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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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Caracteristicas<br />

<strong>da</strong> fisica aristotklica<br />

Para Aristoteles, a segun<strong>da</strong> citncia teo-<br />

rCtica C a fisica ou "filosofia segun<strong>da</strong>", que<br />

tem por objeto de investigagio a substincia<br />

sensivel (que C segun<strong>da</strong> em relaqio a subs-<br />

tincia supra-sensivel, que C "primeira"), in-<br />

trinsecamente caracteriza<strong>da</strong> pel0 movimen-<br />

to, assim como a metafisica tinha por objeto<br />

a substincia imovel. Na ver<strong>da</strong>de, o leitor<br />

modern0 pode ser induzido a engano pela<br />

palavra "fisica". Para nos, com efeito, a fi-<br />

sica se identifica com a cicncia <strong>da</strong> natureza<br />

entendi<strong>da</strong> no sentido de Galileu, ou seja,<br />

entendi<strong>da</strong> quantitativamente. Para Aristo-<br />

teles, porCm, a fisica C a citncia <strong>da</strong>s formas<br />

e <strong>da</strong>s esstncias; compara<strong>da</strong> com a fisica<br />

moderna, a de Aristoteles, mais que cihcia,<br />

revela-se uma ontologia ou metafisica do<br />

sensivel.<br />

Assim, nio deve ser motivo de surpre-<br />

sa o fato de, nos livros <strong>da</strong> Fisica, se encon-<br />

trar abun<strong>da</strong>ntes consideraqdes de cariter<br />

metafisico, j i que os imbitos <strong>da</strong>s duas cien-<br />

cias sio estruturalmente intercomunicantes:<br />

o supra-sensivel i causa e raziio do sensivel<br />

e no supra-sensivel termina tanto a investi-<br />

gaqio metafisica quanto a pr6pria investi-<br />

gaqio fisica (embora em sentido diverso).<br />

Ademais, o mCtodo de estudo aplicado as<br />

duas cicncias tambCm C idcntico ou, pel0<br />

menos, afim.<br />

Loria do lnovilnento<br />

Se a fisica C a teoria <strong>da</strong> substincia em<br />

movimento, C evidente que a explicagiio do<br />

"movimento" constitui sua parte principal.<br />

56 sabemos como o movimento tornou-<br />

se problema filosofico, depois de ter sido<br />

negado pelos Eleiticos como aparcncia ilu-<br />

soria. E tambCm sabemos que os Pluralistas<br />

ja o haviam recuperado e justificado em par-<br />

te. Entretanto, ningukm, nem mesmo Platio,<br />

soube estabelecer quais eram a sua esshcia<br />

e o seu estatuto ontologico.<br />

0s Elehticos negaram o devir e o mo-<br />

vimento porque, com base em suas teses de<br />

fundo, eles pressuporiam a existcncia de um<br />

nZo-ser, no sentido que examinamos. Aristo-<br />

teles consegue solucionar a aporia do mod0<br />

mais brilhante.<br />

Sabemos (pela metafisica) que o ser<br />

tem muitos significados e que urn grupo<br />

desses significados C <strong>da</strong>do pela dupla "ser<br />

como pothcia" e "ser como ato". Em re-<br />

lagio ao ser-em-ato, o ser-em-potencia pode<br />

considerar-se nio-ser, mais precisamente,<br />

niio-ser-em-ato. Esta claro que se trata de<br />

um nio-ser relativo, j i que a potincia C real,<br />

porque C capaci<strong>da</strong>de real e possibili<strong>da</strong>de<br />

efetiva de chegar ao ato. Ora, o movimen-<br />

to ou a mutaqiio em geral C precisamente a<br />

passagem do ser em potencia para o ser em<br />

ato (o movimento C "o ato ou a transfor-<br />

magio em ato <strong>da</strong>quilo que C potencia en-<br />

quanto tal", diz Aristoteles). Portanto, o<br />

movimento nio pressupde em absoluto o<br />

nio-ser como na<strong>da</strong>, mas sim o nio-ser<br />

como potencia, que C uma forma de ser e,<br />

portanto, se desenvolve no imbito do ser,<br />

sendo passagem de ser (potencial) para ser<br />

(atuado).<br />

Mas Aristoteles aprofundou ain<strong>da</strong> mais<br />

a questio do movimento, conseguindo es-<br />

tabelecer quais sio to<strong>da</strong>s as possiveis for-<br />

mas de movimento e qua1 a sua estrutura<br />

ontologica.<br />

Mais uma vez, remontemos a distin-<br />

qiio originiria dos diversos significados do<br />

ser. Como vimos, potsncia e ato dizem res-<br />

peito as varias categorias e nio so a primei-<br />

ra. Consequentemente, tambCm o movimen-<br />

to, que C passagem <strong>da</strong> pothcia para o ato,<br />

diz respeito as virias categorias. Sendo as-<br />

sim, C possivel deduzir do quadro <strong>da</strong>s cate-<br />

gorias as varias formas de mutagio. Em es-<br />

pecial, devemos considerar as categorias:<br />

1) <strong>da</strong> substincia; a mutaqiio segundo a<br />

substiincia C "a geraqio e a corrupqio";<br />

2) <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de; a mutagio segundo a<br />

quali<strong>da</strong>de C "a alteragio";<br />

3) <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de; a mutasio segundo<br />

a quanti<strong>da</strong>de C "o aumento e a diminuiqio";<br />

4) do lugar; a mutaqiio segundo o lu-<br />

gar C "a translaqio".<br />

"Mutagio" C termo genCrico, que cabe<br />

bem para to<strong>da</strong>s essas quatro formas; j4<br />

"movimento" C termo que designa generi-<br />

camente as ultimas trcs, especificamente a<br />

ultima.<br />

Em to<strong>da</strong>s as suas formas, o devir pres-<br />

sup6e um substrato (que C, alias, o ser po-<br />

tencial), que passa de um oposto a outro:<br />

na primeira forma, de um contraditorio a<br />

outro e, nas outras tres formas, de um con-<br />

tririo a outro. A geraqio i o assumir a for-<br />

ma por parte <strong>da</strong> madria, a corrupqio 6 o<br />

perder a forma; a alteragio C mu<strong>da</strong>nga <strong>da</strong>

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