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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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Quarta parte - Pla+ao<br />

alma C ou n5o imortal; a virtude tem seu<br />

prtmio em si mesma e o vicio tem o castigo<br />

em si mesmo.<br />

Para Platio, ao contrario, o problema<br />

<strong>da</strong> imortali<strong>da</strong>de se torna essencial: se, com<br />

a morte, o homem se dissolvesse totalmente<br />

no na<strong>da</strong>, a doutrina de Socrates nio seria<br />

suficiente para refutar os que negam a exis-<br />

tencia de todo e qualquer principio moral<br />

(por exemplo, os Sofistas-politicos, cujo<br />

exemplo paradigmitico C Calicles, persona-<br />

gem do Gdrgias). AlCm do mais, a desco-<br />

berta <strong>da</strong> metafisica e a aceitaqio do nucleo<br />

essencial <strong>da</strong> mensagem 6rfica impunham a<br />

quest50 <strong>da</strong> imortali<strong>da</strong>de como fun<strong>da</strong>mental.<br />

Compreende-se, portanto, que Platio tenha<br />

retornado varias vezes ao assunto: inicial-<br />

mente, de forma breve, no MBnon; posterior-<br />

mente, com trts argumentos solidos e tra-<br />

balhados, no Fe'don; por fim, com provas<br />

complementares de apoio, na Repziblica e<br />

no Fedro.<br />

Pode-se resumir brevemente a prova<br />

central do Fe'don <strong>da</strong> seguinte forma: a alma<br />

humana, sustenta Platzo, (de acordo com<br />

tudo o que vimos anteriormente) C capaz de<br />

conhecer as reali<strong>da</strong>des imutiveis e eternas.<br />

Ora, para poder conhecer tais reali<strong>da</strong>des ela<br />

deve possuir, necessariamente uma nature-<br />

za afim com elas. Caso contririo, essas rea-<br />

li<strong>da</strong>des ultrapassariam as capaci<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />

alma. Conseqiientemente, como sio imuta-<br />

veis e eternas, a alma tambtm tem de ser<br />

eterna e imutivel.<br />

No Timeu, Plat50 precisa que as almas<br />

sio gera<strong>da</strong>s pel0 Demiurgo, com a mesma<br />

substiincia de que 6 feita a alma do mundo<br />

(composts de "essincia", de "identi<strong>da</strong>de" e<br />

de "diversi<strong>da</strong>de"). Elas, portanto, nasce-<br />

riam, mas, por determinaqio divina, nio es-<br />

t5o sujeitas morte, como nio esti sujeito<br />

a morte tudo o que C produzido diretamen-<br />

te pel0 Demiurgo.<br />

Das varias provas apresenta<strong>da</strong>s por<br />

Plat50, um ponto C certo: a existencia e a<br />

imortali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> alma so ttm sentido caso<br />

se admita a existtncia do ser metaempirico.<br />

A alma constitui a dimens50 inteligivel e<br />

metaempirica e, por isso mesmo, incor-<br />

ruptivel, do homem. Com Platio, o homem<br />

se descobre como ser de duas dimensoes. E<br />

essa aquisiqio se mostrara irreversivel, por-<br />

que mesmo aqueles que negario a dimen-<br />

sio suprafisica, atribuiriio a dimens50 fisi-<br />

ca um significado totalmente diferente do<br />

significado que ela possuia quando o supra-<br />

sensivel era ignorado.<br />

Para que se tenha idtia precisa sobre o<br />

destino <strong>da</strong>s almas ap6s a morte, C impor-<br />

tante, em primeiro lugar, esclarecer a con-<br />

cepqao plathica <strong>da</strong> "metempsicose". Como<br />

sabemos, a metempsicose C a doutrina que<br />

ensina a transmigraqio <strong>da</strong> alma em virios<br />

corpos e, por conseguinte, prop6e o "renas-<br />

cimento" <strong>da</strong> alma em diferentes formas de<br />

seres vivos. Platio retoma essa doutrina do<br />

Orfismo, mas a amplia de varias maneiras,<br />

apresentando-a fun<strong>da</strong>mentalmente de duas<br />

formas complementares.<br />

A primeira forma aparece de mod0 mais<br />

detalhado no Fe'don; afirma que as almas<br />

que viveram uma vi<strong>da</strong> excessivamente liga-<br />

<strong>da</strong> ao corpo, as paix6es, ao amor e aos pra-<br />

zeres dele derivados, n5o conseguem, com<br />

a morte, separar-se inteiramente do que C<br />

corporeo, pois o corporeo se lhes tornou co-<br />

natural. Durante certo tempo, com medo do<br />

Hades, essas almas vagam junto aos sepul-<br />

cros, como fantasmas, atC que, atrai<strong>da</strong>s pel0<br />

desejo do corporeo, ligam-se novamente a<br />

corpos, n5o apenas de homens mas tambCm<br />

de animais, de acordo com o nivel de per-<br />

feiqao moral por elas alcanqado na vi<strong>da</strong> an-<br />

terior. Ja as almas que tiverem vivido na<br />

pritica <strong>da</strong> virtude, n5o <strong>da</strong> virtude filosofi-<br />

ca, mas <strong>da</strong> comum, encarnar-se-50 em ani-<br />

mais mansos e sociaveis ou at6 mesmo em<br />

homens honestos.<br />

To<strong>da</strong>via, Plat50 assegura: "A estirpe<br />

dos deuses, entretanto, nio C permitido che-<br />

gar a quem n5o tenha cultivado a filosofia e<br />

niio se tenha desligado do corpo em situa-<br />

q5o de total pureza, pois concede-se essa<br />

permiss50 apenas iquele que foi amante do<br />

saber. "<br />

Na Repziblica Plat50 menciona um se-<br />

gundo tip0 de reencarnaqio, notavelmente<br />

diferente do exposto acirna. 0 numero de<br />

almas C limitado. Assim sendo, se to<strong>da</strong>s fos-<br />

sem contempla<strong>da</strong>s no alCm com um primio<br />

ou com um castigo eternos, chegaria um<br />

momento em que nenhuma alma restaria<br />

sobre a terra. Por essa evidente razio, Plat50<br />

considera que tanto o prtmio como o casti-<br />

go ultraterrenos pela vi<strong>da</strong> transcorri<strong>da</strong> so-<br />

bre a terra devem possuir duraqio limita<strong>da</strong><br />

e termo fixo. Considerando que uma vi<strong>da</strong><br />

terrena dura no maximo cem anos, Platio,

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