificaq5o<br />

<strong>da</strong>s falsas certezas, ou seja, um efeito<br />

de purificaq50 <strong>da</strong> ignor;ncia, a tal ponto que<br />

Plat50 podia escrever a respeito: "(. ..) Por<br />

to<strong>da</strong>s essas coisas, (. . . ) devemos afirmar que<br />

a refutaq5o i a maior, a fun<strong>da</strong>mental purifi-<br />

caq2o. E quem dela n50 se beneficiou, mes-<br />

mo tratando-se do Grande Rei, niio pode<br />

ser pensado sen50 como impuro <strong>da</strong>s mais<br />

graves impurezas, privado de educaq5o e at6<br />

mesrno feio, precisamente naquelas coisas<br />

em relag50 as quais conviria que fosse puri-<br />

ficado e belo no maximo grau, alguim que<br />

ver<strong>da</strong>deiramente quisesse ser homem feliz."<br />

E, assim, passamos ao segundo rno-<br />

mento do mitodo dialitico. Para Socrates,<br />

a alma pode alcanqar a ver<strong>da</strong>de apenas "se<br />

dela estiver grivi<strong>da</strong>". Com efeito, como vi-<br />

mos, ele se professava ignorante e, portan-<br />

to, negava firmemente estar em condiqdes<br />

de transmitir um saber aos outros ou, pelo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!