História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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Sitima parte - 0 s iltimos descnvolvimm+os dn tilosofin pngii nntiyu<br />
Seneca (falecido em 65 d.C.) oscilou constantemente entre o naturalismo <strong>da</strong><br />
Estoa e o dualismo plathico, sustentado por sincero sentimento religioso. To<strong>da</strong>via,<br />
Seneca n%o soube <strong>da</strong>r fun<strong>da</strong>mento filosofico a estas ultimas instdncias, nem<br />
em Bmbito teologico (sua representaqao de Deus oscila entre o<br />
Seneca entre personalismo e o panteismo), nem antropologico (a alma e con-<br />
naturalismo<br />
sidera<strong>da</strong> superior ao corpo, mas acaba por ser <strong>da</strong> mesma subs-<br />
estoico tiincia do corpo).<br />
e dualismo Do ponto de vista etico Seneca introduz duas grandes no-<br />
platonico vi<strong>da</strong>des na doutrina estoica: o conceit0 de "consciencia" (cons-<br />
+ § 1-4 ciencia originaria do bem e do mal) e o de "vontade", ao qua1<br />
se liga agudo senso do pecado e <strong>da</strong> culpa.<br />
Sobretudo o conceito de vontade em SCneca e de grande importdncia, por-<br />
que p6e em evidencia uma facul<strong>da</strong>de distinta <strong>da</strong> razao, em parte superando o<br />
intelectualismo etico dos gregos, ou seja, a convicsao de que basta conhecer o<br />
bem para pratica-lo.<br />
Quanto ao agir humano, Seneca deu grande importdncia a dimensao moral<br />
interior, e negou qualquer valor as diferensas sociais e politicas dos homens: todos<br />
os homens sao iguais enquanto tais. Nao ha filosofo estoico que, mais do que ele,<br />
tenha-se oposto a instituiqao <strong>da</strong> escravi<strong>da</strong>o e exaltado o amor e a fraterni<strong>da</strong>de<br />
entre os homens.<br />
Sgneca,<br />
entre nclthralismo estbico<br />
e d~alismo plat6nieo<br />
Lucio Aneu Sineca nasceu em Cordoba,<br />
na Espanha, entre o fim <strong>da</strong> era pa@ e o<br />
principio <strong>da</strong> era crista. Em Roma, participou<br />
ativamente e com sucesso <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> politics.<br />
Condenado por Nero ao suicidio em<br />
65 d.C.. Sineca matou-se com estoica firmeza<br />
e Admirive1 forga de espirito.<br />
Da rica produg50 de Sineca, chegaram<br />
ati n6s: De providentia, De constantia sapientis,<br />
De ira, Ad Marciam de consolatione,<br />
De vi<strong>da</strong> beata, De otio, De tranquillitate<br />
animi, De brevitate vitae, Ad Polybiurn de<br />
consolatione. Ad Helviam matrem de consolatione<br />
(esses escritos tambCm siio indicados<br />
pel0 titilo geral de Dialogorum libri).<br />
AlCm desses, tambCm nos chegaram: De<br />
dementia, De beneficiis, Naturales quaestiones<br />
(em oito livros) e a imponente colethea <strong>da</strong>s<br />
Cartas a Lucilio (124 cartas dividi<strong>da</strong>s em vinte<br />
livros). ~amb& nos chegaram algumas tragidias,<br />
destina<strong>da</strong>s mais a leitura do que a representagao,<br />
em cujas personagens se encarna<br />
a Ctica de Sineca (Hercules furens, Troades,<br />
Pboenissae, Medea, Phaedra, Oedipus, Agamemnon,<br />
Tbyestes e Hercules Oetaeus).<br />
J\ concep@o teoIbg ica<br />
Sineca C um dos expoentes <strong>da</strong> Estoa em<br />
que mais se evidenciam a oscilagao em rela-<br />
$50 ao pensamento de Deus, a tendcncia a sair<br />
do panteismo e as instincias espiritualistas<br />
de que falamos, inspira<strong>da</strong>s em acentuado<br />
sopro religioso. Na ver<strong>da</strong>de, em muitas pas-<br />
sagens, Sineca parece perfeitamente alinha-<br />
do com o dogma panteista <strong>da</strong> Estoa: Deus i<br />
a Providincia imanente, 6 a RazZo intrinseca<br />
que plasma a matkria, C a Natureza, i o Fado.<br />
Entretanto, onde a reflex50 de Sineca 6 mais<br />
original, ou seja, no captar e interpretar o<br />
sentimento do divino, seu Deus assume tra-<br />
qos espirituais e at6 pessoais, que ultrapassam<br />
os marcos <strong>da</strong> ontologia estoica.<br />
Um fen6meno analogo descobre-se tam-<br />
bCm na psicologia. Sineca destaca o dua-<br />
lismo entre alma e corpo com acentos que<br />
n2o raramente recor<strong>da</strong>m de perto o Fe'don<br />
plat6nico. 0 corpo C peso, vinculo, cadeia,<br />
prisso <strong>da</strong> alma; a alma t o ver<strong>da</strong>deiro ho-