12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

208 Quinta parte - Arist6teles<br />

quali<strong>da</strong>de, ao passo que o aumento e a di-<br />

minuiqiio siio uma passagem de pequeno a<br />

grande e vice-versa; o movimento local C<br />

passagem de um ponto para outro. Somen-<br />

te os compostos (0s "sinolos") de matkria e<br />

forma podem sofrer mutaqiio porque s6 a<br />

mate'ria implica potenciali<strong>da</strong>de: a estrutura<br />

hilem6rfica (feita de matiria e forma) <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de sensivel, que necessariamente im-<br />

plica em matiria e, portanto, em potencia-<br />

li<strong>da</strong>de, constitui assim a raiz de todo movi-<br />

mento.<br />

. . 0 espaqo,<br />

o tempo, o infinito<br />

0s conceitos 1) de espaqo e 2) de tempo<br />

estiio relacionados com essa concepqiio<br />

de movimento.<br />

1) 0s objetos existem e se movem niio<br />

no n2o-ser (que niio existe), mas em um "onde",<br />

ou seja, em um lugar que, portanto,<br />

deve ser alguma coisa. Ademais, segundo<br />

Aristoteles, existe um "lugar natural" para<br />

o qua1 ca<strong>da</strong> elemento parece tender por sua<br />

pr6pria natureza: o fogo e o ar tendem para<br />

o "alto", a terra e a Agua para "baixo". Alto<br />

e baixo niio siio algo relativo, mas determinac6es<br />

"naturais" .<br />

-<br />

0 aue C entiio o lucrar? Arist6teles che-<br />

gou a uma primeira caracterizaqiio distin-<br />

guindo o lugar que C comum a muitas coi-<br />

sas do lugar que C pr6prio de ca<strong>da</strong> objeto:<br />

"0 lugar, por um lado, C o comum em que<br />

estiio todos os corpos e, por outro lado, C o<br />

lugar particular em que, imediatamente, um<br />

corpo esti (...) e, se o lugar C aquilo que<br />

imediatamente contCm ca<strong>da</strong> corpo, ele seri,<br />

entiio, certo limite (...)." Posteriormente,<br />

Arist6teles precisa que "( ...) o lugar C aqui-<br />

lo que contCm aquele objeto de que C lugar<br />

e aue niio C na<strong>da</strong> <strong>da</strong> coisa mesma aue ele<br />

contkm". Unindo as duas caracterizaqoes,<br />

temos que o lugar C " ( . . . ) o limite do corpo<br />

continente, enquanto C contiguo ao con-<br />

teudo" .<br />

Por fim. Aristoteles ~recisa ain<strong>da</strong> aue<br />

o lucrar " niio deve ser confundido com o recipiente,<br />

pois o primeiro C imovel, ao passo<br />

que o segundo 6 m6vel. Em certo sentido,<br />

se poderia dizer que o lugar C o recipiente<br />

imovel, ao passo que o recipiente C um lugar<br />

m6vel: "Assim como o vaso C um lugar<br />

transportivel, o lugar 6 um vaso que niio se<br />

pode transportar. Por isso, quando alguma<br />

coisa que esti dentro de outra se move,<br />

transformando-se em coisa m6vel. como um<br />

barquinho em um rio, ela se serve <strong>da</strong>quilo<br />

que a contCm mais como um vaso do que<br />

como um lugar. 0 lugar, ao contririo, precisa<br />

ser im6vel; por isso, antes o rio inteiro<br />

6 lugar, porque o inteiro C im6vel. Portanto,<br />

o lugar C o primeiro im6vel limite do continente."<br />

Essa C uma definiqiio que ficou cilebre<br />

e aue os fil6sofos medievais fixaram na<br />

formula terminus continentis immobilis<br />

primus.<br />

Assim, com base nessa concepqao do<br />

espago, o movimento geral do cCu s6 seri<br />

possivel em sentido circular, ou seja, sobre<br />

si mesmo. 0 vicuo C im~ensivel. Com efeito,<br />

se ele for entendido; como pretendiam<br />

os fil6sofos anteriores, como "lugar onde<br />

niio hi na<strong>da</strong>", estabelece-se uma contradiqiio<br />

em termos em relaqiio ii definiqiio de<br />

lugar <strong>da</strong><strong>da</strong> acima.<br />

2) E o que C o tempo, essa misteriosa<br />

reali<strong>da</strong>de que parece continuamente nos fugir,<br />

visto que "algumas partes ja foram, outras<br />

estiio por ser, mas nenhuma C (.. .)"?<br />

Para resolver a questgo, Aristoteles recorre<br />

ao "movimento" e h "alma".<br />

0 fato de que o tempo esta estreitamente<br />

relacionado com o movimento decorre<br />

de que, quando niio percebemos movimento<br />

e mutaqiio, tambCm n5o percebemos<br />

o tempo. Ora, a caracteristica do movimento,<br />

em sentido geral, 6 a continui<strong>da</strong>de.<br />

To<strong>da</strong>via, no "continuo" distinguimos o<br />

"antes" e o "depois". E o tempo C estreitamente<br />

ligado a essas distinqoes de "antes"<br />

e "depois". Escreve Arist6teles: "Quando<br />

determinamos o tempo atravCs <strong>da</strong> distinqiio<br />

do antes e do depois, tambCm conhecemos<br />

o tempo. E ent2o dizemos que o tempo<br />

cumpre o seu percurso, quando temos<br />

percepqiio do antes e do depois do movimento."<br />

Dai a cClebre definiqiio: "Tempo C<br />

o numero do movimento segundo o antes<br />

e o depois."<br />

Ora, a percepqiio do antes e do depois<br />

e, portanto, do numero do movimento, pressupBe<br />

necessariamente a alma.<br />

To<strong>da</strong>via, se a alma C o principio espiritual<br />

numerante e, portanto, a condiqiio <strong>da</strong><br />

distinqiio entre o numerado e o numero,<br />

entiio a alma torna-se conditio sine qua non<br />

do pr6prio tempo. Mas, se C ver<strong>da</strong>de que,<br />

na natureza <strong>da</strong>s coisas. somente a alma -<br />

ou o intelecto que esti na alma - tem a<br />

capaci<strong>da</strong>de de numerar, ent5o "se revela

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!