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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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mentais: o frio e o calor. Originalmente de na-<br />

tureza liqui<strong>da</strong>, o frio teria sido em parte trans-<br />

formado pelo fogo-calor, que formava a es-<br />

fera perifirica, no ar. A esfera do fogo ter-se-ia<br />

dividido em trgs, originando a esfera do sol,<br />

a esfera <strong>da</strong> lua e a esfera dos astros. O ele-<br />

mento liquido ter-se-ia recolhido nas cavi-<br />

<strong>da</strong>des <strong>da</strong> terra, constituindo os mares.<br />

Imagina<strong>da</strong> como tendo forma cilindri-<br />

ca, a terra "permanece suspensa sem ser<br />

sustenta<strong>da</strong> por na<strong>da</strong>, mas continua firme por<br />

causa <strong>da</strong> igual distincia de to<strong>da</strong>s as partes",<br />

ou seja, por uma espCcie de equilibrio de<br />

forqas. Sob a aq2o do sol, devem ter nasci-<br />

do do elemento liquido os primeiros ani-<br />

mais, de estrutura elementar, dos quais,<br />

pouco a pouco, ter-se-iam desenvolvido os<br />

animais mais complexos.<br />

O leitor superficial se enganaria caso<br />

sorrisse disso, considerando pueril tal visiio,<br />

pois, como os estudiosos j i salientaram ha<br />

muito tempo, ela C fortemente antecessora.<br />

Basta pensar, por exemplo, na arguta re-<br />

presentaqiio <strong>da</strong> terra que n2o necessita de<br />

sustentagio material (ja para Tales ela "flu-<br />

tuava", ou seja, apoiava-se na agua), susten-<br />

tando-se por um equilibrio de forqas. AlCm<br />

disso, note-se tambCm a "moderni<strong>da</strong>de" <strong>da</strong><br />

idCia de que a origem <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> tenha ocor-<br />

rid0 com animais aquaticos e, em conse-<br />

qiigncia, o brilhantismo <strong>da</strong> idCia de evolu-<br />

$20 <strong>da</strong>s espicies vivas (embora concebi<strong>da</strong><br />

de mod0 extremamente primitivo). Isso C su-<br />

ficiente para mostrar todo o caminho iii per-<br />

corridoLpelo logos avanqado para akri do<br />

mito. 14<br />

TambCm em Mileto floresceu Anaximenes,<br />

discipulo de Anaximandro, no<br />

sic. VI a.C., de cujo escrito Sobre a natureza,<br />

em sobria prosa jijnica, chegaram-nos<br />

Capitdo segundo - Os "/Waturalistas" OL( fi16sofos <strong>da</strong> ''physi~"<br />

trcs fragmentos, alCm de testemunhos indiretos.<br />

Anaximenes pensa que o "principio"<br />

deva ser infinito, sim, mas que deva ser pensado<br />

como ar infinito, substincia aCrea ilimita<strong>da</strong>.<br />

Escreve ele: "Exatamente como a<br />

nossa alma (ou seja, o principio que dii a<br />

vi<strong>da</strong>), que C ar, se sustenta e se governa, assim<br />

tambCm o sopro e o ar abarcam o cosmo<br />

inteiro." E o motivo pel0 qua1 Anaximenes<br />

concebe o ar como "o divino" C agora claro<br />

com base no que j i dissemos sobre os dois<br />

fil6sofos anteriores de Mileto.<br />

Resta a esclarecer, no entanto, a raziio<br />

pela qua1 Anaximenes escolheu o ar como<br />

"principio". E evidente que ele sentia necessi<strong>da</strong>de<br />

de introduzir uma reali<strong>da</strong>de origin&<br />

ria que dela permitisse deduzir to<strong>da</strong>s as coisas,<br />

de modo mais ldgico e mais racional do<br />

que fizera Anaximandro. Com efeito, por sua<br />

natureza de grande mobili<strong>da</strong>de, o ar se presta<br />

muito bem (hem mais do que o infinito<br />

de Anaximandro) para ser concebido como<br />

em perene movimento. AlCm disso, o ar se<br />

presta melhor do que qualquer outro elemento<br />

2s variag6es e transformaq6es necessarias<br />

para fazer nascer as diversas coisas. Ao se<br />

condensar, resfria-se e se torna agua e, depois,<br />

terra; ao se distender (ou seja, rarefazendo-se)<br />

e dilatar, esquenta e torna-se fogo.<br />

A varia~20 de tens50 <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de originaria<br />

<strong>da</strong>, portanto, origem a to<strong>da</strong>s as coisas.<br />

Em certo sentido, Anaximenes representa<br />

a express20 mais rigorosa e mais logica<br />

do pensamento <strong>da</strong> Escola de Mileto, porque,<br />

com o process0 de "condensaqiio" e<br />

"rarefagio", ele introduz a causa dinimica<br />

<strong>da</strong> qua1 Tales ain<strong>da</strong> niio havia falado e que<br />

Anaximandro determinara apenas inspirando-se<br />

em concepq6es orficas. Anaximenes<br />

fornece, portanto, uma causa em perfeita<br />

harmonia com o "principio".<br />

Compreendemos, portanto, por que os<br />

pensadores posteriores se refiram a Anaximenes<br />

como a express20 paradigmitica e<br />

o modelo do pensamento j6nico.<br />

- El

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