História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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Capitulo dBcimo quarto - 0 Nee-estoirismo: SBneca, Cpicteto e iVlarco FurClio<br />
vento sopra? Roreo". "E o qua ha entre nos e<br />
sle?". "E ZCFiro, quando soprara?". "Quando a<br />
el@ porecer bem, meu caro, ou a €010. D~us ndo<br />
fez a ti administra9or dos ventos, mas Eolo". 0<br />
qua fazar entbo? E preciso tornar melhor aquilo<br />
que esta em nosso poder, e <strong>da</strong>s outras coisas<br />
usar como rsquer sua natureza. "E como<br />
raquer sua natureza?". Como Deus qusr.<br />
"Rp~nas a mim se deve cortar a cabeca,<br />
agora?"<br />
Como? Desejarias qua a cabqa de todos<br />
fosse corta<strong>da</strong> para tua comod~<strong>da</strong>de? Ndo queres<br />
estender o pesco~o, como o Latarano' em<br />
Roma, qua Nero mandou decapitar? Estendeu<br />
o pascoc;o, de fato, e o golpearam; como o<br />
golpe nbo foi suFicientemente forte, endireitou-<br />
58 por um momento, mas imadiatamente tornou<br />
a apresentar a cabe~a. Algum tempo antes<br />
fora at& el@ Epafr~dito,~ liberto de Nero, e<br />
Ihe perguntara a razdo do seu desentendimento<br />
com o principe. "Se eu quiser - respondsu-<br />
Ihe -, direi a razdo a0 teu senhor pessoalmente".<br />
"0 qua, entbo, 6 preciso ter presentatem<br />
tais circunst6ncios?". Qua outra coisa a ndo ser<br />
esta pergunta: o que me pertence e o que nbo<br />
me pertence? 0 que est6 em meu poder e o<br />
que nbo esta am meu poder? Devo morrer: tal-<br />
vez entre gsmidos? Devo ser preso em corren-<br />
tes: talvez tambbm entre lamentos? Devo ir pora<br />
o ex-xilio: pois bam, que me impede de partir<br />
rindo, sereno e com bom humor?<br />
"Dize-me o sagredo".<br />
Nbo o digo; em eFeito, isto depsnde de<br />
mim.<br />
"Mas GU t8 porei em grilhdes".<br />
Homem, o que dizes? R mim? Por6s em<br />
grilhdes minha perna; minha escolha moral de<br />
Fundo nem Zeus podera ~enc$-la.~<br />
"Eu ts jogarei no prisbo".<br />
Jogar6s meu corpo.<br />
"Man<strong>da</strong>rei cortar tua cabep".<br />
E quando acaso su te dissa sar o unico<br />
cuja cabep jamais poderia ser corta<strong>da</strong>?<br />
Sobre estas co~sas deveriam reFlstir aqus-<br />
Iss que se dedicam b FilosoRa, estas coisas deveriam<br />
ser escritas todo dia, nelas se exercitar.<br />
E~icteto, Diotribss, II, 23.<br />
kte parsonogem, cBnsul <strong>da</strong> ranoma, foi decapitodo<br />
por or<strong>da</strong>m <strong>da</strong> Naro, por ter particpado do conjura~bo <strong>da</strong><br />
PlsBo am 65 d C<br />
eEpaFrod~to fo~ par algum tampo sanhor <strong>da</strong> Epictato<br />
3Po<strong>da</strong> ser urn0 aiusho o um apis6dio outob\ogr6fico<br />
Ep~cteto aro cox0 a, conforma olguns tsstamunhos (cf Calso<br />
am Orinenas. Contra C~lso. Vll 53) foi lustomenta<br />
EpaFrodito &a Iha quebrou a perno<br />
337<br />
Morco Rur&lio C o Liltirno dos grondes<br />
figuros cia Estod. Depois de se ter encornodo<br />
no escrovo Epicteto, o Estod tomou corpo<br />
em urn irnperodor rornono. Esto C urno demonstro@o<br />
de que suos idbios sobre o iguoldode<br />
de todos os homsns no virtude do Estoico<br />
verdndeiromente se reolizorom.<br />
0s Pensamantos qua Morco Rur&lio nos<br />
deixou sdo umo sCrie de Frogmentos ou,<br />
corno tornbdrn st: d~z, corn ~magsrn literdrio,<br />
"estilho~os", escritos de rnodo penetronte e<br />
por vezes cotivonte.<br />
R vi<strong>da</strong> se apresenta corno urn escorrer<br />
de todos os coisos poro o dissolugdo, corno<br />
Futilidode de urn continuo repetir-se. Contudo,<br />
poro oldm de suo oporente nulidode,<br />
vistos no unidode do todo, t&m seu sentido<br />
preciso.<br />
€, onologamante, no dirnensdo rnorol,<br />
odquire sentido preciso o vih do homern e<br />
suos o@ss se revestem tic: significodo preciso.<br />
Rs proprias odversiciodes ndo ssrnogom<br />
o hornsrn, porque a olrno pode dornindlos<br />
e submet&-10s justomante em dirnensdc<br />
rnorol.<br />
Ern Morco RurClio ressoorn olguns conceitos<br />
cristc?os, que toclovia ale ndo opressnto<br />
corno tois, rnontendo dist6ncio dos cristdos.<br />
Notemos, por exemplo, tudo o que eke<br />
diz sobre perdoor os outros s sobre o orogdc<br />
o Deus nos passagens que citomos.<br />
Corocteristico de Morco Rurtlio & o concepgdo<br />
do refugio no interior~<strong>da</strong>de do almo.<br />
no suo porte intelectivo. €lo 6 corno o nossc<br />
dembnio, e, coso queiro, torno-se obsoluto<br />
mente invencivd.<br />
1.0 raoido Ruir 3s to<strong>da</strong>s as coisas<br />
e a ;uperaS60 destas na visa0 do reali<strong>da</strong>ds<br />
adquiri<strong>da</strong> pela tilosofia<br />
R vi<strong>da</strong> humana tem a dura~bo<br />
de um dtimo;<br />
a substdncia, flui<strong>da</strong>; as sansa@es, obscuras; a<br />
estrutura do corpo inteiro, corruptivel; a alma,<br />
errante; a sorts, incerta; a fama, casual: em pou-<br />
cas palavras, aquilo que se refere ao corpo 6<br />
uma correntc: aue passa; aquilo que se refere b<br />
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