12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Capitdo terceiro - A S o f' ~stica<br />

IV. covvev\te natuvaIista<br />

<strong>da</strong> Sofistica<br />

A corrente naturalista <strong>da</strong> Sofistica contrapije a lei de natureza, que rehe todos<br />

os homens, a lei positiva (ou seja, aquela feita pelo homem), que ao inves os divide.<br />

Hipias e Antifonte foram os dois maiores representantes des-<br />

ta corrente <strong>da</strong> Sofistica, e chegaram, sobre estas bases, a formular ~e;<br />

de natureza<br />

urna forma de "cosmopolitismo" e "igualitarismo" entre os homens, e lei positiva<br />

baseados iustamente sobre a lei de natureza, coloca<strong>da</strong> acima <strong>da</strong> + 5 1-2<br />

lei positiv&<br />

E lugar-comum a afirmaqio segundo a<br />

qual os Sofistas teriam contraposto a "lei" a<br />

"natureza". Na reali<strong>da</strong>de, tal contraposicio<br />

nio existe nem em Protigoras, nem em G6r-<br />

gias, nem em Prodico, mas, ao contrario, apa-<br />

rece em Hipias de Eli<strong>da</strong> e em Antifonte, ati-<br />

vos pel0 fim do sic. V a.C.<br />

Hipias i conhecido por ter proposto<br />

urna forma de conhecimento enciclopidico e<br />

por ter ensinado a arte <strong>da</strong> memoria (mne-<br />

moticnica). Entre as matirias de ensino ele<br />

<strong>da</strong>va amplo espaqo a matematica e is ciin-<br />

cias <strong>da</strong> natureza, pois pensava que o conhe-<br />

cimento <strong>da</strong> natureza fosse indispensavel para<br />

a boa conduta na vi<strong>da</strong>, a qual deve seguir<br />

justamente as leis <strong>da</strong> natureza, mais que as<br />

leis humanas. A natureza une os homens,<br />

enquanto a lei frequentemente os divide. Por-<br />

tanto, desvaloriza-se a lei quando e a medi-<br />

<strong>da</strong> que se op6e a natureza.<br />

Nasce assim a distinqio entre um di-<br />

reito ou urna lei de natureza e um direito<br />

positivo, posto pelos homens. 0 primeiro C<br />

eternamente vilido, o segundo C contingen-<br />

te. Desse mod0 lanqam-se as premissas que<br />

levario a urna total dessacralizaqiio <strong>da</strong>s leis<br />

humanas, que serio considera<strong>da</strong>s fruto de<br />

arbitrio. Hipias, porCm, <strong>da</strong> distiqio opera-<br />

<strong>da</strong> tira mais consequincias positivas que<br />

negativas. Em particular, salienta como, so-<br />

bre a base <strong>da</strong> natureza (<strong>da</strong> lei de natureza),<br />

nio tim sentido as discriminaq6es <strong>da</strong>s leis<br />

positivas que dividem os ci<strong>da</strong>dios de urna<br />

ci<strong>da</strong>de dos ci<strong>da</strong>dios de outra, ou que divi-<br />

dem os ci<strong>da</strong>dios dentro <strong>da</strong> mesma ci<strong>da</strong>de.<br />

Nascia, assim, um ideal cosmopolita e igua-<br />

litario, que era novissimo para os gregos.<br />

81<br />

Antifonte radicaliza a antitese entre<br />

"natureza" e "lei", afirmando com termos<br />

eleaticos que a "natureza" C a "ver<strong>da</strong>de" e<br />

a "lei" positiva i a "opiniio", e que, por-<br />

tanto, urna esti quase sempre em antitese<br />

com a outra. Chega a dizer, por conseguin-<br />

te, que se deve seguir a lei de natureza e,<br />

quando isso puder ser feito impunemente,<br />

transgredir a lei dos homens.<br />

Tambim as concepc6es igualitirias<br />

e cosmopolitas ja presentes em Hipias sZo<br />

radicaliza<strong>da</strong>s por Antifonte, que chega a<br />

afirmar at6 a pari<strong>da</strong>de de todos os homens,<br />

sem distinqio de suas origens, "uma vez<br />

que por natureza somos todos absolu-<br />

tamente iguais, tanto gregos, como bar-<br />

baros".<br />

0 "iluminismo" sofistico, portanto,<br />

dissolveu niio so os velhos preconceitos de<br />

casta <strong>da</strong> aristocracia e o tradicional fe-<br />

chamento <strong>da</strong> pdlis, mas tambim o mais<br />

radical preconceito comum a todos os gre-<br />

gos a respeito <strong>da</strong> propria superiori<strong>da</strong>de<br />

sobre outros povos: ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dio de qual-<br />

quer ci<strong>da</strong>de C igual ao de outra, ca<strong>da</strong> ho-<br />

mem de qualquer classe i igual ao de ou-<br />

tra, ca<strong>da</strong> homem de qualquer pais C igual<br />

ao de outro, porque por natureza qualquer<br />

homem e' igual a qualquer outro homem.<br />

Infelizmente Antifonte nio chega a dizer<br />

em que consiste tal igual<strong>da</strong>de: no maximo,<br />

nos impele a dizer que todos somos iguais<br />

porque todos temos as mesmas necessi<strong>da</strong>-<br />

des naturais, todos respiramos com a boca,<br />

com as narinas etc. Mais urna vez precisa-<br />

mos esperar Socrates para urna solugZo do<br />

problema.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!