12.05.2013 Views

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

292<br />

Sexta parte - A s escolas filosbfic~s <strong>da</strong> em helenisiica<br />

r2ncia: o ver<strong>da</strong>deiro homem livre C o sabio,<br />

o ver<strong>da</strong>deiro escravo 6 o tolo.<br />

Dessa forma, os pressupostos <strong>da</strong> poli-<br />

tics aristotklica s5o completamente quebra-<br />

dos: pel0 menos no plano do pensamento,<br />

o logos restabeleceu a igual<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong>men-<br />

tal e estrutural entre os homens.<br />

A concep@o est6ica<br />

<strong>da</strong> "apatia"<br />

Um ultimo ponto a considerar: a cCle-<br />

bre doutrina <strong>da</strong> "apatia". As paixdes, <strong>da</strong>s<br />

quais depende a infelici<strong>da</strong>de do homem, siio,<br />

para os Estoicos, erros <strong>da</strong> raziio ou, de qual-<br />

quer modo, conseqiihcias deles. Enquanto<br />

tais, ou seja, enquanto erros do logos, C cla-<br />

ro que nao tem sentido, para os Estoicos,<br />

"moderar" ou "circunscrever" as paix6es:<br />

como ja dizia Zenso, elas devem ser des-<br />

trui<strong>da</strong>s, extirpa<strong>da</strong>s e erradica<strong>da</strong>s totalmen-<br />

te. Cui<strong>da</strong>ndo do seu logos e fazendo-o ser o<br />

mais possivel reto, o sabio n2o deixarii se-<br />

quer nascerem as paixdes em seu coraqiio,<br />

ou as aniquilara ao nascerem. Essa C a cCle-<br />

bre "apatia" estoica, ou seja, o tolhimento<br />

e a aussncia de to<strong>da</strong> paixiio, que C sempre e<br />

s6 perturbaqao do espirito. A felici<strong>da</strong>de, pois,<br />

e' apatia, impassibili<strong>da</strong>de.<br />

A apatia que envolve o est6ico C ex-<br />

trema, acabando por se tornar ver<strong>da</strong>deira-<br />

mente enregelante e at6 desumana. Com<br />

efeito, considerando que pie<strong>da</strong>de, compai-<br />

x5o e misericordia s5o paixdes, o Est6ico<br />

deve extirpa-las de si, como se 1t neste tes-<br />

temunho: "A miseric6rdia C parte dos de-<br />

feitos e vicios <strong>da</strong> alma: misericordioso C o<br />

homem estulto e leviano. (...) 0 sabio nio<br />

se comove em favor de quem quer que seja;<br />

n5o condena ninguCm por uma culpa co-<br />

meti<strong>da</strong>. Niio C proprio do homem forte dei-<br />

xar-se vencer pelas imprecaq6es e afastar-<br />

se <strong>da</strong> justa severi<strong>da</strong>de."<br />

A aju<strong>da</strong> que o est6ico <strong>da</strong>ri aos outros<br />

homens n3o podera, assim, revestir-se de<br />

compaixao, mas sera assiptica, longe de<br />

qualquer "simpatia" humana, exatamente<br />

como o frio logos esta distante do calor do<br />

sentimento. Assim, o sabio mover-se-a en-<br />

tre os seus semelhantes em atitude de total<br />

distanciamento, seja quando fizer politica,<br />

seja quando se casar, seja quando cui<strong>da</strong>r dos<br />

filhos, seja quando contrair amizades, aca-<br />

bando assim por tornar-se estranho a pro-<br />

pria vi<strong>da</strong>; com efeito, o estbico n5o C um<br />

entusiasta <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, nem um amante dela,<br />

como o epicurista.<br />

Enquanto Epicuro apreciava at6 os ul-<br />

timos instantes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e os gozava, feliz,<br />

embora entre os tormentos <strong>da</strong> doenqa, Ze-<br />

nao, numa atitude paradigmatica, apos uma<br />

que<strong>da</strong> na qual divisou um sinal do Destino,<br />

atirou-se, quase feliz por terminar a vi<strong>da</strong>,<br />

aos braqos <strong>da</strong> morte, gritando: "Venho, por<br />

que me chamas?" Om

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!