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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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plo de axioma C o seguinte: "Se de iguais<br />

tiram-se iguais, restam iguais."<br />

Entre os axiomas, ha alguns que s50<br />

"CO~U~S"<br />

a varias ciincias (corno o axioma<br />

citado), outros a to<strong>da</strong>s as cihcias, sem exce-<br />

qio, como o principio <strong>da</strong> nio-contradiqio<br />

("nio se podem negar e afirmar dois predica-<br />

dos contraditorios do mesmo sujeito no mesmo<br />

tempo e na mesma relaqio") ou o do tercei-<br />

ro excluido ("nio C possivel haver um ter-<br />

mo midio entre dois contraditorios"). S ~O<br />

os famosos principios que podem ser cha-<br />

mados transcendentais, isto C, vilidos para<br />

qualquer forma de pensar enquanto tal (por-<br />

que validos para todo ente enquanto tal),<br />

sabidos por si mesmos e, portanto, primarios.<br />

Eles sio as condiqoes incondiciona<strong>da</strong>s de<br />

to<strong>da</strong> demonstraqio e, obviamente, GO indemonstraveis,<br />

porque to<strong>da</strong> forma de demonstraqio<br />

os pressupoe. No quarto livro <strong>da</strong> Metafisica,<br />

Aristoteles mostrou que e possivel<br />

uma espicie de prova dialitica por "refuta-<br />

$20" (e'lenchos) desses principios supremos.<br />

E a refutaqio consiste em mostrar como<br />

todo aquele que negar esses principios sera<br />

obrigado a usi-10s precisamente para negi-<br />

10s. Quem diz, por exemplo, que "o principio<br />

<strong>da</strong> nio-contradiqio nio vale", se quiser<br />

que essa assertiva tenha sentido, deve excluir<br />

a assertiva a esse contraditorio, isto 6,<br />

deve aplicar o principio <strong>da</strong> niio-contradiqiio<br />

exatamente no momento em que o nega. E<br />

assim sio to<strong>da</strong>s as ver<strong>da</strong>des dtimas: para<br />

negi-las, somos obrigados a fazer uso delas<br />

e, portanto, a reafirmi-las.<br />

0 siIogismo dialktico<br />

e o silogismo eristico<br />

Tem-se silogismo cientifico so quando<br />

as premissas siio ver<strong>da</strong>deiras e tim as caracteristicas<br />

que acima examinamos.<br />

Quando, ao invCs de ver<strong>da</strong>deiras, as<br />

premissas sio simplesmente provaveis, isto<br />

C, fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s na opiniio, entio se tera o silogismo<br />

dialktico, que Aristoteles estu<strong>da</strong> nos<br />

Tdpicos. Segundo Aristoteles, o silogismo<br />

dialktico serve para nos tornar capazes de<br />

discutir e, particularmente, quando discutimos<br />

com pessoas comuns ou mesmo doutas,<br />

serve para identificar os seus pontos de parti<strong>da</strong><br />

e o que concor<strong>da</strong> ou nio com eles em<br />

suas conclus~es, nio partindo de pontos de<br />

vista estranhos a eles, mas precisamente do<br />

seu ponto de vista. Ensina-nos, portanto, a<br />

discutir com outros, fornecendo-nos os ins-<br />

trumentos para nos colocar em sintonia com<br />

eles. Ademais, para a ciincia, serve nio ape-<br />

nas para debater corretamente os pros e con-<br />

tras de varias questoes, mas tambCm para<br />

determinar os principios primeiros, que,<br />

como sabemos, sendo indedutiveis silo-<br />

gisticamente, so podem ser colhidos indutiva<br />

ou intuitivamente.<br />

Por fim, alim de derivar de premissas<br />

fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s na opiniio, um silogismo pode<br />

derivar de premissas que parecem fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

na opiniio (mas que, na reali<strong>da</strong>de, n2o o<br />

sio). Temos entio o silogismo eristico.<br />

Tambim ocorre o caso de certos silo-<br />

gismos que s6 o sio na aparincia: parecem<br />

concluir, mas, na reali<strong>da</strong>de, so concluem por<br />

causa de algum erro. Temos entiio os para-<br />

logismos, ou seja, raciocinios errados. 0s<br />

Elencos sofisticos ou Refutap5es sofisticas<br />

estu<strong>da</strong>m exatamente as refutaqoes (elencbos<br />

quer dizer "refutaqiio") sofisticas, ou seja,<br />

falazes. A refutaqio correta C um silogismo<br />

cuja conclusiio contradiz a conclusio do ad-<br />

versario. As refutaqoes dos Sofistas, ao con-<br />

trario (e, em geral, as suas argumentaq6es),<br />

eram tais que pareciam corretas, mas, na rea-<br />

li<strong>da</strong>de, nio o eram, valendo-se de uma sCrie<br />

de truques para enganar os inexperientes.<br />

Assim como Platiio, Aristoteles tinha a<br />

firme convicqio, em primeiro lugar, de que<br />

a retorica n5o tem a funqiio de ensinar e trei-<br />

nar acerca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de ou de valores parti-<br />

culares. Com efeito, essa funqio C propria<br />

<strong>da</strong> filosofia, por um lado, e <strong>da</strong>s ciincias e<br />

artes particulares, por outro. 0 objetivo <strong>da</strong><br />

retorica 6, ao contrario, o de "persuadir"<br />

ou, mais exatamente, o de descobrir quais<br />

sio os modos e meios para persuadir.<br />

A retorica, portanto, C uma espCcie de<br />

"metodologia do persuadir", uma arte que<br />

analisa e define os procedimentos com que<br />

o homem procura convencer os outros ho-<br />

mens e identifica suas estruturas fun<strong>da</strong>men-<br />

tais. Assim, sob o aspect0 formal, a retorica<br />

apresenta analogias com a logica, que estu-<br />

<strong>da</strong> as estruturas do pensar e do raciocinar e,<br />

particularmente, apresenta analogias com a<br />

parte <strong>da</strong> logica que Aristoteles chama de<br />

"dialitica". Efetivamente, como vimos, a

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