História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
oportunamente traduz o termo) opera ain-<br />
<strong>da</strong> em torno de elementos visivos (por exem-<br />
plo, as figuras traga<strong>da</strong>s nas demonstrag6es<br />
geomitricas) e de hipoteses. A ndesis C cap-<br />
tagiio pura <strong>da</strong>s IdCias e do principio supre-<br />
mo e absoluto do qual to<strong>da</strong>s dependem (isto<br />
6, a IdCia do Bem).<br />
A dialktica<br />
0s homens comuns se detim nos pri-<br />
meiros dois degraus <strong>da</strong> primeira forma de<br />
conhecimento, isto C, no plano <strong>da</strong> opiniiio;<br />
os matematicos sobem 2 dianoia; somente<br />
o filosofo tem acesso i ndesis e a cihcia<br />
suprema. O intelecto e a intelegiio, supera-<br />
<strong>da</strong>s as sensag6es e todos os elementos liga-<br />
dos ao sensivel, captam, corn um processo<br />
que i simultaneamente discursivo e intuiti-<br />
vo, as IdCias puras, juntamente com seus<br />
respectivos nexos positives e negativos, isto<br />
6, com to<strong>da</strong>s as suas ligag6es de implicag50<br />
e de exclusiio, ascendendo de IdCia a IdCia<br />
at6 a captagio <strong>da</strong> Idiia suprema, ou seja,<br />
do Incondicionado. Esse processo, pelo qual<br />
o intelecto passa de IdCia para IdCia, consti-<br />
tui a "dialCtican, de mod0 que o filosofo 6 o<br />
"dialCtico".<br />
Por conseguinte, existe urna dialitica<br />
ascendente que, liberta dos sentidos e do sen-<br />
sivel, conduz hs Idiias e, posteriormente, as-<br />
cendendo de Id&a a IdCia, alcanga a Idiia<br />
suprema.<br />
Por outro lado, existe tambCm urna<br />
dialCtica descendente que, percorrendo o ca-<br />
minho inverso, parte <strong>da</strong> Id6ia suprema ou<br />
de Idiias gerais e, por um processo de divi-<br />
s5o (procedimento diairktico), isto C, median-<br />
te a distingiio progressiva <strong>da</strong>s IdCias parti-<br />
culares conti<strong>da</strong>s nas IdCias gerais, consegue<br />
estabelecer a posigiio que determina<strong>da</strong> IdCia<br />
ocupa na estrutura hierarquica do mundo<br />
<strong>da</strong>s idCias. (Esse aspecto <strong>da</strong> dialCtica C am-<br />
plamente ilustrado nos dialogos <strong>da</strong> filtima<br />
fase).<br />
Concluindo, podemos dizer que a dia-<br />
lCtica consiste na captagiio, basea<strong>da</strong> na in-<br />
tuigiio intelectual, do mundo ideal, <strong>da</strong> sua<br />
estrutura e do lugar que ca<strong>da</strong> IdCia ocupa<br />
em relagio as outras IdCias nessa estrutura.<br />
E nisso esta a "ver<strong>da</strong>de".<br />
Como C evidente, o novo significado<br />
de "dialCtican resulta inteiramente <strong>da</strong>s aqui-<br />
sig6es <strong>da</strong> "segun<strong>da</strong> navegagiio".<br />
avte como disfanciamento<br />
do vev<strong>da</strong>deivo<br />
A problematica plat6nica <strong>da</strong> arte deve<br />
ser encara<strong>da</strong> em estreita conexiio com a<br />
tematica metafisica e dialitica. Na ver<strong>da</strong>de.<br />
ao determinar a essincia, a fung5o e o valor<br />
<strong>da</strong> arte, Platio se preocupa apenas em estabelecer<br />
o seu valor de ver<strong>da</strong>de. E sua resposta,<br />
como se sabe, C profun<strong>da</strong>mente negativa:<br />
a arte n5o revela, mas esconde o<br />
ver<strong>da</strong>deiro, porquanto n5o constitui urna<br />
forma de conhecimento nem melhora o homem,<br />
mas o corrompe, porque t mentirosa;<br />
niio educa o homem, mas o deseduca, porque<br />
se volta para as facul<strong>da</strong>des irracionais<br />
<strong>da</strong> alma que constituem as partes inferiores<br />
de nos mesmos.<br />
Ja em seus primeiros escritos Platiio<br />
assume atitude negativa diante <strong>da</strong> poesia,<br />
considerando-a decidi<strong>da</strong>mente inferior ii filosofia.<br />
0 poeta nio C poeta pela cizncia e<br />
pel0 conhecimento, mas por intuigio irracional.<br />
Quando compoe, o poeta se encontra<br />
"fora de sin. C "invadido". achando-se<br />
portanto em situagiio de inconsciincia: ignora<br />
a raziio do que faz e n50 sabe ensinar<br />
a outros o que faz. 0 poeta C poeta por "destino<br />
divino", n5o por virtude deriva<strong>da</strong> do<br />
conhecimento.<br />
Mais precisas e determina<strong>da</strong>s s5o as<br />
concepg6es de arte expressas por Plat50 no<br />
livro dicimo <strong>da</strong> Repziblica. Em to<strong>da</strong>s as suas<br />
expressoes (poesia, arte pictorica e plastica),<br />
a arte constitui, do ponto de vista ontologico,<br />
urna "mimese", urna "imitagio"<br />
de reali<strong>da</strong>des sensiveis (homens, coisas, fatos<br />
e acontecimento diversos). Ora. sabemos<br />
que as coisas sensiveis reprksentim, sob o<br />
aspecto ontologico, urna "imagem" do eterno<br />
"paradigma" <strong>da</strong> Idiia e, por isso, se afastam<br />
do ver<strong>da</strong>deiro a medi<strong>da</strong> que a copia<br />
dista do original. Se a arte, por sua vez, C<br />
imitagrio <strong>da</strong>s coisas sensiveis, conseqiientemente<br />
seri "imitagiio de imitag50n, c6pia<br />
que reproduz copia e, por conseguinte,<br />
permaneceri "tris vezes distante <strong>da</strong><br />
ver<strong>da</strong>de" .<br />
A arte figurativa, portanto, imita a sim-<br />
~les aparincia. Assim, os poetas falam sem<br />
saber e sem conhecer aquilo de que falam.<br />
E o seu falar, do ponto de vista <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de,<br />
i um jogo, urna brincadeira. Conseqiientemente,<br />
Platiio esti convict0 de que a arte<br />
n5o se dirige B parte melhor, mas sim i. parte<br />
menos nobre de nossa alma.