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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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326<br />

Sitima parte - 0 s iltimos descnvolvimm+os dn tilosofin pngii nntiyu<br />

Seneca (falecido em 65 d.C.) oscilou constantemente entre o naturalismo <strong>da</strong><br />

Estoa e o dualismo plathico, sustentado por sincero sentimento religioso. To<strong>da</strong>via,<br />

Seneca n%o soube <strong>da</strong>r fun<strong>da</strong>mento filosofico a estas ultimas instdncias, nem<br />

em Bmbito teologico (sua representaqao de Deus oscila entre o<br />

Seneca entre personalismo e o panteismo), nem antropologico (a alma e con-<br />

naturalismo<br />

sidera<strong>da</strong> superior ao corpo, mas acaba por ser <strong>da</strong> mesma subs-<br />

estoico tiincia do corpo).<br />

e dualismo Do ponto de vista etico Seneca introduz duas grandes no-<br />

platonico vi<strong>da</strong>des na doutrina estoica: o conceit0 de "consciencia" (cons-<br />

+ § 1-4 ciencia originaria do bem e do mal) e o de "vontade", ao qua1<br />

se liga agudo senso do pecado e <strong>da</strong> culpa.<br />

Sobretudo o conceito de vontade em SCneca e de grande importdncia, por-<br />

que p6e em evidencia uma facul<strong>da</strong>de distinta <strong>da</strong> razao, em parte superando o<br />

intelectualismo etico dos gregos, ou seja, a convicsao de que basta conhecer o<br />

bem para pratica-lo.<br />

Quanto ao agir humano, Seneca deu grande importdncia a dimensao moral<br />

interior, e negou qualquer valor as diferensas sociais e politicas dos homens: todos<br />

os homens sao iguais enquanto tais. Nao ha filosofo estoico que, mais do que ele,<br />

tenha-se oposto a instituiqao <strong>da</strong> escravi<strong>da</strong>o e exaltado o amor e a fraterni<strong>da</strong>de<br />

entre os homens.<br />

Sgneca,<br />

entre nclthralismo estbico<br />

e d~alismo plat6nieo<br />

Lucio Aneu Sineca nasceu em Cordoba,<br />

na Espanha, entre o fim <strong>da</strong> era pa@ e o<br />

principio <strong>da</strong> era crista. Em Roma, participou<br />

ativamente e com sucesso <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> politics.<br />

Condenado por Nero ao suicidio em<br />

65 d.C.. Sineca matou-se com estoica firmeza<br />

e Admirive1 forga de espirito.<br />

Da rica produg50 de Sineca, chegaram<br />

ati n6s: De providentia, De constantia sapientis,<br />

De ira, Ad Marciam de consolatione,<br />

De vi<strong>da</strong> beata, De otio, De tranquillitate<br />

animi, De brevitate vitae, Ad Polybiurn de<br />

consolatione. Ad Helviam matrem de consolatione<br />

(esses escritos tambCm siio indicados<br />

pel0 titilo geral de Dialogorum libri).<br />

AlCm desses, tambCm nos chegaram: De<br />

dementia, De beneficiis, Naturales quaestiones<br />

(em oito livros) e a imponente colethea <strong>da</strong>s<br />

Cartas a Lucilio (124 cartas dividi<strong>da</strong>s em vinte<br />

livros). ~amb& nos chegaram algumas tragidias,<br />

destina<strong>da</strong>s mais a leitura do que a representagao,<br />

em cujas personagens se encarna<br />

a Ctica de Sineca (Hercules furens, Troades,<br />

Pboenissae, Medea, Phaedra, Oedipus, Agamemnon,<br />

Tbyestes e Hercules Oetaeus).<br />

J\ concep@o teoIbg ica<br />

Sineca C um dos expoentes <strong>da</strong> Estoa em<br />

que mais se evidenciam a oscilagao em rela-<br />

$50 ao pensamento de Deus, a tendcncia a sair<br />

do panteismo e as instincias espiritualistas<br />

de que falamos, inspira<strong>da</strong>s em acentuado<br />

sopro religioso. Na ver<strong>da</strong>de, em muitas pas-<br />

sagens, Sineca parece perfeitamente alinha-<br />

do com o dogma panteista <strong>da</strong> Estoa: Deus i<br />

a Providincia imanente, 6 a RazZo intrinseca<br />

que plasma a matkria, C a Natureza, i o Fado.<br />

Entretanto, onde a reflex50 de Sineca 6 mais<br />

original, ou seja, no captar e interpretar o<br />

sentimento do divino, seu Deus assume tra-<br />

qos espirituais e at6 pessoais, que ultrapassam<br />

os marcos <strong>da</strong> ontologia estoica.<br />

Um fen6meno analogo descobre-se tam-<br />

bCm na psicologia. Sineca destaca o dua-<br />

lismo entre alma e corpo com acentos que<br />

n2o raramente recor<strong>da</strong>m de perto o Fe'don<br />

plat6nico. 0 corpo C peso, vinculo, cadeia,<br />

prisso <strong>da</strong> alma; a alma t o ver<strong>da</strong>deiro ho-

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