História da Filosofia – Volume 1 - Charlezine
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Sexta parte - A s escolas filosbfic~s <strong>da</strong> em helenisiica<br />
r2ncia: o ver<strong>da</strong>deiro homem livre C o sabio,<br />
o ver<strong>da</strong>deiro escravo 6 o tolo.<br />
Dessa forma, os pressupostos <strong>da</strong> poli-<br />
tics aristotklica s5o completamente quebra-<br />
dos: pel0 menos no plano do pensamento,<br />
o logos restabeleceu a igual<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong>men-<br />
tal e estrutural entre os homens.<br />
A concep@o est6ica<br />
<strong>da</strong> "apatia"<br />
Um ultimo ponto a considerar: a cCle-<br />
bre doutrina <strong>da</strong> "apatia". As paixdes, <strong>da</strong>s<br />
quais depende a infelici<strong>da</strong>de do homem, siio,<br />
para os Estoicos, erros <strong>da</strong> raziio ou, de qual-<br />
quer modo, conseqiihcias deles. Enquanto<br />
tais, ou seja, enquanto erros do logos, C cla-<br />
ro que nao tem sentido, para os Estoicos,<br />
"moderar" ou "circunscrever" as paix6es:<br />
como ja dizia Zenso, elas devem ser des-<br />
trui<strong>da</strong>s, extirpa<strong>da</strong>s e erradica<strong>da</strong>s totalmen-<br />
te. Cui<strong>da</strong>ndo do seu logos e fazendo-o ser o<br />
mais possivel reto, o sabio n2o deixarii se-<br />
quer nascerem as paixdes em seu coraqiio,<br />
ou as aniquilara ao nascerem. Essa C a cCle-<br />
bre "apatia" estoica, ou seja, o tolhimento<br />
e a aussncia de to<strong>da</strong> paixiio, que C sempre e<br />
s6 perturbaqao do espirito. A felici<strong>da</strong>de, pois,<br />
e' apatia, impassibili<strong>da</strong>de.<br />
A apatia que envolve o est6ico C ex-<br />
trema, acabando por se tornar ver<strong>da</strong>deira-<br />
mente enregelante e at6 desumana. Com<br />
efeito, considerando que pie<strong>da</strong>de, compai-<br />
x5o e misericordia s5o paixdes, o Est6ico<br />
deve extirpa-las de si, como se 1t neste tes-<br />
temunho: "A miseric6rdia C parte dos de-<br />
feitos e vicios <strong>da</strong> alma: misericordioso C o<br />
homem estulto e leviano. (...) 0 sabio nio<br />
se comove em favor de quem quer que seja;<br />
n5o condena ninguCm por uma culpa co-<br />
meti<strong>da</strong>. Niio C proprio do homem forte dei-<br />
xar-se vencer pelas imprecaq6es e afastar-<br />
se <strong>da</strong> justa severi<strong>da</strong>de."<br />
A aju<strong>da</strong> que o est6ico <strong>da</strong>ri aos outros<br />
homens n3o podera, assim, revestir-se de<br />
compaixao, mas sera assiptica, longe de<br />
qualquer "simpatia" humana, exatamente<br />
como o frio logos esta distante do calor do<br />
sentimento. Assim, o sabio mover-se-a en-<br />
tre os seus semelhantes em atitude de total<br />
distanciamento, seja quando fizer politica,<br />
seja quando se casar, seja quando cui<strong>da</strong>r dos<br />
filhos, seja quando contrair amizades, aca-<br />
bando assim por tornar-se estranho a pro-<br />
pria vi<strong>da</strong>; com efeito, o estbico n5o C um<br />
entusiasta <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, nem um amante dela,<br />
como o epicurista.<br />
Enquanto Epicuro apreciava at6 os ul-<br />
timos instantes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e os gozava, feliz,<br />
embora entre os tormentos <strong>da</strong> doenqa, Ze-<br />
nao, numa atitude paradigmatica, apos uma<br />
que<strong>da</strong> na qual divisou um sinal do Destino,<br />
atirou-se, quase feliz por terminar a vi<strong>da</strong>,<br />
aos braqos <strong>da</strong> morte, gritando: "Venho, por<br />
que me chamas?" Om