12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

46 Segun<strong>da</strong> parte - A fun<strong>da</strong>c60 do pensamento filosbfico<br />

E evidente que, a partir do fato de que<br />

os itomos sio infinitos, tambCm sf o infini-<br />

tos os mundos que deles derivam, diferen-<br />

tes uns dos outros (mas, por vezes, tambCm<br />

idhticos, pois, na infinita possibili<strong>da</strong>de de<br />

combinaq6es, C possivel verificar-se urna<br />

combinaqiio idhtica). Todos os mundos<br />

nascem, se desenvolvem e depois se corrom-<br />

pem, para <strong>da</strong>r origem a outros mundos, de<br />

forma ciclica e sem fim.<br />

0s atomistas passaram para a hist6ria<br />

como aqueles que puseram o mundo "ao<br />

sabor do acaso". Mas isso nio quer dizer<br />

que eles niio atribuem causas ao nascer do<br />

mundo (causas que, de fato, szo as j i expli-<br />

ca<strong>da</strong>s), e sim que ngo estabelecem urna cau-<br />

sa inteligente, urna causa final. A ordem (o<br />

cosmo) C efeito de encontro meciinico entre<br />

os itornos, nio projetado e nio produzido<br />

por urna inteligcncia. A pr6pria inteligtncia<br />

segue-se ao e nio precede o composto at&<br />

mico. Isso, porCm, nio impediu que os ato-<br />

mistas indicassem a existencia de itomos em<br />

certo sentido privilegiados: lisos, esferi-<br />

formes e de natureza ignea, os constitutivos<br />

<strong>da</strong> alma e <strong>da</strong> intelighcia. E, segundo teste-<br />

munhos precisos, Dem6crito teria at6 mes-<br />

mo considerado tais itomos como divinos.<br />

O conhecimento deriva dos efl6vios<br />

dos atornos que se desprendem de to<strong>da</strong>s as<br />

coisas (como j i dissemos), entrando em con-<br />

tat0 com os sentidos. Nesse contato, os ato-<br />

mos semelhantes fora de n6s impressionam<br />

os semelhantes que estHo em n6s, de mod0<br />

que o semelhante conhece o semelhante,<br />

analogamente ao que j i havia dito EmpC-<br />

docles. Mas Dem6crito insistiu tambCm na<br />

diferenqa entre conhecimento sensorial e<br />

conhecimento inteligivel: o primeiro nos di<br />

apenas a opiniiio, ao passo que o segundo<br />

nos di a ver<strong>da</strong>de, no sentido que j i apon-<br />

tamos.<br />

Dem6crito tambkm ficou famoso por<br />

suas espl2ndi<strong>da</strong>s senteqas morais que, no<br />

entanto, parecem provir mais <strong>da</strong> tradiqio<br />

<strong>da</strong> sabedoria grega do que de seus princi-<br />

pios ontol6gicos. A idCia central dessa Cti-<br />

ca 6 a de que "a a ha C a mora<strong>da</strong> <strong>da</strong> nossa<br />

sorte" e que C precisamente na alma e nio<br />

nas coisas exteriores ou nos bens do corpo<br />

que esti a raiz <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de ou <strong>da</strong> infeli-<br />

ci<strong>da</strong>de. Por fim, hi certa mixima sua que<br />

mostra como j i amadurecera nele urna vi-<br />

sio cosmopolita: "Todo pais <strong>da</strong> terra esti<br />

aberto ao homem sibio, porque a pitria<br />

do homem virtuoso C o universo inteiro."<br />

-1pI<br />

p\ involuci30 em sentido<br />

eclktico dos LItimos fisicos<br />

As 6ltimas manifestaqdes <strong>da</strong> filosofia<br />

<strong>da</strong> physis assinalam, pel0 menos em parte,<br />

urna involuqiio em sentido eclCtico. Ou seja,<br />

tende-se a combinar as idCias dos fil6sofos<br />

anteriores. Alguns o fizeram de mod0 evi-<br />

dentemente inibil. Bem sCria foi a tentativa<br />

de Di6genes de Apoknia, que exerceu sua<br />

ativi<strong>da</strong>de em Atenas entre 440 e 423 a.C.<br />

Di6genes sustentou a necessi<strong>da</strong>de de retor-<br />

nar ao monismo do principio, porque, em<br />

sua opiniiio, se os principios fossem muitos<br />

e de natureza diferente entre si, niio se po-<br />

deriam misturar nem agir um sobre o ou-<br />

tro. Assim, C necesshrio que to<strong>da</strong>s as coisas<br />

nasqam por transformaqio a partir do mes-<br />

mo principio. Esse principio C "ar infinito",<br />

mas C "dotado de muita inteligincia".<br />

Aqui estio combinados Anaximenes e<br />

Anaxagoras.<br />

Nossa alma C, naturalmente, o ar-pen-<br />

samento que respiramos, e que se exala com<br />

o ultimo suspiro, quando morremos.<br />

Tendo identificado a intelighcia com<br />

o principio-ar, Di6genes fez uso sistematico<br />

dela, exaltando a visio finalistica do uni-<br />

verso que, em Anaxagoras, era limita<strong>da</strong>.<br />

Ademais, a concepqi o teleol6gica de Di6-<br />

genes teve notivel influencia no meio ate-<br />

niense, constituindo um dos pontos de par-<br />

ti<strong>da</strong> do pensamento socratico.<br />

Atribui-se concepqio aniloga a Arque-<br />

lau de Atenas. Com efeito, parece que ele<br />

tambCm falava, entre outras coisas, de "ar<br />

infinito" e de "Intelig2ncia". Numerosas<br />

fontes o identificam como "mestre de S6-<br />

crates".<br />

Arktofanes caricaturou Socrates nas<br />

Nuvens. E as nuvens sio precisamente ar.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!