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História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

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lado, salvava o ser, mas nio os fen6menos.<br />

E isso ficari ain<strong>da</strong> mais claro nas posterio-<br />

res dedugoes dos discipulos.<br />

Zen60<br />

e o nascimento <strong>da</strong> dialktica<br />

Zen60 e a defesa dialktica<br />

de Parm&nides<br />

As teorias de Parminides devem ter<br />

causado grande espanto e suscitado vivas<br />

polimicas. Mas como, partindo do principio<br />

ja exposto, as conseqiiincias se impoem<br />

necessariamente e, portanto, suas teorias se<br />

tornam irrefutiveis, os adversarios preferem<br />

adotar outro caminho. isto 6, mostrar no concreto,<br />

com exemplos bem evidentes, que o<br />

movimento e a multiplici<strong>da</strong>de s5o inegaveis.<br />

Quem procurou responder a essas tentativas<br />

foi Zen50, nascido em ElCia entre o<br />

fim do stc. VI e o principio do sic. V a.C.<br />

Zenio foi homem de natureza singular, tanto<br />

na doutrina como na vi<strong>da</strong>. Lutando pela liber<strong>da</strong>de<br />

contra um tirano, foi aprisionado.<br />

Submetido i tortura para confessar os nomes<br />

dos companheiros com os quais tramara<br />

o compl6, cortou a lingua com os proprios<br />

dentes e a cuspiu na face do tirano. Ji uma<br />

variante <strong>da</strong> tradig5o diz que ele denunciou<br />

os mais fiCis partidhrios do tirano e, desse<br />

modo, fez com que fossem eliminados pela<br />

propria m2o do tirano que, assim, se autoisolou<br />

e se autoderrotou. Essa narrag5o reflete<br />

maravilhosamente o ~rocedimento dialCtic0<br />

que Zen20 seguiu na filosofia. De seu<br />

livro so nos chegaram alguns fragmentos e<br />

testemunhos.<br />

Zenso, portanto, enfrentou de peito<br />

aberto as refutaqoes dos adversirios e as<br />

tentativas de ridicularizar Parminides. 0<br />

procedimento que adotou consistiu em fazer<br />

ver que as conseqiiincias deriva<strong>da</strong>s dos<br />

argumentos apresentados para refutar Parminides<br />

eram ain<strong>da</strong> mais contraditorias e<br />

ridiculas do que as teses que pretendiam refutar.<br />

Ou seja, Zen50 descobriu a refutagio<br />

<strong>da</strong> refutagio, isto C, a demonstragio por absurd~.<br />

Mostrando o absurd0 em que caiam<br />

as teses opostas ao Eleatismo, estava defendendo<br />

o proprio Eleatismo. Desse modo,<br />

Zenio fundou o mttodo <strong>da</strong> dialitica, usando-o<br />

com tal habili<strong>da</strong>de que maravilhou os<br />

antigos.<br />

Seus argumentos mais conhecidos s5o<br />

os que refutam o movimento e a multipli-<br />

ci<strong>da</strong>de. Comecemos pelos primeiros.<br />

0s argumentos de Zen60<br />

contra o movimento<br />

Pretende-se (contra Parminides) que,<br />

rnovendo-se de urn ponto de parti<strong>da</strong>, urn<br />

corpo possa alcanqar a meta estabeleci<strong>da</strong>.<br />

No entanto, isso nio C possivel. Com efei-<br />

to, antes de alcanqar a meta, tal corpo deve-<br />

ria percorrer a metade do caminho que deve<br />

percorrer e, antes disso, a metade <strong>da</strong> meta-<br />

de e, antes, a metade <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> metade,<br />

e assim por diante, ao infinito (a metade <strong>da</strong><br />

metade <strong>da</strong> metade ... nunca chega ao zero).<br />

Esse C o primeiro argumento, chama-<br />

do "<strong>da</strong> dicotomia". NZo menos famoso C o<br />

"de Aquiles", o qual demonstra que Aquiles,<br />

conhecido por ser "o pC veloz", nunca po-<br />

derii alcangar a tartaruga, conheci<strong>da</strong> por ser<br />

muito lenta. Com efeito, caso se admitisse o<br />

oposto, se apresentariam as mesmas dificul-<br />

<strong>da</strong>des vistas no argumento anterior.<br />

Um terceiro argumento, chamado "<strong>da</strong><br />

flecha", demonstrava que uma flecha lan-<br />

qa<strong>da</strong> do arco, que a opiniio comum cri es-<br />

tar em movimento, na reali<strong>da</strong>de esta para-<br />

<strong>da</strong>. Com efeito, em ca<strong>da</strong> um dos instantes<br />

em que o tempo de v60 C divisivel, a flecha<br />

ocupa um espago idintico; mas aquilo que<br />

ocupa um espaqo idintico esti em repouso;<br />

entio, se a flecha esti em repouso em ca<strong>da</strong><br />

um dos instantes, deve estar tambCm na to-<br />

tali<strong>da</strong>de (na soma) de todos os instantes.<br />

Um quarto argumento tendia a de-<br />

monstrar que a veloci<strong>da</strong>de, considera<strong>da</strong> co-<br />

mo uma <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des essenciais do<br />

movimento, n5o C algo objetivo, mas sim<br />

relative, e que, portanto, o movimento do<br />

qual C proprie<strong>da</strong>de essencial tambCm 6 rela-<br />

tivo e n5o objetivo.<br />

0s argumentos de Zenbo<br />

contra ca ~ulti~lici<strong>da</strong>de<br />

N5o menos famosos foram seus argu-<br />

mentos contra a multiplici<strong>da</strong>de, que leva-<br />

ram ao primeiro plano a dupla de conceitos<br />

multiplos, que em Parminides estava mais<br />

implicita do que explicita. Na maior parte<br />

dos casos, esses argumentos procuravam de-<br />

monstrar que, para haver multiplici<strong>da</strong>de,<br />

deveria haver muitas unidudes (<strong>da</strong>do que a

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