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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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Capitdo sexto - Plat60 e a Academia antiga<br />

Plat50 sintetizou o prdprio pensamento nas suas multiplas dimensaes no<br />

cc3lebre "mito <strong>da</strong> caverna", que se pode interpretar ao menos em quatro nlveis:<br />

1) em nivel ontoligico, segundo o qua1 aquilo que esta<br />

dentro <strong>da</strong> caverna seria o mundo material e aquilo que estd<br />

fora o mundo supra-sensivel; <strong>da</strong> caverna<br />

2) em nivel gnosioldgico, segundo o qua1 o interior <strong>da</strong> ca- ,§ 1-2<br />

verna representaria o conhecimento sensivel (opiniao) e o exte-<br />

rior <strong>da</strong> caverna o conhecimento <strong>da</strong>s Idc3ias;<br />

3) em nivelmritico-teoldgico, segundo o quai o interior e o exterior represen-<br />

tariam respectivamente a esfera mun<strong>da</strong>na material e a espiritual;<br />

4) em nivel politico, porque implica um retorno & caverna de quem tinha<br />

conquistado sua liber<strong>da</strong>de, por soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de com os companheiros ain<strong>da</strong> prisio-<br />

neiros, e com a finali<strong>da</strong>de de difundir a ver<strong>da</strong>de,<br />

0 "mito <strong>da</strong> caverna"<br />

No centro <strong>da</strong> Republics encontramos<br />

um cilebre mito, chamado "<strong>da</strong> caverna". 0<br />

mito foi interpretado sucessivamente como<br />

expediente utilizado por Plat20 para simbo-<br />

lizar a metafisica, a gnosiologia, a dialitica e<br />

at6 mesmo a itica e a mistica plat6nicas. E o<br />

mito que expressa Plat20 na sua totali<strong>da</strong>de<br />

- e com ele, portanto, pretendemos concluir.<br />

Imaginemos homens que vivem numa<br />

caverna, cuja entra<strong>da</strong> se abre para a luz em<br />

to<strong>da</strong> a sua largura, com amplo sagu2o de<br />

acesso. Imaginemos que os habitantes des-<br />

sa caverna tenham as pernas e o pescoqo<br />

amarrados de tal mod0 que n2o possam<br />

mu<strong>da</strong>r de posiq2o e tenham de olhar apenas<br />

para o fundo <strong>da</strong> caverna. Imaginemos ain-<br />

<strong>da</strong> que, imediatamente fora <strong>da</strong> caverna, exis-<br />

ta um pequeno muro <strong>da</strong> altura de um ho-<br />

mem e que, por tris desse muro e, portanto,<br />

inteiramente escondidos por ele, se movam<br />

homens carregando sobre os ombros esta-<br />

tuas trabalha<strong>da</strong>s em pedra e em madeira,<br />

representando os mais diversos tipos de coi-<br />

sas. Imaginemos tambim que, por tras des-<br />

ses homens, esteja acesa uma grande foguei-<br />

ra e que, no alto, brilhe o sol. Finalmente,<br />

imaginemos que a caverna produza eco e<br />

que os homens que passam por tras do muro<br />

estejam falando de mod0 que suas vozes<br />

ecoem no fundo <strong>da</strong> caverna.<br />

Se isso acontecesse, os prisioneiros <strong>da</strong><br />

caverna na<strong>da</strong> poderiam ver alim <strong>da</strong>s som-<br />

bras <strong>da</strong>s pequenas estatuas projeta<strong>da</strong>s no<br />

fundo <strong>da</strong> caverna e ouviriam apenas o eco<br />

<strong>da</strong>s vozes. Entretanto, acreditariam, por nun-<br />

ca terem visto coisa diferente, que aquelas<br />

sombras eram a unica e ver<strong>da</strong>deira reali<strong>da</strong>-<br />

de e que o eco <strong>da</strong>s vozes representasse as<br />

vozes emiti<strong>da</strong>s por aquelas sombras. Supo-<br />

nhamos, agora, que um <strong>da</strong>queles prisionei-<br />

ros consiga desvencilhar-se dos grilh6es<br />

que o aprisionam. Com dificul<strong>da</strong>de, ele se<br />

habituaria 5 nova viszo que lhe apareceria.<br />

Habituando-se, porim, veria as estatuetas<br />

se moverem por sobre o muro e compreen-<br />

deria que elas s2o muito mais ver<strong>da</strong>deiras<br />

do que as coisas que antes via e que agora<br />

lhe parecem sombras. Suponhamos que al-<br />

guim traga nosso prisioneiro para fora <strong>da</strong><br />

caverna e do outro lado do muro. Pois bem,<br />

primeiramente ele ficaria ofuscado pel0 ex-<br />

cesso de luz; depois, habituando-se, veria as<br />

coisas em si mesmas; por dtimo veria, ini-<br />

cialmente de forma reflexa e posteriormen-<br />

te em si mesma, a propria luz do sol. Com-<br />

preenderia, ent20, que estas e somente estas<br />

s2o as reali<strong>da</strong>des ver<strong>da</strong>deiras e que o sol C a<br />

causa de to<strong>da</strong>s as outras coisas visiveis.<br />

do mifo <strong>da</strong> caverna<br />

0 que simboliza o mito?<br />

1) Antes de tudo, o mito <strong>da</strong> caverna<br />

traduz os diversos graus em que ontologi-<br />

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