12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

8<br />

- Primeira parte - S\s origens gregas do pensamento ocidental<br />

religiiio publica, que tem o seu modelo na<br />

representa~so dos deuses e do culto que<br />

nos foi <strong>da</strong><strong>da</strong> por Homero, e a religiiio dos<br />

miste'rios. Ha inumeros elementos comuns<br />

entre essas duas formas de religiosi<strong>da</strong>de<br />

(como, por exemplo, a concepqio de base<br />

politeista), mas tambCm importantes diferenGas<br />

que, em alguns pontos de destaque<br />

(como, por exemplo, na concepqio do homem,<br />

do sentido de sua vi<strong>da</strong> e de seu destino<br />

ultimo), tornam-se at6 ver<strong>da</strong>deiras antiteses.<br />

Ambas as formas de religiio sio muito<br />

importantes para explicar o nascimento<br />

<strong>da</strong> filosofia, mas - ao menos em alguns<br />

aspectos - sobretudo a segun<strong>da</strong>.<br />

AISuns tra~os essenciais<br />

<strong>da</strong> religi&o phLlica<br />

Para Homero e para Hesiodo, que<br />

constituem o ponto de referencia <strong>da</strong>s cren-<br />

qas proprias <strong>da</strong> religiio publica, pode-se di-<br />

zer que tudo e' divino, pois tudo o que acon-<br />

tece 6 explicado em funqio de intervenqdes<br />

dos deuses. 0 s fen6menos naturais sio pro-<br />

movidos por numes: raios e reliimpagos siio<br />

arremessados por Zeus do alto do Olimpo,<br />

as on<strong>da</strong>s do mar sio provoca<strong>da</strong>s pelo tri-<br />

dente de Poseidon, o sol C levado pel0 Au-<br />

Euridice e Orfeu, sQc. I V a. C.<br />

(Napoles, Museu Arqueologico Nacional).<br />

reo carro de Apolo, e assim por diante. Mas<br />

tambCm a vi<strong>da</strong> social dos homens, a sorte<br />

<strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des, as guerras e a paz sio imagi-<br />

na<strong>da</strong>s como vincula<strong>da</strong>s aos deuses de mod0<br />

nio acidental e, por vezes, at6 de mod0 es-<br />

sencial.<br />

To<strong>da</strong>via, quem sio esses deuses? Como<br />

os estudiosos de ha muito reconheceram e<br />

evidenciaram, esses deuses s50 forqas na-<br />

turais personifica<strong>da</strong>s em formas humanas<br />

idealiza<strong>da</strong>s, ou entio siio forqas e aspectos<br />

do homem sublimados e fixados em esplzn-<br />

di<strong>da</strong>s figuras antropomorficas. (AlCm dos<br />

exemplos ja apresentados, recordemos que<br />

Zeus C a personificaqio <strong>da</strong> justiqa; Atena, <strong>da</strong><br />

inteligencia; Afrodite, do amor, e assim por<br />

diante.)<br />

Esses deuses sio, pois, homens ampli-<br />

ficados e idealizados, e, portanto, diferen-<br />

tes do homem comum apqnas por quanti-<br />

dude e niio por quali<strong>da</strong>de. E por isso que os<br />

estudiosos classificam a religiio publica dos<br />

gregos como uma forma de "naturalismo",<br />

uma vez que ela pede ao homem nio pro-<br />

priamente que ele mude sua natureza, ou<br />

seja, que se eleve acima de si mesmo; ao<br />

contrario, pede que siga sua propria natu-<br />

reza. Fazer em honra dos deuses o que esta<br />

em conformi<strong>da</strong>de com a propria natureza C<br />

tudo o que se pede ao homem. E, <strong>da</strong> mesma<br />

forma que a religiio publica grega foi "na-<br />

turalista", tambim a primeira filosofia gre-<br />

ga foi "naturalista". A referencia a "natu-<br />

reza" continuou sendo uma constante do<br />

pensamento grego ao longo de todo o seu<br />

desenvolvimento hist6rico.<br />

0 0rfismo<br />

e suas crenqxs essenciais<br />

Contudo, nem todos os gregos consi-<br />

deravam suficiente a religiio publica e, por<br />

isso, em circulos restritos, desenvolveram-<br />

se os "mistCrios", com as proprias crenqas<br />

especificas (embora inseri<strong>da</strong>s no quadro ge-<br />

ral do politeismo) e com as proprias pr6ti-<br />

cas. Entre os mistkrios, porCm, os que mais<br />

influiram na filosofia grega foram os mi&-<br />

rios orficos, e destes devemos dizer breve-<br />

mente algumas coisas. ,<br />

0 Orfismo e os Orficos derivam seu<br />

nome do poeta tracio Orfeu, seu suposto<br />

fun<strong>da</strong>dor, cujos traqos hist6ricos siio intei-<br />

ramente cobertos pela nCvoa do mito.<br />

0 Orfismo C particularmente impor-<br />

tante porque, como os estudiosos modernos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!