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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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92<br />

Terceira parte - $\ descoberta do hornern<br />

aquilo que e bem apenas na aparencia. Bastaria mostrar a quem erra a ver<strong>da</strong>de, e<br />

este corrigiria o proprio erro.<br />

Ain<strong>da</strong> do conceit0 de psyche deriva a descoberta socratica <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, en-<br />

tendi<strong>da</strong> como liber<strong>da</strong>de interior e, em liltima analise, como "autodominio". Uma<br />

vez que a alma e racional, ela alcanqa sua liber<strong>da</strong>de quando se livra de tudo o que e<br />

irrational, ou seja, <strong>da</strong>s paixdes e dos instintos. Dessa forma, o<br />

A liber<strong>da</strong>de homem se liberta o mais possivel <strong>da</strong>s coisas que pertencem ao<br />

+ § 5 mundo externo e que alimentam suas paixdes.<br />

Tambem a felici<strong>da</strong>de assume valencia espiritual e se realiza quando na alma<br />

prevalece a ordem. Tal ordem se realiza justamente mediante a virtude. Dessa<br />

forma, afirma-se o principio etico que a virtude e pr6mio para si<br />

mesma, e deve ser busca<strong>da</strong> por si mesma.<br />

A felici<strong>da</strong>de<br />

+§6<br />

Dessa forma, assume relevo consideravel o tema <strong>da</strong> "per-<br />

suas%o" e <strong>da</strong> educaq%o espiritual. Nas relaqdes com os outros a<br />

A ndo-viol@ncia violencia jamais vence: o ver<strong>da</strong>deiro vencer consiste em "con-<br />

497 vencer" (tema <strong>da</strong> n%o-violencia).<br />

Socrates tambem teve uma particular concepqao de Deus, deduzi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

constataq%o de que o mundo e o homem s%o constituidos de mod0 tal - isto e,<br />

segundo tal ordem e tal finali<strong>da</strong>de - que exige uma causa adequa<strong>da</strong>. Esta Causa e<br />

justamente Deus, entendido como inteligencia ordenadora e<br />

providiincia. Uma providiincia que, porem, n%o se ocupa do ho-<br />

A teologia mem individual, mas do homem em geral, fornecendo-lhe o que<br />

+ 8-9<br />

Ihe permite a sobreviv6ncia. To<strong>da</strong>via, enquanto Deus e bom,<br />

ocupa-se, ao menos indiretamente, tambem do homem bom,<br />

como acontece no caso especifico de Socrates com a voz divina (o <strong>da</strong>imonion) que<br />

Ihe indica algumas coisas a evitar.<br />

0 metodo usado por Socrates no seu ensinamento foi o do dialogo articulado<br />

em dois momentos: o irbnico-refutatorio e o mai6utico.<br />

Alem disso, seu metodo era montado sobre a figura do n%o-saber. Com efeito,<br />

ele n%o recorria a discursos de para<strong>da</strong> e a longos monologos, mas seguia com<br />

seus interlocutores um metodo de pergunta-resposta, apresentando-se como aquele<br />

que nSo sabe e pede para ser instruido, e - pelo fato de efetivamente afirmar<br />

que todo homem, em relaqso a Deus, e n%o-sapiente -, muito freqiientemente<br />

esta atitude era uma simulaq3o irbnica, para constranger o adversario a expor<br />

completamente suas teses.<br />

Socrates, representando o aluno, comeqava o dialogo com<br />

o metodo o interlocutor, apresentado na falsa parte do mestre, e conssocrdtico<br />

trangia este a definir de mod0 precis0 os termos de seu discur-<br />

+ 3 10-13 so e a escandir logicamente suas passagens. No mais <strong>da</strong>s vezes,<br />

o resultado era que o interlocutor se confundia e caia em incuraveis<br />

contradiqdes. E, de tal modo, atuava-se a "refutaqao", e o interlocutor obrigava-se<br />

a reconhecer os proprio erros.<br />

Neste ponto Socrates punha em aq%o a pars construens do seu ensinamento<br />

e, sempre mediante perguntas e respostas, conseguia fazer nascer a ver<strong>da</strong>de na<br />

alma do dialogante, quando esta dela estava gravi<strong>da</strong>. Notemos a express30: "fazer<br />

nascer"; como em grego a arte de fazer nascer propria <strong>da</strong> obstetra se diz<br />

"mai6utica", Socrates caracterizou justamente com tal nome este momento conclusivo<br />

de seu metodo.<br />

Nestas operaqdes dialogicas Socrates punha em ato uma serie de elementos<br />

Iogicos de primeira ordem, alguns dos quais constituiam ver<strong>da</strong>deiras e proprias

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