História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Capitulo ddcimo sexto - PIotino r o jVeorIatonismo<br />
Tambem a materia, apesar <strong>da</strong> sua negativi<strong>da</strong>de, tem ra-<br />
zao de ser no sistema plotiniano: ela constitui a etapa extrema A materia<br />
<strong>da</strong> processZio a partir do Uno, em que a potencia que deriva do + 5 7<br />
Uno se enfraqueceu, a ponto de nao ter mais a forsa para con-<br />
templar. E, uma vez que a contemplagao 6 a forga que permite criar, a materia e<br />
um negativo. Mas, enquanto ela e vivifica<strong>da</strong> e como que resgata<strong>da</strong> pela Alma, de<br />
algum mod0 espelha as formas <strong>da</strong>s hipostases superiores e assume, a medi<strong>da</strong> do<br />
possivel, o positivo.<br />
0 homem e fun<strong>da</strong>mentalmente sua alma, e a alma hu- hornem<br />
mana e um momento <strong>da</strong> hipostase Alma, <strong>da</strong> qua1 participa o 6, ,,, ,I,<br />
carater de ativi<strong>da</strong>de; portanto, tambem quando esta no corpo, + g 8<br />
a alma exercita to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des cognoscitivas, incluindo a<br />
sensa@o, que Plotino n%o entende como momento passivo, mas como "pensa-<br />
mento oculto" <strong>da</strong> alma.<br />
A condiqao ideal <strong>da</strong> alma 6 a liber<strong>da</strong>de; mas esta se obtem apenas na<br />
tensao para o Bem, ou seja, mediante a separa@o do corporeo e a reuniao com<br />
o Uno. Exatamente nisso esta o vertice <strong>da</strong> etica plotiniana: na "unificaqao" -<br />
ou, como tambem diz, no "extase" -, ou seja, na capaci<strong>da</strong>de<br />
de despojar-se de tudo, de to<strong>da</strong> alteri<strong>da</strong>de, e de unir-se ao A via do retorno<br />
Uno. Tal itinerario e chamado tambem de via do "retorno" ou ao Uno<br />
<strong>da</strong> "convers~o", enquanto devolve o homem as origens de seu + § 9-10<br />
ser.<br />
Com Numinio de ApamCia chegamos<br />
aos umbrais do Neoplatonismo, mas a forja<br />
em que os lideres desse movimento se<br />
temperaram foi a Escola de AmBnio Sacas<br />
em Alexandria, entre os sics. I1 e I11 d.C.<br />
Atravis de Porfirio, sabemos que Am6nio<br />
foi educado em uma familia crist5; mas,<br />
depois que passou a se dedicar B filosofia,<br />
voltou B religiio pa@. NHo pertenceu ao<br />
circulo de celebri<strong>da</strong>des consagra<strong>da</strong>s de seu<br />
tempo, mas viveu vi<strong>da</strong> esquiva e afasta<strong>da</strong><br />
dos clamores do mundo e cultivou a filosofia<br />
entendi<strong>da</strong> como exercicio, nio apenas<br />
de inteligincia, mas tambim de vi<strong>da</strong> e<br />
de ascese espiritual, junto com poucos discipulos<br />
profun<strong>da</strong>mente ligados a ele. Infelizmente<br />
na<strong>da</strong> escreveu e seu pensamento i<br />
de dificil reconstruqHo. Mas os fatos seguintes,<br />
entre outras coisas, mostram que seu<br />
pensamento foi de excepcional profundi<strong>da</strong>de<br />
e alcance. Chegando a Alexandria,<br />
Plotino ouviu to<strong>da</strong>s as celebri<strong>da</strong>des que ent5o<br />
professavam filosofia na ci<strong>da</strong>de, mas continuo~<br />
insatisfeito. Levado por um amigo a<br />
ArnBnio, depois de ter ouvido apenas uma<br />
357<br />
liqio, exclamou: "Este C o homem que eu<br />
buscava!" E com ele ficou na<strong>da</strong> menos que<br />
onze anos. ~ -~ Ademais. atravks de Porfirio<br />
sabemos aue Plotino "atinha-se ao es~iri-<br />
to de AmBnio no mktodo de investigacio"<br />
L, ><br />
e, alCm disso, sabemos tambim que gran-<br />
de parte do conteudo de seu pensamento<br />
provinha de AmBnio.<br />
Como todos os escritos dos mais insig-<br />
nes discipulos pagios de Am6nio se perde-<br />
ram, restando apenas as Enba<strong>da</strong>s de Plotino,<br />
n5o podemos saber o quanto Plotino deve a<br />
AmBnio. Mas o fato seguinte, relatado pela<br />
tradiqzo, 6 particularmente eloqiiente. Cer-<br />
to dia foi i Escola de Plotino um seu ex-<br />
condiscipulo <strong>da</strong> Escola de AmBnio. Plotino<br />
procuroi evitar iniciar a liqio e, instado pel0<br />
amigo, respondeu: "Quando o orador sabe<br />
estar falando a pessoas que ja conhecem<br />
aquilo que ele quer dizer; cessa qualquer<br />
ardor." E, depois de breve conversaq50, foi<br />
embora. N5o i fortuito pensar que a rela-<br />
cio entre AmBnio e Plotino tenha sido mais<br />
ou menos a que existiu entre Socrates e<br />
Platio. (Entre os discipulos de AmBnio, os<br />
mais cClebres foram Origenes o PagHo, Lon-<br />
gino e Erinio. Origenes, o Cristao, de que<br />
falaremos adiante, tambim assistiu is liqoes<br />
de AmBnio, talvez antes que Plotino chegas-<br />
se a Alexandria.)